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Princesinha do Atlântico volta ao Carnaval macaense para brigar pelo título

12/12/2007 16:52:10 - Jornalista: Catarina Brust

Afastada do Carnaval macaense há 12 anos, a escola de samba Princesinha do Atlântico retorna aos desfiles em 2008, disposta a brigar pelo título do Grupo 1, que dá acesso ao Grupo Especial. Com o enredo “No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho.”, dos compositores Gérson, Alemão, Jamil e Malaka, o carnavalesco Jorginho di Paula vai usar e abusar do verde e rosa da escola dos Cajueiros para contar a história da evolução do homem. O presidente da escola, João Batista Silva Corrêa, o Tiê, anuncia que uma vitória já foi conquistada: estar de volta ao Carnaval.

Amigos reunidos pelo samba e uma cerveja para acompanhar o bate-papo. Assim, numa roda de conversa, onde estavam Joel Cruz, Ari Chaminé, Dico, Simeão, Dona Fani, Arnóbio e Três Manuel (o nome é esse mesmo) começou a surgiu o bloco do Gavião, que serviria de base futuramente para a fundação da Princesinha do Atlântico. Como os blocos de boi pintadinhos, o Gavião era confeccionado a partir de uma estrutura para ser carregado por um dos integrantes do bloco, que saía dos Cajueiros pelas ruas da cidade. A ave de rapina era confecciona de sacos de lona e penas.

Com o sucesso do bloco, o grupo acabou fundando a escola de samba em 1979, com o nome de Princesinha do Atlântico. As cores verde e rosa foram escolhidas por Dico. Os ensaios eram realizados aos sábados ao lado da antiga sede da Transitória, no centro.

- O bloco saía da casa do sr. Malaquias e ganhava as ruas do centro, cantando: Um, Dois, Três, fica assim de gavião...”. Antes de ser fundada, a escola já saía, levando para a av. Rui Barbosa (local dos desfiles) sambas enredo como Navio Negreiro (72) e As Minas do Rei Salomão (73). Depois da sede ao lado da Transitória, a escola ganhou um espaço para ensaiar ao lado do Estádio Expedicionário. Pretendemos voltar a ensaiar lá também – explica Tiê, que começou como ritmista da Princesinha aos 12 anos, já tocou tamborim, foi mestre de bateria, e hoje, é o presidente da escola. A bateria sempre foi o ponto forte da escola.

A rivalidade entre as escolas de samba era grande naquela época. A G.R.E.S. Aroeira, a Princesinha do Atlântico, principalmente essas duas, e a Barra, disputavam o título de campeã do Carnaval macaense. Segundo Tiê, essa rivalidade diminuiu muito. “Fomos os primeiros a confirmar presença no 2º Encontro de Bandeiras que foi realizado na quadra da Aroeira no último domingo (9). Cada escola levou sua bandeira. Hoje o relacionamento entre as escolas é mais tranqüilo”, completou.

Muito da história da escola dos Cajueiros não pode ser contado. “Muita coisa se perdeu com o tempo, levada por ex-participantes da escola. Hoje é difícil saber até os anos que a escola foi campeã. Quem tiver alguma informação pode nos procurar”, diz o presidente.

O Dia Nacional do Samba, 2 de dezembro, marcou a volta da escola dos Cajueiros ao Carnaval macaense, com a escolha do samba enredo. A escola também vai promover concurso para a escolha da Princesa da bateria no próximo dia 21 a partir das 21h, no Americano. A finalidade do evento é angariar brinquedos para serem doados às entidades filantrópicas do município. “O ingresso vai ser um brinquedo de R$ 1,99. As inscrições para o concurso podem ser feitas na av. Rui Barbosa, 292, sala 101. As interessadas em participar têm que ter mais de 18 anos”.

Enredo – O carnavalesco Jorginho di Paula explica que só o título do enredo “No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho”, é baseado no poema de Carlos Drummond de Andrade. Na verdade, o samba fala da evolução do homem e de sua conquista por um espaço na sociedade.

- O desfile será dividido em oito setores. Do primeiro ao quarto setor vamos mostrar o homem traçando sua trajetória no desenvolvimento dos seus conhecimentos. Do quinto ao oitavo, o homem atual, suas dúvidas e anseios. Vamos mostrar desde a idade das trevas até os tempos do aquecimento global, terminando com uma mensagem de Paz – explicou o carnavalesco.

Além de fazer o enredo da Princesinha do Atlântico, Jorginho di Paula também está fazendo o Carnaval da Aroeira. “O enredo será ‘Enfim saímos da vida para entrar na história’, que mostrará personagens famosos da história que se suicidaram, como Getúlio Vargas, Judas Iscariotes, Cleópatra, Hitler, entre outros. Além disso vou ser homenageado pela escola de samba Estrela do Amanhã e pela Castelo Imperial”, explicou o carnavalesco bi-campeão pela Aroeira.

Segundo o presidente da Princesinha do Atlântico o troféu de campeã é conseqüência do trabalho. “A Princesinha vai mostrar em 2008 que quem pensou que a luz se apagou, se enganou. Ela voltou”.