Ao mesmo tempo em que o mercado assiste à disparada da cotação do petróleo no mercado internacional, chegando a US$ 73 o barril, a Petrobras anuncia nesta sexta-feira (21) a auto-suficiência do país em petróleo. O trampolim para a conquista brasileira é a plataforma P-50, instalada no campo Albacora Leste, na Bacia de Campos, e que deve produzir, segundo a Petrobras, 180 mil barris diários do óleo pesado.
Com os 16 poços em operação, a produção de óleo pesado sairá do patamar de 1,75 milhão atuais para 1,9 milhão de barris diários. A expectativa é que em seis meses, a P-50, que tem a participação da mutinacional espanhola Repsol, com 10%, atinja o pico da produção. O Brasil continuará, entretanto, importando petróleo leve voltado para a fabricação dos derivados de petróleo e exportando o óleo pesado. Com a auto-suficiência, o país não sofrerá mais déficits comerciais ocasionados pelas importações de petróleo e derivados.
- A balança comercial do petróleo passará a ser equilibrada – analisa o secretário de Indústria, Comércio, Abastecimento e Energia de Macaé, Alexandre Gurgel, que é mestre em petróleo e gás. De acordo com ele, é importante que a sociedade reconheça a auto-sustentabilidade da principal fonte energética mundial. “O importante marco desta indústria está acontecendo, contudo, é necessário ressaltar que os créditos desta conquista precisam ser distribuídos ao longo da história do desenvolvimento econômico nacional”, diz.
Gurgel lembra que o então presidente Getúlio Vargas e o escritor paulista Monteiro Lobato acreditaram e foi iniciado o movimento de exploração do petróleo brasileiro. “Depois, pela Petrobras, ao longo dos mais de 50 anos, ter galgado espaços tecnológicos que a fizeram ser reconhecida como uma das dez maiores empresas do setor. Foram os brasileiros que trabalharam para que hoje o país comemore a auto-suficiência. A conquista não é fruto do trabalho de um homem nem de um único governo, mas de uma sociedade que representa a verdadeira riqueza nacional”, afirma.
Segundo avaliação do secretário de Indústria e Comércio, ainda que se fale das questões técnicas, os mesmos volumes de produção suplantando o volume interno, questões como refino e a distribuição de derivados precisam ser tratadas através de uma política energética competente que diminua as diferenças e distâncias de um país com dimensões continentais. “Esse é um momento de comemoração e o povo brasileiro é o responsável”, destaca.
MERCADO - Com a auto-suficiência, o país não ficará sujeito à agitação dos preços do petróleo no mercado internacional e nem às crises do petróleo, como um possível colapso que pode acontecer entre Estados Unidos e Irã, o que deixa o mercado internacional receoso. Mas o brasileiro não precisa esperar que com maior produção, o preço dos combustíveis vá cair. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, já confirmou que o preço dos combustíveis no mercado interno seguirá as cotações internacionais, ou seja, o preço da gasolina não vai abaixar.
O secretário de Governo, André Braga, avaliou que Macaé, por sediar a base de operações da Petrobras, é peça fundamental na cadeia produtiva do petróleo nacional, já que a Unidade de Negócios da Bacia de Campos possui rendimento relevante que dará ao Brasil a auto-suficiência.
- Macaé tem orgulho em sediar a base de operações da Petrobras, mas enfrenta graves problemas sociais na decorrência desses investimentos, por ter se tornado uma cidade emblemática de exploração de petróleo no Brasil, o que provocou a migração de pessoas sem qualificação adequada para o setor de petróleo e gás. Com esse movimento, houve um inchaço populacional, muitas vezes chegando a áreas de proteção ambiental – analisou.
Braga ressaltou que o município fica contente com a auto-suficiência em petróleo. “Mas sabemos que é necessária uma equiparação desta auto-suficiência ao desenvolvimento social”, disse, acrescentando que com a implantação de novos pólos, essa responsabilidade social com o Brasil se dividirá, podendo trazer equilíbrio necessário na vertente social do município. O secretário de Governo lembrou que todas as carências sociais da cidade serão apontadas por levantamento do Macaé Cidadão, que irá percorrer todos os bairros para definir as demandas sociais.
Já o presidente do Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social (Fumdec), Jorge Tavares Siqueira, defendeu a inserção do investimento no social no processo de desenvolvimento que a auto-suficiência do país em petróleo engloba. “A auto-sustentabilidade deve estar alinhada a novos programas de ação voltados para o desenvolvimento humano”, comentou.
O coordenador de Comércio Exterior, Adolpho Moura, observou que a auto-suficiência é uma conquista da história brasileira. “Desde a época em que Getúlio Vargas era o presidente que Macaé está inserida no cenário de progresso do Brasil de desenvolvimento econômico. Macaé contribuiu com suporte e atenção à indústria de óleo e gás”, acentuou.