Foto: Kaná Manhães
O jovem Bruno Rodrigues de Azevedo, de 28 anos, está se aperfeiçoando na arte da paleografia
O Solar dos Mellos tem cuidado da formação de seu quadro de profissionais. Lá, o jovem Bruno Rodrigues de Azevedo, de 28 anos, está se aperfeiçoando na arte da paleografia. “Meu trabalho como paleógrafo iniciou-se a partir dos trabalhos do projeto ‘Macaé em Fontes Primárias’, onde estou desde o ano de 2007”, conta ele.
Bruno teve habilidade para ler a escrita antiga, estudando e interpretando três volumes do processo de Mota Coqueiro (século XIX). Também desvendou a escrita de documentos eclesiásticos dos séculos XVIII e XIX. A partir de então, a subsecretaria de Acervo e Patrimônio Histórico da época resolveu proporcionar o desenvolvimento e o aprimoramento técnico para ele, enviando-o para fazer cursos de Paleografia em São Paulo. Foi o curso “Noções Básicas de Paleografia”, ministrado por Frank Leal.
Também participou de seminários e congressos, como o V Congresso Nacional de Arquivologia do Rio de Janeiro, em 2008. Na ocasião, Bruno foi palestrante junto a nomes de peso da Paleografia nacional. Atualmente, ele trabalha como paleógrafo na coordenadoria Macaé 200 anos, na área de documentação jurídico-cartorial. O trabalho gerou a exposição que se encontra até o final de fevereiro no Ypiranga Futebol Clube.
Dentre os exemplos de decifração paleográfica, ele citou o processo de Mota Coqueiro contra o escravo Domingos, suposto mandante do crime que o levouCoqueiro a ser condenado a morte. Já nos assentos de óbito do Solar dos Mellos, Bruno conseguiu ler e compreender as até então indecifráveis citações sobre o quilombo de Carukango que, segundo às informações, foi exterminado.
Paleografia Ciência e Arte
A Paleografia, com caráter científico, nasceu no século XVII, na Europa, impulsionada pela Guerra dos Trinta anos. Neste primeiro momento, a Paleografia tem o fundamento principal de separar documentos verdadeiros de documentos falsos. É a ciência que irá estudar tecnicamente os textos antigos, na sua forma exterior, objetivando sua leitura e transcrição. O Significado da palavra Paleografia: “paleos” = antigo: “graphein” = escrever. Paleografia é, portanto, escrita antiga, ou seja, o estudo da escrita antiga.
Segundo o Doutor Ubirajara Dolácio Mendes, “A Paleografia é a arte de ler documentos antigos”. A Paleografia caminha com outras ciências que estudam a evolução da escrita e suas várias formas, tais como a epigrafia, que estuda a escrita feita sobre matéria dura, como o mármore, a pedra, metais etc. A ciência também envolve a Diplomática, que interpreta e julga a autenticidade e veracidade do documento; a Filologia; que estuda uma língua, literatura, cultura ou civilização sob uma visão histórica a partir de documentos escritos e a Linguística, que estuda o processo de estruturação da língua. “Sem a Paleografia, a História seria apenas um amontoado de suposições ou um desfiar enorme de narrativas transmitidas pela tradição oral”, afirma Dolácio Mendes.