Foto: Maurício Porão
Palestra aponta que arquivo tem valor social
Vinte e cinco profissionais estiveram na palestra "A Importância dos Arquivos para a Sociedade", realizada na tarde desta quinta-feira (5), no Solar dos Mellos. Na ocasião o professor João Marcus Figueiredo (Unirio) promoveu reflexões sobre o tema para arquivistas da Câmara Municipal de Macaé, das Secretarias de Educação, Defesa Civil e Mobilidade Urbana, além de estudantes de Administração e de História.
- O interessante foi perceber a demanda de cada participante, os principais problemas de seus arquivos. A palestra foi voltada à tônica de quem diz que o arquivo é importante para a sociedade, para quem interessa isso e em que esferas a sua relevância se torna eficaz - informou João Figueiredo. Ele referiu-se ainda à importância dos arquivos digitais, que são significativos na contemporaneidade.
Segundo disse, o arquivo do município é fruto do acervo produzido pela administração. Até um simples memorando é um arquivo. É tudo que se produz para as administrações públicas ou privadas. Uma questão é discernir o que preservar e o que descartar. Isso acontece por questões políticas, pessoais, econômicas ou históricas. Cada arquivo é único: há diferenças entre eles.
- O arquivista sempre foi visto como guardador de memória, aquele que guarda os documentos. Muitos documentos errados, duplicados, rasgados eram arquivados. A problemática era o inchaço dos arquivos públicos. Já nas empresas particulares há um centro de memória. Deve-se promover a racionalização do arquivo. Este pode ser composto de filmes, fotografias, documentos digitais, entre outros - comentou o professor João Figueiredo.
Acrescentou dizendo que: "Com a normatização ocorre seleção entre o que deve se preservar e o que pode se descartar. A normatização leva ao ordenamento e à tabela de temporalidade. É necessária política municipal de normatização, uma diretriz para o gerenciamento de todos os arquivos de uma cidade. Isso evita a setorialização, quando os arquivos trabalham diferentes uns dos outros".
Ele mostrou que os arquivos têm relevância social levando grupos, via História Oral, a terem seus arquivos. "A quem interessa a documentação? Para quem a documentação importa ao longo da história? Qual é sua função social?", questionaram os presentes.
Parceria com a universidade
A vice-presidente de Acervo e Patrimônio Histórico, Gisele Muniz, assinalou que uma das missões do Solar dos Mellos é tratar temas econômicos, sociais e culturais, buscando conhecimento e transmitindo para a sociedade.
Para a arquivista Cleris Renata, da Câmara Municipal de Macaé, o encontro foi importante por ter oferecido uma troca de informações entre os pares para tratar os arquivos no município.
Já a arquivista da Secretaria de Educação de Macaé, Denize Almeida, afirmou que o evento mostrou que os arquivistas não estão sós. "Proporcionou abertura de portas para a inovação, tirando a ideia de que o arquivo é uma coisa morta. Ele tem valor social", justificou.
A arquivista do Solar dos Mellos, Juliana Alvim, foi categórica: "É imprescindível que a sociedade macaense olhe com outros olhos para o arquivo, percebendo seu valor e levando-o à esfera pública. É importante que a gestão pública tenha consciência de que essa documentação pública é fundamental".
A historiadora do Solar dos Mellos, Conceição Franco, destacou que o patrimônio é constituído pelos documentos. "Eles são primordiais para o trabalho do historiador. Foi muito válido o contato com a universidade nesse encontro", disse.