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Prefeitura de Macaé abre cursos de Educação Inclusiva com palestra do mentor da Escola da Ponte

09/03/2007 16:52:15 - Jornalista: Cesar Dussac

O professor José Pacheco, mentor da Escola da Ponte, de Portugal, proferiu a aula inaugural dos cursos de Inclusão - Educação e Deficiências Múltiplas, Síndrome de Down - na manhã desta sexta-feira (09), no Centro de Convenções Jornalista Roberto Marinho, para 400 profissionais, entre diretores, orientadores educacionais, pedagogos.

Ele transmitiu aos alunos diversas experiências nos 30 anos em que atuou como professor, onde pôde criar uma escola sem discriminação, sem paredes e sem séries, baseada na autonomia do corpo docente e do aluno. O professor condenou a eleição pela escola de um só método de ensino.

- Não adotamos fórmulas, esquecemos construtivismo, Piaget, método montessoriano e outros para alfabetização, porque não somos apenas um método. Somos tudo. Peguei, há 31 anos, na Ponte, Portugal, uma turma chamada de “o lixo da escola”, com alunos rotulados de epiléticos, doidos, doentes mentais, down, incapazes, e conseguimos alfabetizar e formar para a vida, com aproveitamento total. Professores e alunos tinham autonomia, gozavam de liberdade sem libertinagem. Não criamos fórmulas, mas descobrimos a forma de educar, segundo o potencial de cada um. Basta fazermos como Miguel Ângelo, que certa vez afirmou que, ao olhar um bloco de mármore, vendo o rei Davi aprisionado ali, resolveu libertá-lo, afirmou.

José Pacheco apontou influências de outras escolas em diferentes épocas e locais. “A Escola da Ponte trabalha em cima da motivação do aluno. Ela tem muito da escola ao ar livre da Índia, de Gandhi e outros mestres, e alguma coisa de Sócrates, Platão, da Grécia Antiga. Na Ponte, a área das artes era a parte central da educação. Muitos ex-alunos são, hoje, músicos profissionais, porque aprenderam música clássica desde cedo. Com a minha saída, um dos meus ex-alunos na universidade me substituiu. A escola é única no mundo, mas, brevemente, vão surgir 20 outras em Portugal, dirigidas por ex-alunos meus da universidade, embora a Escola da Ponte não deva ser clonada. Cada uma terá de traçar o seu caminho”.

Na ocasião, o presidente do Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social (Fumdec), Jorge Tavares, falou da participação do Fundo na vinda de José Pacheco a Macaé. “Se não gerarmos capacitação, não chegaremos a lugar algum. Temos que promover a capacitação, para desenvolver atividades necessárias a Macaé, para que o município freqüente as páginas dos jornais como modelo. O Fundo foi criado para atender a todas as necessidade nos diversos setores, como a educação. Só para as instituições sociais, o município destina 20 milhões de reais, montante que nenhuma outra prefeitura destina ao setor.

Milmar Pinheiro ressaltou o apoio do Fundo à Educação, pediu mais ao presidente Jorjão, e falou da mais recente conquista dos alunos. “O prefeito Riverton Mussi instruiu a secretaria para reunir e dar entrada, a partir de segunda-feira (12), na documentação dos alunos da rede municipal, para a doação de um seguro de vida pessoal, com cobertura de 24 horas, nos 365 dias do ano, em instituições existentes no mercado de Macaé. O seguro beneficia os alunos e os pais, inclusive nos períodos de férias escolares”, acentuou a secretária. Milmar agradeceu o apoio às professoras Kátia Rios e Mariângela Monteiro, dirigentes dos cursos, e à representante do Instituto Brasileiro de Integração Corporativa Institucional – IBICI, Roberta Barreto.