Foto: Flávio Sardou
Grupo assinará um documento, no próximo sábado, que apontará metas para garantir os compromissos com investimentos na região
Para enfrentar um cenário de desaceleração da economia, motivada pela maior queda do valor do barril de petróleo em seis anos (60%), representantes do Executivo e Legislativo do Norte Fluminense e Lagos, reuniram-se nesta segunda-feira (2), no Centro de Convenções Jornalista Roberto Marinho, em Macaé. O prefeito do município, Dr. Aluízio, anunciou que o grupo caracterizou a crise da indústria do petróleo e irá, no próximo sábado (8), em Búzios, assinar um documento que apontará metas para garantir os compromissos com investimentos na região. A proposta é apresentar aos governos estadual e federal a importância das ações para o desenvolvimento econômico dessas cidades, que já obtiveram uma redução de aproximadamente 20% na arrecadação dos royalties, no pagamento de janeiro referente a outubro.
- A Petrobras vai anunciar o seu plano de 2015 a 2019 no segundo semestre, porém, não podemos esperar mais seis meses para saber o que irá acontecer. Nossa preocupação não é somente com o barril de petroleo, mas também com o desaquecimento de uma economia. Isso reflete na vida de 1,2 mi de pessoas que estão nessa região. Nossos problemas não são as nossas prefeituras e sim os moradores das nossas cidades. É o momento de agirmos de forma regional e organizada. Temos que envolver a indústria do petróleo, as entidades do setor e população, em geral, nesse movimento. Com essa medida, estamos pensando no dia a dia das famílias e manutenção dos empregos - destacou Dr. Aluízio.
Com o intuito de formar um polo regional, os prefeitos apontaram a necessidade de buscar mais informações sobre o cenário atual indústria do petróleo para formalizar o documento. O texto servirá ainda para esclarecer a população civil sobre a crise atual e convidar a todos a serem atores nesse cenário. "Com esta etapa finalizada, e ao informamos para a população essas metas, vamos agendar uma visita aos governos estadual e federal", ressaltou o prefeito de Macaé.
Algumas ações na área de logística, por exemplo, são prioridades para o fortalecimento da região. Dr. Aluízio citou a formação de um corredor logístico na Rodovia Amaral Peixoto (RJ 106), com duplicação da ponte entre Macaé e Rio das Ostras. "O licenciamento do porto já está em andamento, o desenvolvimento do aeroporto também, porém, precisamos efetivar esse projeto que vai de Cabo Frio a Macaé para minimizar uma realidade de 40 mil pessoas que entram no município todos os dias para trabalhar. Em média, são duas horas de engarrafamento para ir e voltar. Isso diminui a qualidade de vida, capacidade de trabalho e encarece o custo regional. Temos que crescer juntos", disse Dr. Aluízio.
Em janeiro, o prefeito Dr. Aluízio anunciou um pacote de medidas para ajustes nas despesas públicas da administração direta e indireta do município, considerando o cenário econômico nacional, com incertezas na arrecadação dos royalties e a necessidade de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Foram reduzidos em 10% os salários do prefeito, vice e secretários, além de todos os cargos comissionados e funções gratificadas. Também começou a redução, mínima de 20%, nos contratos e, ainda, corte dos serviços de telefonia móvel funcional e veículos alugados. Este mês, será apresentada à Câmara Municipal de Macaé a Reforma Administrativa que reduz o número de secretarias, autarquias e fundações.
Na reunião, além do prefeito de Macaé, Dr. Aluizio, estiveram presentes, o de Carapebus, Amaro Fernandes; de Quissamã, Octávio Carneiro; de Conceição de Macabu, Cláudio Eduardo Barbosa; de Búzios, André Granado; de Cabo Frio, Alair Corrêa; de Casimiro de Abreu, Antônio Marcos de Lemos Machado; o vice-prefeito de Rio das Ostras, Gelson Apicelo e o secretário de Petróleo, Energias Alternativas e Inovação Tecnológica de Campos dos Goytacazes, Marcelo Neves. Também compareceram ao encontro, presidentes e outros representantes das câmaras de vereadores de Macaé e região, e ainda da Associação Comercial e Industrial de Macaé (Acim), da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e da Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Petróleo (Abespetro).
Cenário e perspectivas do setor petróleo e gás
Durante o encontro, o consultor da Rio Sil, Alfredo Renault, apresentou dados sobre "Cenário e perspectivas do setor de petróleo e gás". Segundo ele, a evolução das reservas aponta um crescimento, porém, com uma produção estacionada. "Ficamos com sobrecarga de projetos e longo período sem rodadas de licitações para área de exploração offshore entre 2005 e 2013. Embora tenham acontecido rodadas nesse período, a falta de novas áreas levou também ao problema que está sendo percebido na região e empresas de perfuração", disse.
No cenário internacional, Renault destaca menor crescimento da China, dificuldade de saída da Europa da crise, além de aumento da produção nos Estados Unidos e resistência da Arábia Saudita em baixar a produção. As perspectivas são de queda de 15% nas licenças expedidas para novos poços de petróleo e gás não convencional em outubro e, ainda, barril de petróleo entre US$ 50 e 60, em 2015.
No Brasil, os investimentos na indústria serão de R$ 1,1 bi entre 2014 e 2017. O setor de petróleo será responsável por 42%. O pré-sal, por exemplo, saiu de 3 mil barris/dia, em 2008, para 428 mil barris/dia, no ano passado. Nesta área, a curva de aprendizado aponta diminuição de custos e, também, alta produtividade dos poços, redução do custo logístico por barril, com aumento do número de unidades de exploração e produção, além do avanço da tecnologia sub-sea. Com relação aos royalties e participação especial, o consultor revela que o preço registrou queda de cerca de 50%. A produção cresce, mas se desloca para a Bacia de Santos e o câmbio foi o responsável por segurar a queda.
O representante da Abespetro, Gilson Coelho, afirmou que a indústria de óleo e gás tem perspectivas de crescimento nos próximos anos. "A crise que estamos vivendo não é só do Brasil e a região concentra 52 empresas do setor. Temos potencial geológico e teremos a retomada. O importante é que temos grandes lideranças políticas e vamos fazer uma agenda positiva, envolvendo diversas representatividades", frisou Gilson.
Como enfrentar a crise?
O diretor da Macroplan, Claudio Porto, falou sobre gestão de crise nas cidades do petróleo. Ele destacou uma retração nas atividades de exploração de petróleo na região, com consequente redução das receitas. O especialista lembra que, com a crise, a pressão social sobre as prefeituras aumenta.
- A ideia é aumentar a colaboração no grupo, com decisões estratégicas e identificação de fatores que fazem a diferença. É indispensável utilizar especialistas e precisamos evitar improvisos que possam potencializar os riscos e erros. É preciso fazer um monitoramento diário da evolução da crise, das medidas de resposta que foram tomadas e das suas reações - afirmou.
A Macroplan é uma empresa de consultoria que, desde setembro, realiza o planejamento estratégico de Macaé a curto, médio e longo prazos, por meio do projeto Macaé por Você. Toda a população pode contribuir ao responder a pesquisa no site: www.macaeporvoce.com.br.