Foto: Ana Chaffin
Os cursos iniciaram, hoje (11), com duração de 40h
Com menos de dois anos de funcionamento, a Pousada da Cidadania, no Barreto, já tem histórias para contar como a de Danilo, 42 anos, que de população em situação de rua passou a instrutor de cursos, ou a do rapaz paulista, dependente químico, que reintegrou os laços familiares. Ou a de Alex, 36 anos, que começa trabalhar na semana que vem. E tem Raquel, 26 anos, que está cursando o terceiro ano do ensino médio e quer fazer faculdade de letras. Já são quase 300 atendimentos de uma população que tende a aumentar se a sociedade, como um todo, não tomar para si questões que envolvem a comunidade.
Um dos principais objetivos da Pousada da Cidadania é contribuir com a qualificação profissional destas pessoas abrigadas, excluídas, à margem da sociedade. E, em parceria com a Secretaria de Educação, através do Centro de Educação Tecnológica e Profissional de Macaé (Cetep) e do Projeto Petrobras Qualificação Profissional de Jovens e Adultos do Programa de Desenvolvimento Social de Macaé e Região (Prodesmar), a Pousada, agora, oferece curso profissionalizante de almoxarifado, que começou na quinta-feira (11), com duração de 40 horas, três vezes na semana. Mas no espaço já foram realizados cursos de bombeiro hidráulico, taifeiro, manutenção elétrica e inglês. Os cursos são intensivos, visando rápida inserção no mercado de trabalho.
A psicóloga Kele Lobato, que está na Pousada desde o início do programa, fala com carinho do projeto, ressaltando sempre a necessidade de um planejamento que envolva ações intersetoriais, que favoreçam a organização de um novo projeto de vida para esta população: “temos que pensar no perfil desta pessoa e o que melhor satisfaça suas necessidades, estabelecendo o atendimento e encaminhamento necessários”. A psicóloga ainda esclarece que a grande maioria que chega à Casa é migrante, vinda de longe, atraída pelo emprego, mas chega sem qualificação, impossibilitando a inserção no mercado de trabalho. E sentencia: “o mercado se fecha pra quem não tem qualificação”
Este, por exemplo, foi o caso de Alex, da cidade de Maceió/AL, especializado em máquinas de bordar computadorizadas: “me falaram das possibilidades de Macaé, vim e vi como não era o que falavam. Não sabia nem o que fazer. Cheguei no limite, sem dinheiro para pensão fui morar na rua”, mas anima-se: “agora, a Pousada me deu suporte para me levantar e semana que vem começo a trabalhar na limpeza pública.”
Ao todo, na Pousada da Cidadania, trabalham um coordenador, um enfermeiro, oito técnicos de enfermagem, cinco cuidadores, seis seguranças, um auxiliar de serviços gerais, três pedagogas, duas psicólogas, uma assistente social, um administrador, dois médicos, um motorista e três funcionários de apoio. A equipe atua junto a uma população que, em geral, chega à Pousada debilitada, sem esperanças e perdida. O programa inicial prevê três meses, mas o processo pode se arrastar, devido às dificuldades em localizar as famílias, reativando os laços familiares, as patologias psíquicas, entre outros.
A Pousada da Cidadania atende, atualmente, uma média de 50 pessoas, entre 18 e 80 anos. A maioria, masculina, veio a Macaé em busca de emprego e em algum momento teve interrompido laços familiares e profissionais. A assistente social Ana Dárcia Palmeira afirma que, hoje, a maior dificuldade da Pousada da Cidadania é conseguir parceiros aos projetos implementados, principalmente para os cursos e empresas que contratem dando uma chance para estas pessoas. “Acontecem muitos entraves. As mesmas pessoas que cobram providências são as que não acolhem”, lamenta.
Para o semestre, outros cursos estão previstos, além da busca de novas parcerias para o desenvolvimento de um trabalho fundamental para uma cidade como Macaé, que continua atraindo pessoas de todos os lugares em busca de uma vida melhor.