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Para avaliar a situação das ilhas do Arquipélago de Sant’Anna, técnicos da Secretaria do Ambiente, com o apoio de agentes da Defesa Civil e de professores e alunos do Nupem-UFRJ visitaram as ilhas das Galetas e do Francês. A equipe teve a oportunidade de presenciar as duas faces do local, o potencial em biodiversidade e beleza cênica de um lado, e a fragilidade da vida selvagem de outro.
Foram traçados objetivos de curto e longo prazos para conservação de elementos da flora e fauna das ilhas. Conforme a avaliação dos técnicos, as ilhas apresentam bom estado de conservação, apesar de registros de ações humanas que causam impacto à paisagem e ao ecossistema.
A ação foi motivada também por denúncias recebidas pela secretaria sobre ancoragem e manutenção de plataformas próximas ao arquipélago. Segundo técnicos ainda são comuns denúncias de pesca predatória para captura de iscas vivas, por grandes traineiras. Esse tipo de atividade afeta espécies de peixes no seu período de defeso, ou que ainda não atingiram sua idade reprodutiva. Outras ações, como pesca com compressor e extração insustentável do mexilhão parecem ter se tornado rotina ao ambiente calmo das ilhas.
Chamou atenção do grupo a ação predatória de parte dos visitantes desse patrimônio ambiental. Durante a visita foram encontrados registros de fogueiras, vegetação queimada, instalação de trilhas irregulares, acúmulo de lixo, destruição de ninhos de aves e pichação em rochas.
Para melhorar a atuação do município sobre a área marinha o governo municipal vai analisar a legislação vigente, a fim de estabelecer com os órgãos federais, estaduais e municipais as devidas competências, fornecendo as regras mais consistentes. Enquanto isso, a Sema planeja intensificar ações de fiscalização, de educação ambiental, pesquisas de monitoramento da vegetação e de aves marinhas, recuperação de áreas degradadas, levantamento de espécies e coleta de lixos marinho e terrestre.
A Defesa Civil tem feito sua parte com ações efetivas de suporte e aplicação do conhecimento sobre riscos e danos, e a Marinha atua na fiscalização das embarcações, que tem resultado em uma melhor qualificação da frequência. A Polícia Federal também tem se mostrado envolvida com a conservação do arquipélago e apoiará na fiscalização e na repressão às ações predatórias.
Esta visita ficou marcada pela situação crítica da ilha das Galetas, onde uma área de camping clandestina removeu grande parte da vegetação de arbustos. O professor Rodrigo Lemes Martins, do Nupem-UFRJ, analisou a área e, apesar de ter considerada satisfatória a recuperação natural de cactos e bromélias, estima que os arbustos e árvores destruídas poderão levar dezenas de anos para recobrirem a ilha. A recuperação das clareiras abertas para camping demandará o plantio de mudas e o isolamento da área.
Numa visita em dezembro do ano passado ao Arquipélago, o professor Fabio Di Dario, também do Nupem-UFRJ, ficou entusiasmado com a diversidade subaquática do lugar. As várias espécies de peixes observadas foram relacionadas ao fato da região se encontrar em uma área de alta produtividade marinha, comparável àquela dos manguezais. O professor e sua equipe localizaram espécies dificilmente avistadas em outras partes do litoral, na praia e costões da ilha do Francês.
A Prefeitura, o Nupem-UFRJ e o Instituto Federal Fluminense traçarão, nos próximos dias, estratégias de pesquisa, monitoramento e recuperação das Ilhas das Galetas, mas o sucesso desse trabalho só será possível se os frequentadores entenderem e ajudarem o propósito do grupo. O governo pede que os munícipes frequentadores das ilhas não façam fogueiras ou churrasco nas ilhas, mantenham distância segura dos ninhos e filhotes das aves marinhas, tragam o lixo produzido de volta nas embarcações, e não levem animais e plantas estranhas ao ambiente da ilha, como cães e gatos.
O contato da Sema para denúncias e informações gerais sobre o arquipélago é 2762-4802, no ramal 210, com a Coordenadoria de Gerenciamento Costeiro ou na Rua da Igualdade, nº 537 – Imbetiba, Macaé.