Cinqüenta e dois por cento da população macaense se declara branca e 47,5% cento se considera negra ou parda, na faixa etária de zero a 24 anos. O percentual é o maior no Estado do Rio de Janeiro. Os dados foram identificados pela pesquisa domiciliar realizada de 2001 a 2003, pelos pesquisadores do Programa Macaé Cidadão e que foi transformado no livro Exclusão Étnico – Racial. O obra será lançada no próximo dia 13 , no Teatro Municipal de Macaé.
“O cruzamento dessas informações faz parte do projeto de “Mapeamento Sócio – Cultural” do município”, lembra a coordenadora do Programa Macaé Cidadão, Amélia Guedes. Com a entrada de dois sociólogos foi possível realizar um estudo com base na área de sociologia, antropologia, filosofia e história.
Dados da pesquisa mostram que há uma segregação racial ainda não identificada. A realidade está segmentada no livro, numa clara representação dos salários. “A maioria dos macaenses que recebe até três salários mínimos é formada por afro-descendentes”, informa a coordenadora do Macaé Cidadão.
E mesmo em bairros cuja a população é formada por famílias de baixa renda, 70% são de afrodescendente. Para o autor do livro, Luiz Fernandes de Oliveira, a democracia racial é só um mito no Brasil. “No Brasil, a discriminação racial é mais perversa do que nos Estados Unidos e na África do Sul”, diz o autor. Ele espera que o livro venha fomentar mais discussões. “Espero que o livro retire da invisibilidade dessa outra Macaé”, comentou.
A coordenadora do Programa Macaé Cidadão reforça a importância da história da África e a história do povo africano no Brasil, que precisam ser contadas e refletidas por todos. “Somos frutos dessa história que além da face da dor, possui uma face especial, a cultura, os conhecimentos que abrangem diversas áreas e que nos transformaram num rico e invariável povo multi-étnico”, frisa.
Este trabalho pretende retratar a realidade dos afrodescendentes em Macaé. Segundo Amélia, a principal proposta deste trabalho não é somente denunciar e apontar para questões sérias e profundas a respeito da exclusão e marginalização desta população, mas, sobretudo, anunciar um novo tempo, uma nova era, voltada à dignidade da pessoa do afro-descendente.