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A proposta é vencer o preconceito e a intolerância religiosa por meio do conhecimento científico
A pesquisa e o conhecimento são bons aliados contra o racismo e o preconceito. Imagens da Festa das Iyabás, na Entidade Umbandista Filantrópica Nossa Senhora da Conceição (Ilé Asé Ódòmín Osun Opará) de Macaé, ilustrou a apresentação do trabalho da pesquisadora e escritora, Bárbara Lobo, na ‘5th International Conference on Arts and Humanities’, realizada pelo International Centre for the Study of Arts and Humanities, em parceria com Università degli Studi di Milano, Dipartimento di Lingue, Letterature, Culture e Mediazioni, nos dias 8 e 9 de maio, na Itália.
A conferência teve como tema central Mulher na Religião - da Liderança Espiritual ao Empoderamento Feminino (Woman in Religion - from Spiritual Leadership to Female Empowerment). Bárbara Lobo, PhD, Pós-doutora e Doutora em Ciências da Educação, nasceu em Bom Jesus do Itabapoana, mas aos 10 anos de idade passou a viver em Macaé. Ela diz se considerar macaense. Deixou a cidade, somente em 2016, para morar nos Estados Unidos, onde prosseguiu com seus estudos em pós-graduações e pesquisas.
Bárbara já integrou, a partir de 2000, a administração pública de Macaé, tendo assumido funções na Fundação Educacional de Macaé (Funemac), no Centro de Educação Tecnológica e Profissional (Cetep), no Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social de Macaé (Fundec) e na Secretaria de Assistência Social, onde foi coordenadora de Programas e Projetos Sociais, como o Parceria Social e o Bolsa Universitária, e subsecretária, até assumir a gestão da pasta. De 2004 a 2016, ela também foi professora e coordenadora de cursos de instituição privada de Ensino Superior na cidade. Dos seus 14 livros publicados - abordando temas como crise ambiental (em inglês) e educação – cinco deles são sobre espiritualidade. Ela enfatiza que tem um estudo orientado para as religiões.
“Macaé é uma cidade de grandes oportunidades, porque embora pareça ser uma cidade pequena do interior, deu luz a muitos profissionais. Macaé tem uma riqueza econômica, cultural e ambiental que é muito importante para a população (...) A cidade tem uma grande expressão para o Rio de Janeiro e para o Brasil (...) Quando a gente deixa a nossa cidade e o país, tem orgulho de falar: eu pertenço a Macaé, eu estudei da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Macaé (Fafima) e aprendi com profissionais daquela cidade (...) É o local que produziu quem eu sou”, diz.
Promoção da igualdade racial
O estudo de Bárbara Lobo apresenta as religiões de matrizes africanas no Brasil e no mundo, onde a mulher tem um papel relevante, desde a sua formação, nas atribuições e na liderança. Entre os seus objetivos estão: vencer o preconceito e a intolerância religiosa e ampliar o acesso a este tema por meio do conhecimento científico. A secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Zoraia Braz, ressaltou a importância do trabalho da pesquisadora.
A Entidade Umbandista Filantrópica Nossa Senhora da Conceição (Ilé Asé Ódòmín Osun Opará), no bairro São José do Barreto, tem à frente Cláudio Márcio David Pinheiro (Pai Cláudio de Osun), com mais de 50 anos dedicados à vida espiritual. Ele considera o trabalho de Bárbara importante para a divulgação da cultura religiosa do candomblé e também do município de Macaé.
“O candomblé é um ato político de resistência da cultura e da vida do povo preto e é construído a partir do modelo da sociedade matriarcal, o matriarcado africano. Foi através das religiões de matrizes africanas, lideradas por mulheres, que as nossas tradições foram mantidas e se perpetuam. Existe uma figura da liderança, o culto e respeito aos mais velhos, como se fosse uma questão hierárquica, os mais velhos são os que guardam e compartilham os saberes ancestrais. Esta relação com a ancestralidade é o que nos conecta com as nossas origens africanas”, frisa.
“Falar de religiões de matrizes africanas é falar de preconceito. Bárbara defende o papel das mulheres dentro da religião, dentro da sociedade, que é muito grande, porque tudo vem da mulher. No conceito africano, a Grande Mãe é a terra, de onde tudo nasce e para onde tudo volta, por isso a mulher tem um grande papel. Fiquei muito feliz de ter sido escolhido por ela para doar um pouco de nós, apresentando o ritual das Iyabás, que acontece no final de cada ano. O trabalho de Bárbara é maravilhoso”, ressalta.