Foto: Divulgação
Noite de autógrafos foi realizada no Solar dos Mellos, nesta quinta-feira
Noventa histórias sobre Macaé e seus moradores, ocorridas nas décadas de 50 e de 60, são contadas no livro “Farol Velho, 1956 – Estórias Saborosas de Macaé”. A noite de autógrafos reuniu 50 pessoas no auditório Washington Luis, no Solar dos Mellos, desta quinta-feira (22).
O autor dessa obra, o médico Lenine Sérgio de Moura, 66, escreveu na contracapa do livro que não se pode conter o avanço do progresso. “O espaço físico sofre mudanças drásticas. A Princesa do Atlântico (forma como Macaé era retratada) se transforma em Rainha do Petróleo. Só uma coisa não pode mudar: o generoso coração macaense”, justifica ele.
Histórias
Dentre as 90 histórias que a obra literária contém está a intitulada Zorro, na qual um dentista morador do bairro Aroeira deu tiros na tela do antigo Cine Santa Izabel, que ficava na Rua Teixeira de Gouveia. Como alegação para o ato, o homem – que interrompeu o filme pela metade – disse que queria matar o índio que estava perseguindo o herói mascarado.
Uma característica marcante do livro “Farol Velho, 1956” é a presença de um aguçado espírito de humor. Na crônica ‘Jerry Adriani’, por exemplo, o escritor relata outro fato real, escrevendo que no aniversário de sua netinha, dona Alcídia Bittencourt encontra casualmente o famoso cantor brasileiro, Jerry Adriani.
De maneira imediata e inocente, ela convida o astro da MPB para a festinha de aniversário de sua neta. Para surpresa geral, o ídolo em carne e osso compareceu ao evento, ocasionando um grande tumulto de curiosos, os quais derrubaram o muro da casa de dona Alcídia.
Outro dado inusitado ocorreu com um menino apelidado de ‘Alicate’. “Ele pegava notas de dinheiro com os glúteos. Não sei se o apelido foi originado por suas pernas tortas ou por sua capacidade de apreensão”, brinca Lenine.
Já uma história que faz parte do folclore macaense chama-se ‘Papas de Milho’. Nela o autor mostra Macaé dos anos 50, quando havia uma senhora moradora da Barra que fazia gostosas papas de milho. Seu marido as oferecia a todos que encontrava nas ruas da cidade, mas ninguém as comprava.
- Perguntei a um senhor o motivo de ninguém querer comprar a guloseima. Então fui entender a razão de o apelido do vendedor ser papa-lambida – narra Lenine.
Para o subsecretário de Acervo e Patrimônio Histórico, o professor de História Ricardo Meirelles, esse livro efetua uma ligação entre o passado e o presente de um escritor que cresceu no município de Macaé.
- Lenine encontrou sua realização profissional fora daqui, mas nossa cidade marcou substancialmente a vida dele, que pertence a uma tradicional família macaense – completa Meirelles.