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Prefeitura investe no resgate social

19/01/2009 16:04:23 - Jornalista: Equipe Secom

Foto: Bruno Campos

Secretaria desenvolve atividades como aulas de artesanato

Quem ainda não teve a oportunidade de fazer uma visita deve ir à Pousada da Cidadania para conhecer de perto o trabalho desenvolvido pela prefeitura de Macaé com moradores de rua. As mais variadas histórias dão o tom do atendimento prestado hoje a cerca de 40 pessoas que, por um ou outro motivo, acabaram sendo empurradas para viver nas ruas. Para se ter uma idéia, nos últimos seis meses, nada menos que 100 pessoas passaram por lá e puderam encontrar apoio clínico-psíquico e social no momento mais delicado de suas vidas.

O morador de rua chega à Pousada através do trabalho de abordagem da Secretaria de Assistência Social. A partir daí, já nas dependências do projeto, a equipe multidisciplinar inicia o trabalho de triagem para traçar o perfil do novo atendimento. De acordo com a assistente social Ana Palmeira, é realizada uma bateria de exames e a partir dos resultados. Cada caso é tratado de maneira particular – o que garante uma eficácia maior da ação.

- Além disso, fazemos um perfil daquele morador de rua, levantando informações preliminares de quem ele é, de onde veio, há quanto tempo, porque chegou aqui e se quer voltar, explicou Ana, enfatizando que, nos casos em que os atendidos apresentam doenças, são encaminhados às unidades da rede municipal de Saúde para acompanhamento e tratamento.

Apesar de toda a preocupação com o estado de saúde, o foco maior do trabalho é o resgate da cidadania. Isso porque, a grande maioria chega à Pousada sem portar nenhum tipo de documento – o que inviabiliza, por exemplo, o retorno ao mercado de trabalho. Outro problema verificado em 98% das pessoas é o consumo de drogas e/ou álcool. E é em função da complexidade do trabalho que Ana informa que não há um prazo pré-determinado de permanência na casa.

- Cada caso é um caso e por isso mesmo não nos preocupamos de liberar as pessoas num curto espaço de tempo. Até porque, nossa meta é fazer com que aqueles que passam pela Pousada da Cidadania não retornem mais às ruas, argumento a assistente social, frisando que o processo é lento e que também envolve, sempre que possível, as famílias dos moradores de rua.

Quase 100 pessoas em seis meses

A psicóloga Kelle Lobato atesta que a continuidade do acompanhamento é que aumenta a margem de possibilidade de recuperação. Ela citou casos de pessoas que deixaram a casa após estarem aptas para trabalhar novamente. “Essa é a motivação maior do nosso trabalho”, frisou. Mesmo assim, a especialista deixou claro que não há pressa em ‘dar alta’ a ninguém. Prova disso é que atualmente um interno está há exatos seis meses nas dependências da Pousada.

A intensidade do trabalho realizado pela prefeitura pode ser vista na dedicação dos profissionais que trabalham no projeto. De acordo com o secretário de Assistência Social, Júlio César de Barros, apesar de todos os avanços ainda há muito por fazer. E esta é a orientação do prefeito Riverton Mussi. O secretário ainda revelou que se engana quem pensa que no projeto são atendidas apenas pessoas sem instrução: há quem tenha profissão, cursado o segundo grau e até mesmo casos de ex-estudantes universitários. “É um desafio trabalhar neste setor, mas vamos fazer o melhor”, disse.

Na casa existem regras e atividades estabelecidas com parte do processo de recuperação e ressocialização de quem é atendido. Por exemplo: se nas ruas a higiene é algo ignorado, na Pousada todos têm a obrigação de estarem asseados, bem como cuidar da própria roupa pessoal e de cama. Além disso, há horário para dormir e para fazer as refeições e trabalhos na horta e de artesanato para ocupar o tempo até então ocioso. Aulas de alfabetização também são oferecidas para dar dignidade a quem chegou a passar até 10 anos perambulando nas ruas.