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Prefeitura promove Seminário “Macaé, Trajetória e Alternativas para o Desenvolvimento”

02/07/2008 17:10:42 - Jornalista: Céssar Dussac

A prefeitura, por intermédio do Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico (Fumdec), promoveu o seminário “Macaé, Trajetória e Alternativas para o Desenvolvimento”, para uma platéia de empresários, na noite desta terça-feira (1), em um hotel da Lagoa de Imboassica.

Os temas debatidos foram “Alternativas para Manter o Dinamismo Econômico”, apresentado pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mauro Osório, “Planejamento Estratégico e Desenvolvimento”, a cargo do economista e consultor do Sebrae Orlando Thomé, e “Boas Práticas de Políticas Públicas”, desenvolvido pela gerente da área de Políticas Públicas do Sebrae/RJ, Andréia Crocamo.

O presidente do Fumdec, Francisco Navega, apresentou os debatedores, e enfatizou que o prefeito Riverton Mussi vem implementando várias ações das que foram abordadas, o que inclui a atual administração nos procedimentos da moderna administração. Navega lembrou o sistema de gerenciamento de crédito, a inclusão social, o Fumdec, o excelente nível da educação municipal, a qualidade da merenda escolar, as parcerias com os governos estadual e federal, o que cria um excelente ambiente de negócios.

Mauro Osório mostrou alternativas para manter o dinamismo econômico e defendeu a idéia de que isto se consegue com a fórmula crescimento econômico mais distribuição de renda e investimento em infra-estrutura. Ele fez um breve histórico da economia fluminense, passou pela criação do estado da Guanabara e pela fusão, embasado em números reais, de 1960 a 2007, com destaque para Macaé.

- Tirando-se o petróleo e gás, a indústria de transformação do estado cai no período, começa a se reerguer em 2007, e até o setor agrícola entra em baixa, para subir a partir de 2007. Quanto às receitas correntes, referentes a 2006, alguns municípios do estado crescem, incluindo-se Macaé (64%). No período 1996-2006, no item empregos por setor, enquanto a agropecuária do estado cresce 3%, a de Macaé sobe 35%. A indústria de transformação cai no estado, e passa a se reerguer também em 2007, enquanto Macaé cresce 209%. De 2000 a 2007, no item administração pública, Macaé apresenta um crescimento quatro vezes maior do que o do estado como um todo. A partir de 2006, constata-se em Macaé a reestruturação do setor público, com a criação de uma ambiência de negócios. Constata-se também o crescimento de 18% relativo a emprego na área do petróleo e gás, enumera o professor.

Orlando Thomé observou que o Brasil começa a pôr em prática o planejamento estratégico em fins da década de 1980 e início dos anos 90, com a abertura econômica do país à importação de produtos de todas as áreas, o que obrigou as empresas nacionais a se desenvolverem. Thomé enfatizou que o planejamento municipal deve ser projetado para 20 anos, no mínimo.

- Por não se preocupar com planejamento estratégico, a indústria nacional não tinha competitividade, inclusive porque havia setores com reserva de mercado, como era o caso da informática. Para fazer frente à abertura do mercado às importações, o empresariado teve que direcionar o foco para o planejamento estratégico, o foco para criar mais condições de competitividade. Com o planejamento, alcança melhores resultados e torna a empresa necessária, o que garante sua perenização no mercado. A estratégia significa, em primeiro lugar, ter em mente a razão de ser, a missão da empresa, saber aonde se quer chegar. É ter um norte, e saber como se faz para chegar lá, utilizando os recursos disponíveis, com uma visão de futuro. O alinhamento estratégico significa todos os componentes da equipe remar juntos para alcançar os objetivos, disse Thomé.

O palestrante ressaltou que as prefeituras têm de seguir os mesmos passos de uma empresa moderna, conforme os itens que enumerou. Se há competitividade entre as empresas, as prefeituras também competem entre si.

- O autor do livro “Marketing de Lugares” ensina que lugares competem entre si, com o potencial de cada um, atrativos turísticos, e mercados a serem criados. O primeiro aspecto é a investibilidade, responsável por atrair investimentos. Mais que incentivos fiscais, as prefeituras devem oferecer um ambiente favorável aos negócios. A habitabilidade - altos índices de qualidade de vida - com a conseqüente elevação da auto-estima da população – resultado de um trabalho sério de políticas públicas - é outro item da investibilidade que interessa às empresas. Visitabilidade significa ter algo para ser visitado, e não tem a ver, necessariamente, com turismo. Compete, portanto, ao poder público criar ambiente favorável à instalação de empresas em seu município. O planejamento estratégico não é tentativa, não é predizer o que vai acontecer e, sim, um instrumento para raciocinar agora, concluiu Thomé.

Andréia Crocamo enfatizou que não se pode falar de desenvolvimento, sem mencionar as micro e pequenas empresas, muito importantes para a geração de emprego e renda nos municípios. Disse também que os municípios podem realizar boas práticas de políticas públicas, e deu exemplos de sucesso no apoio aos pequenos negócios no país.

- O Brasil é o país dos pequenos municípios. São 5,564 mil, onde são gerados pequenos negócios em sua maioria. O desenvolvimento na agenda pública, atualmente, compreende obras de infra-estrutura, segurança, saúde e educação. Os governos municipais devem promover o mercado local, regional e as exportações. Devem identificar as vocações potenciais existentes no município e apoiar a oferta dos produtos e serviços locais. O prefeito de Cabaceiras, cidade da Paraíba, estimulou a criação e ampliação da Festa do Bode Rei, que culmina com a coroação do bode. Os pratos preparados com a carne do animal são consumidos em meio a danças regionais. A festa atrai milhares de turistas, que movimentam a economia da cidade e região. A cidade fica numa região desértica, sem rios próximos, de terra seca e pedregosa, que o gado caprino suporta muito bem, contou Andréia, que citou outros casos semelhantes.

A gerente da área de políticas públicas do Sebrae/RJ falou da necessidade de os governos municipais incentivarem a sustentabilidade ambiental com debates públicos sobre a questão do meio ambiente. “Quanto ao acesso ao crédito, Andréia citou o caso da prefeitura de Tauá, que melhorou o acesso ao crédito, depois que criou um fundo municipal – Macaé tem o Fumdec – que toma o empréstimo bancário e repassa ao empreendedor. Todos os procedimentos de incentivo devem priorizar as micro, pequenas e médias empresas”, destacou.