Foto: Allan Figueiredo | Thuany Nogueira
1 - O cérebro das ascídias tem a capacidade de se regenerar mesmo se for totalmente retirado. 2- A pesquisadora e diretora do Nupem/UFRJ Macaé, Cíntia Monteiro de Barros.
Terapias para tratar lesões e doenças do sistema nervoso humano, como Parkinson e Alzheimer, poderão ser viabilizadas por estudo da Doutora em Ciências Morfológicas e diretora do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro campus Macaé (Nupem/UFRJ), Cíntia Monteiro de Barros. A pesquisadora busca responder por que células de organismos marinhos, que possivelmente originaram células cerebrais humanas, têm a capacidade de se regenerar. O estudo foi publicado na revista científica Glia, especializada em neurobiologia, sob o título ‘Identificação de células semelhantes aos astrócitos em ascídias adultas durante a regeneração do sistema nervoso central’.
As ascídias, com espécies em todos os habitats marinhos, além de terem moléculas com poder anticoagulante, possuem cérebro com estrutura parecida com os cérebros dos vertebrados. As ascídias têm células semelhantes aos astrócitos, até então só conhecidos nos vertebrados. O cérebro das ascídias tem a capacidade diferencial de se regenerar, mesmo quando é totalmente retirado. Os astrócitos participam do mecanismo de regeneração, porque não formam uma cicatriz glial como nos humanos, o que impede o processo regenerativo. Diferente dos neurônios, este tipo de célula do cérebro humano é responsável pela comunicação, pelo controle do fluxo de substâncias e pela manutenção das células nervosas saudáveis.
“Por que os astrócitos das ascídias, que possivelmente originaram os nossos, se comportam diferente? Precisamos descobrir se há alguma via de sinalização que possa ativar mecanismos adormecidos e fazer com que os nossos astrócitos também tenham esta capacidade (...) Estes animais marinhos, considerados simples, são um excelente modelo para o estudo do sistema nervoso”, diz Cíntia.