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Prefeitura realiza primeiro Walking Tour para surdos com intérprete de Libras

10/12/2025 16:07:00 - Jornalista: Elis Regina Nuffer

Foto: Moisés Bruno

A edição inclusiva foi no Forte Marechal Hermes

A prefeitura promoveu, na manhã desta quarta-feira (10), a primeira edição inclusiva do Walking Tour (passeio a pé ou caminhada), realizado no Forte Marechal Hermes de Macaé. O passeio histórico contou com a presença de intérprete de Libras e reuniu cerca de 50 pessoas, fortalecendo a inclusão da comunidade surda na história e cultura da cidade.

O projeto da Secretaria Municipal de Turismo ganhou um novo movimento em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Acessibilidade e Economia Solidária, que teve a iniciativa da visita guiada inclusiva através da Coordenadoria Geral de Políticas para Pessoas com Deficiência (PcDs).

"A realização desta edição especial do Walking Tour representa um avanço importante no compromisso do município com a inclusão e a acessibilidade. Proporcionar às pessoas surdas a oportunidade de conhecer nossa história e nossos espaços culturais e turísticos com comunicação adequada é garantir que elas ocupem esses lugares com autonomia e pertencimento. Este projeto reforça que políticas públicas só são completas quando alcançam todos, respeitando as singularidades de cada cidadão e promovendo igualdade de acesso", destacou a secretária de Desenvolvimento Social, Nayara Ribas.

Crianças e adultos participaram do tour, que teve duração aproximada de uma hora e meia de experiência acessível e educativa. O projeto garante acessibilidade para pessoas surdas em pontos turísticos de visitação pública, permitindo que explorem e vivenciem a história de forma autônoma e prazerosa.

O percurso começou em frente ao Forte, com vista para o mar, e seguiu pela Sala das Honras (Museu do Quartel), prédio construído em 1910 e integrado à fundação da cidade. Os visitantes surdos conheceram ainda o monumento do Marco Zero de Macaé, datado de 1613, além de passear entre canhões, muralhas e outros elementos históricos, sempre acompanhados pela tradução simultânea em Libras.

A Coordenadoria de Educação Bilíngue de Surdos da Secretaria Municipal de Educação foi convidada especialmente para participar da iniciativa, reforçando o compromisso de fortalecer a cultura surda e estimular nos alunos o senso de pertencimento à sociedade e à história.

"A surdez é uma deficiência que tem cultura e necessidades próprias e, por isto, depende de acessibilidades particulares para vencerem as barreiras comunicacionais", explicou a coordenadora geral de Políticas para PcDs, Caroline Mizurine.

A guia turística Paloma Rosa conduziu o passeio, detalhando cada ponto histórico com apoio dos sinais característicos em Libras, que deram vida às descobertas do grupo.


Trabalho integrado inclui os surdos no mundo

O projeto também contou com a participação das Coordenadorias Gerais de Políticas para a Juventude e de Igualdade de Gênero e Diversidade. Os titulares Nicolas Siqueira e Ana Carolina Côre acompanharam o passeio, destacando a importância da iniciativa para públicos que também fazem parte da comunidade surda.

Caroline Mizurine reforçou: "Sem o intérprete de Libras e o trabalho integrado o passeio não seria inclusivo e não poderia acontecer. É importante que haja acessibilidade, de fato, para todas as pessoas atendendo às suas reais necessidades para uma vida em sociedade".

A iniciativa também trouxe relatos marcantes. Fabiana Macedo, mãe de um rapaz surdo de 29 anos, contou como se tornou professora para aprender metodologias que permitissem incluir o filho no mundo.

"Quando ele estava na alfabetização tive de voltar a estudar e me formei por ele para aprender sobre as suas demandas como surdo. Hoje meu filho vai ser pai e tem o seu lugar no mercado de trabalho. Ele trabalha há 10 anos em uma escola particular de Macaé que dá oportunidade para os surdos. Mais empresas deveriam abrir as suas portas para os surdos", disse.

O passeio virou o marco para a inclusão dos surdos. Foi realizado logo após o Dia Municipal da Pessoa com Deficiência (9 de dezembro, na terça-feira). Essa data foi estabelecida desde 1999. "Estamos tentando fazer esse movimento para que pessoas com e sem deficiência tomem conhecimento de que existe no calendário oficial da cidade esse dia. O objetivo é dar visibilidade à comunidade e fortalecer a luta pelo reconhecimento de seus direitos", frisou Caroline.


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