Foto: Ana Chaffin
Protesto Suburbano comemora 18 anos em show histórico no Parque da Cidade
Que “Lek, Lek”, que nada. Com letras de protesto ao sistema capitalista, ao caos da vida pós-moderna e à sociedade de consumo; crítica ao neoliberalismo desenfreado, à uniformização comportamental e ao conceito de indústria cultural de massa, as bandas que participaram da festa de 18 anos do Protesto Suburbano foram o destaque cultural deste sábado (6) no Parque da Cidade, junto com a primeira etapa do Circuito Macaense de Skate. O vice-prefeito Danilo Funke e o vereador Marcel Silvano acompanharam toda a programação.
A prefeitura forneceu todo o apoio para o evento, com palco, sonorização, iluminação, Guardas Municipais e ambulância com equipe de saúde. O evento, que teve apoio da Associação Macaense de Rock, faz parte do projeto de revitalização do Parque da Cidade.
Integrantes de tribos underground do rock, skatistas e surfistas de Macaé, Rio das Ostras, Campos, Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios, entre outras cidades, participaram da festa, que começou às 12h30min, com o representante do movimento rap, Magrinho, fazendo a chamada para a inscrição da etapa do Circuito Macaense de Skate. “Represento o rap, defendo a cultura, o esporte, a educação e agradeço a prefeitura pelo evento e por estar dando vida ao parque”, ressaltou.
Uma longa pista de skate foi preparada para que os amantes do esporte se apresentassem em baterias diversas e eliminatórias, iniciadas às 15 horas com término às 16h30min. O presidente da Associação de Skate de Búzios, Sabá, destacou a importância das novas possibilidades de informação e das atrações de esporte e de audiovisuais mostradas. “O skate e os segmentos de música underground fizeram uma grande festa neste sábado”, opinou.
Os atletas profissionais de skate, Leandro Macaé; Alessandro Ramos (Rio) e Diego Fontes (São Paulo) – campeão brasileiro -, prestigiaram o campeonato de skate, que teve como pano de fundo, músicas de artistas consagrados como o punk rock do Ramones; o thrash metal do Sepultura e o heavy metal do Black Sabbath. Leandro Macaé fez um agradecimento em nome dos esportistas. “Agradeço ao prefeito Dr Aluízio, é importante sempre acontecer eventos deste tipo para os jovens”, pontuou.
Celebração do inconformismo social marca apresentação de bandas
A reflexão sobre um projeto de sociedade igualitária, a busca por uma identidade nacional, o basta à homogeneização cultural e os impactos das relações de produção da contemporaneidade marcaram a arte mostrada pelas bandas que se apresentaram na comemoração dos 18 anos do Protesto Suburbano: Cervical, Las Calles, Contra Todos, DZK, Serial Killer, Protesto Suburbano – a anfitriã da festa – e Olho Seco.
A banda de hardcore Cervical, de Macaé, foi a primeira a subir no palco, às 16h30min. Formada por Pascoal Mello (vocal), Natanael Júnior (bateria), Davi Baeta (guitarra), Marlon Siqueira (baixo) e Léo (guitarra), a Cervical mandou o recado da busca do cidadão pela consciência frente à realidade social.
No intervalo da banda Cervical para a banda Las Calles, houve um recital de poesia também com questionamento sobre o imediatismo e o instantâneo que se baseiam as relações pós-modernas.
Las Calles, de Cabo Frio, subiu no palco às 17h20min, mostrando hardcore, punk e tendo na formação Marcelo Fernandes (vocal), Marcelo Vieira (baixo), Ricardo Mattos (guitarra), Thiago "Lagarto" (bateria). A banda deixou claro que acredita no hardcore/punk como um espaço no mundo, com tentativa de ampliar esse ambiente.
Após a banda Las Calles, foi feita uma homenagem ao músico, poeta e skatista profissional Chorão, morto no mês passado. Chorão é autor de versos como “Os homens podem falar/Mas os anjos podem voar/Quem é de verdade/Sabe quem é de mentira”, que vão ao encontro do que as tribos do rock e do skate pensam. Além disso, foi realizada a etapa final da apresentação de skate com manobras que empolgaram o público.
Contra Todos, banda de hardcore de Macaé, foi a terceira a se apresentar, a partir das 19 horas. Com um vocal pesado que por vezes lembrou um vocal de thrashcore, Contra Todos mostrou total sintonia com o público com canções curtas e letras baseadas no protesto político e social, característica marcante do hardcore.
FREESTYLE - Após a apresentação da Contra Todos, MCs mostraram freestyle de rap e a cultura rastafári foi ovacionada. Os MCs elogiaram o uso do Parque da Cidade como um polo de cultura, entretenimento, esporte e lazer. Foi feita também a entrega dos prêmios para os primeiros colocados no campeonato de skate.
A Serial Killer, banda de hardcore do Rio de Janeiro formada por João (baixo), Álvaro (vocal), Bolinha (guitarra) e Marcellinho (bateria), foi a quarta a participar do festival subindo no palco às 20 horas. O grupo mostrou composições próprias e outras de artistas como os Garotos Podres.
Já a DZK, de São Paulo, de punk rock, é formada por Barata (vocal), Flexa (guitarra e backing vocal), Charuto (baixo e backing vocal) e Macarrão (bateria). A banda, cujo nome é uma abreviação de "Dizikilibriu Social", subiu no palco às 20h50min mostrando letras diretas com o objetivo de fazer a sociedade pensar nas consequências do modo de produção capitalista, as guerras e a miséria que assola muitas famílias.
Protesto Suburbano comemora 18 anos com fãs
A banda anfitriã, Protesto Suburbano, comemorou a maioridade em show histórico comandado pelo vocalista Sandro Santuchi. Com Evandro no baixo, Alex na guitarra, Alexandre na guitarra e Ian na bateria, além de Sandro, a Protesto Suburbano mostrou no palco, a partir das 21h50min, o conceito que defende há 18 anos: ser a voz do excluído pelo sistema. A banda contextualiza a realidade de Macaé e aborda o impacto do arranjo produtivo do petróleo, como no meio ambiente. Inclusive, uma das músicas apresentadas fala sobre a Lagoa de Imboassica.
A Protesto Suburbano foi muito aplaudida pelos fãs que acompanham a banda há 18 anos, e pelos novos seguidores. “Eu adoro harcore, punk rock e é bom conhecer o trabalho de bandas que todo mundo fala em Macaé, o caso da Protesto Suburbano. O Parque da Cidade foi muito bem aproveitado para o show”, disse a estudante Camila Ferez, de 20 anos.
Sandro Santuchi comandou com maestria o show, no qual entoou pedidos de paz e harmonia, que sucederam a música que fala sobre existência pacífica. “Temos 18 anos de história, ano passado faleceu um grande amigo nosso, grafiteiro, e hoje estamos aqui pedindo paz e harmonia”, observou, homenageando Yuri Luís Alves Neves.
Santuchi também fez uma lembrança ao grupo Ramones com o tradicional hey, ho, let´s go. A banda Olho Seco, de São Paulo, fechou a noite, mostrando o melhor do hardcore punk e do thrashcore. Formada por Fábio (vocal), Marcos (guitarra), Jeferson (baixo) e André (bateria), a banda tem ritmo veloz, característico do thashcore, e mostrou, junto com as outras bandas, vida longa ao cenário underground.