“A história da cidade é indissociável do corpo e da alma”. Com esta frase o professor Luis Antônio Baptista iniciou a palestra “Subjetividade e política na cidade: desafios contemporâneos para as políticas das diferenças”, realizada na terça-feira (25), às 19h, no auditório da Cidade Universitária.
O professor titular da UFF e PHD em sociologia pela Universidade de Roma, Luis Antonio Baptista, começou a pensar o tema cidade após ter entrado em contato com os textos do filósofo alemão Walter Benjamin. “Sabemos que a história da cidade é indissociável do corpo e alma. A forma como projetamos muros, como transitamos está ligada ao sentido que damos ao nosso corpo, a nossa vida, que chamamos de subjetividade”, disse.
Exemplificando ele comentou que muitos estudantes de psiquiatria estudam a psique como uma entidade que é independente do mundo exterior. “Minha teoria vai contra a forma de ver e estudar o tema. Para mim, subjetividade e cidade são inseparáveis. Os sonhos que transformam a cidade também influenciam aqueles que os sonham”. Com isso, o professor Baptista quer dizer que não é possível pensar um sujeito dissociado do mundo em que ele habita. A história do que o sujeito é está intimamente ligada com a história dos espaços que pertence.
De acordo com ele, na história das cidades modernas, estas eram apresentadas aos homens do campo como lugar de emancipação. Ir para cidade seria como elevar-se espiritual e economicamente. “O curioso é que ao chegarem na cidade, os homens questionavam a promessa de felicidade e elevação espiritual. A cidade é um local conflitivo, onde também se encontra o fracasso das promessas”, observou.
O professor explicou que a partir daí, o sujeito começa a suspeitar de toda a heterogeneidade que a cidade pode apresentar. “Por que esta preocupação com diferenças? Por que as políticas das diferenças são um desafio?”. Para responder, Luis Antonio contou o exemplo do ex-paciente psiquiátrico que, agora chamado de usuário, chega ao CAPS e reclama que não pode mudar os horários de suas visitas e que tem um mau atendimento. Em resposta, o profissional ignora as reclamações, pensando se tratarem de um sintoma da patologia, em vez de questionar suas atitudes. “Porque ele respeita as diferenças, ele simplesmente não dá ouvidos ao que o usuário diz, em vez de refletir sobre suas atitudes. Esse é o maior problema de se respeitar as diferenças. É não dar voz ao diferente”, completou.
De acordo com Joelson Tavares, presidente da Fundação Educacional de Macaé (Funemac), organizadora do evento, a fundação tem realizado uma série de palestras por entender a importância de reflexões sociais. “Lançamos o projeto Encontros de Diálogos e Compromisso Social, do qual esta palestra faz parte, com o objetivo de estarmos pensando a realidade social de nossa cidade e do nosso país por entendermos que esse e o ponto de partida para construirmos o futuro que queremos”.