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Prefeitura prepara Feira de Ciências 2006

22/05/2006 11:37:20 - Jornalista: Alexandre Bordalo

As secretarias de Ciência e Tecnologia (Sectec) e Educação (Semed) estão organizando o projeto da Feira de Ciências 2006. Para pontuar os preparativos, reuniram-se representantes destes dois órgãos públicos municipais. O evento acontece em primeiro momento entre os dias cinco e oito de junho nas 116 escolas municipais, com apresentação de trabalhos de alunos dos ensinos fundamental e médio.

Os melhores trabalhos serão apresentados numa segunda etapa a ser realizada entre os dias 23 e 25 de agosto, em local ainda a definir. E na terceira fase, será a Feira Macaense de Ciência, Tecnologia e Inovação (Femacti), quando irão participar também trabalhos das escolas particulares, estaduais e federal. Esta exibição acontece no Macaé Centro, entre os dias 16 e 23 de outubro.

A Femacti acontece justamente na semana nacional de ciência e tecnologia. “A secretaria de Ciência e Tecnologia acredita em resultados a longo prazo. Entretanto, o trabalho do biodíesel, apresentado no ano passado já faz parte de projeto de instalação de fábrica”, disse o secretário Guilherme Jordan. Ele considerou ainda que a qualidade dos trabalhos tem superado as expectativas da Sectec.

As escolas estão sendo convidadas a participar do projeto Feira de Ciências 2006. O objetivo é que estes acontecimentos se tornem referência na região e no estado do Rio de Janeiro.

A fábrica de biodíesel

Vencedor da Feira de Ciências do ano passado, um trabalho de alunos do Cefet fez com que a prefeitura se interessasse em montar uma fábrica de biocombustível utilizando óleo de cozinha. O projeto está sendo desenvolvido através de parceria entre a Sectec e o Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) – Unidade de Ensino Descentralizada (Uned) de Macaé. “É um trabalho 100 % macaense”, orgulha-se Guilherme Jordan.

O projeto consiste em transformar óleo de cozinha, que geralmente é jogado in natura na rede de esgoto, em biodíesel. A idéia é instalar a fábrica até o final deste ano. O projeto será implantado na incubadora de empresas da Sectec, dando aproveitamento nobre ao óleo, que será reaproveitado, proporcionando energia, desenvolvimento industrial e avanço à defesa do meio ambiente, indo ao encontro da sustentabilidade.

A prefeitura de Macaé aproveitará a nova fonte energética como combustível para os tratores da Fundação Agropecuária, Abastecimento e Pesca (Agrape). É que o óleo poderá ser substituído pelo biodíesel, sem necessidade de ajuste no motor, podendo ser usado puro ou em misturas com díesel.

O trabalho foi desenvolvido pelos alunos do Ensino Médio Bruno Damasceno de Souza, de 18 anos, do terceiro ano, e Laís de Souza Ferreira, de 17 anos, do segundo ano, coordenados pela professora de Química Margarida Lourenço Casteló. “Foi um trabalho reconhecido porque tivemos rigor científico e preocupação com a inovação tecnológica”, afirmou a professora, lembrando que a idéia surgiu em sala de aula no final de 2004. O trabalho encontra-se escrito e registrado em cartório. Segundo o assessor especial da Sectec, Marcelo Machado, a secretaria convidou a professora Margarida para apresentar uma atividade que motivasse os alunos da rede pública em criar idéias para o desenvolvimento científico e tecnológico. “A Sectec gostou do trabalho e passou a apoiar os alunos da Cefet-Uned, Macaé”, comentou.

Depois de vencer a Feira de Ciências Municipal, o trabalho ficou em primeiro lugar na Feira Estadual, no Rio, em novembro do ano passado, e em primeiro lugar na Feira Nacional, ocorrida na Universidade de São Paulo (USP), em março deste ano. O trabalho macaense competiu ao todo com 293 concorrentes de escolas municipais, estaduais, particulares e técnicas de todo o país.

Além disso, os estudantes macaenses receberam o prêmio do Instituto Paula Souza e do Sebrae. “Não foi surpresa a premiação deste projeto, o que permitiu que a parceria com a Sectec evoluísse para a instalação da fábrica de biodíesel”, adianta Marcelo. De acordo com o secretário Guilherme Jordan, a fábrica vem ao encontro das necessidades básicas da região, que incluem a busca de incentivos a novos espaços de negócios para a economia.

“A partir do desenvolvimento do trabalho da professora Margarida em transformar o óleo vegetal em biodíesel, instalaremos a fábrica, cuja matéria prima será recolhida em estabelecimentos comerciais na cidade. Além do mais, estaremos produzindo combustível ecológico, iniciando uma revolução numa possível transformação da matriz energética”, avalia.

Jordan citou ainda outros exemplos sobre a importância do projeto. O descarte do óleo poluente, que será tratado e convertido em combustível, além do fato de o biodíesel ser menos poluente sendo tema nacional de energia alternativa, é uma das justificativas para o projeto.

Conforme disse a professora Margarida, a fábrica de biodíesel poderá crescer em função da demanda e utilizar outros óleos vegetais, que viriam a incentivar a agricultura familiar, conferindo à futura empresa o selo de empresa social. Este selo é dado pelo governo federal. Também será pleiteado o selo verde, devido ao destino nobre do material poluente, produzindo biodíesel, fonte energética oriunda da bio massa.