Foto: Kaná Manhães
Os cidadãos José Márcio Santos Souza e Edinaldo Cordeiro, embarcaram nesta segunda-feira(10) para suas cidades
A prefeitura de Macaé, através do Programa Cidadania e Dignidade, executado pela Secretaria de Desenvolvimento Social, recambiou para o Estado da Bahia, na segunda-feira (10), mais dois migrantes que se encontravam em situação de risco nas ruas. São os cidadãos José Márcio Santos Souza (baiano) e Edinaldo Cordeiro de Melo (paulista), procedentes de Caçapava, São Paulo, que procuraram a secretaria com a indicação de um órgão social de Rio Bonito (município por onde haviam passado) para pedir ajuda.
Eles foram submetidos ao processo de triagem para que a equipe da campanha “De volta pra casa” pudesse conhecer a situação social dos dois e depois reconduzi-los a seus destinos.
De acordo com o coordenador do programa, Edivaldo Santos, os dois migrantes chegaram, na terça-feira (4), pedindo auxílio, relatando que fizeram a pé todo o percurso de São Paulo até o Rio. Como se encontravam com sede, fome e muito sujos, além de não portar nenhum documento foram logo acolhidos. Santos conta como ocorreu:
- Nós os acolhemos e, após a triagem feita pela Assistência Social, os levamos para a Pousada da Cidadania, localizada no Barreto, a fim de que eles pudessem fazer sua higiene pessoal. Lá, eles receberam roupas do vestuário comum e alimentação adequada. Depois de passarem a noite na pousada os conduzimos à Delegacia Legal para fazerem um boletim de ocorrência (BO), já que não possuíam nenhum documento para poder viajar a seus destinos. Como o BO só saiu na sexta-feira (7), agendamos suas passagens para o começo da semana – ressaltou.
Histórias de vida – O baiano José Marcio (43 anos) relatou que saiu de Itabuna/BA, há um ano, com destino a São Paulo, em companhia de sua mãe para encontrar com seu padrasto. Ele disse que devido a convivência com o padrasto não ter sido satisfatória, saiu de casa e ficou nas ruas, rompendo com os vínculos familiares. “Só desejo retornar para Itabuna para reencontrar minha irmã, junto com outros familiares e fixar residência”. Já o paulista Edinaldo Melo (27 anos) se encontrava nas ruas desde que saiu de casa, em janeiro deste ano, devido a conflitos caseiros. Como também possui alguns familiares na Bahia, decidiu ir fixar residência. Antes de viajar os dois ficaram agradecidos pelo acolhimento e pelo trato recebido em Macaé.
O caso dos dois migrantes assemelha-se a centenas de outros atendidos pelo Programa Cidadania e Dignidade. Segundo o coordenador uma média de 30 pessoas passa pelo processo de triagem durante o mês. “Muitos são atraídos pelo desenvolvimento econômico que a cidade do petróleo oferece. Nossa equipe faz a abordagem diariamente nos logradouros públicos e quando encontramos um cidadão em risco nas ruas o convidamos para vir até a secretaria, onde é feita a triagem e sabermos qual é a necessidade real de cada indivíduo”.
Ele assegura que as pessoas que vêm para Macaé em busca de trabalho e estão habilitadas são encaminhadas ao emprego, porém, as que não possuem qualificação e não conseguem trabalho são encaixadas na campanha “De volta pra casa”.
A outra vertente de pessoas em risco social é a que considerada morador em situação de rua o que se caracteriza por estar residindo embaixo de pontes, marquises e outros locais. Este é acomodado na campanha “Não dê esmola” que dá integridade ao acolher o morador de rua, possibilitando retorno para sua cidade de origem ou acolhendo-o na Pousada da Cidadania, espaço que abriga morador de rua, oferecendo acompanhamento médico, psicológico e reabilitação social. Mas, há ainda os trecheiros (Viajante que percorre uma estrada de trecho em trecho) que também recebem atendimento específico após passarem pela triagem.
No entendimento da secretária de Desenvolvimento Social, Nilmara Valadares, a prefeitura de Macaé tem oferecido oportunidades para o resgate da cidadania, mas, sem incentivar a mendicância. Os mais de 1200 casos atendidos nos últimos três anos têm vários motivos.
- Nossa demanda é diária, pois muitos cidadãos que vão parar nas ruas perdem a referência de vida e as causas são estruturais (ausência de moradia, inexistência de capacitação, mudanças econômicas e institucionais de fortes impactos sociais), fatores biográficos (alcoolismo, drogadição, rompimento dos vínculos familiares, doenças mentais, perda de todos os bens), além de desastres de massa e/ou naturais (enchentes, incêndios e terremotos, entre outros) – disse.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) a estimativa é que haja, atualmente, cerca de 100 milhões de pessoas vivendo nas ruas das grandes cidades “sem receita certa para equacionar a questão”.