Professor da Escola de Artes supera limites e volta às aulas

06/04/2016 11:00:00 - Jornalista: Lourdes Acosta

Foto: João Barreto

Músico instrumentista promove desenvolvimento musical para os alunos

Amor à vida e dedicação à arte musical trazem de volta às salas de aula da Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (Emart), neste mês de março, o professor de piano Ailton Oliveira, de 33 anos. O músico instrumentista que utiliza seu talento ao tocar piano, acordeom, teclado, violão e flauta doce é compositor e personagem de uma verdadeira história de superação.

O professor Ailton está na Emart há três anos e tem formado centenas de alunos no curso técnico de piano. Em 2015, superou um drama com a retirada de um tumor, que comprometia sua coordenação motora. A cirurgia, realizada no Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, no Rio de Janeiro, foi um sucesso, permitindo que dez dias depois, na primeira consulta de revisão, o professor — que nesse período não tocava um instrumento musical — viu o piano do hospital e, primeiro, quis tirar uma foto ao lado. Depois, sentou-se e dedilhou uma canção. Logo era acompanhado por uma plateia de funcionários, pacientes e médicos.

- Estava nas mãos dessas pessoas. Lembro que antes da cirurgia, peguei na mão do cirurgião e disse a ele que meus alunos estavam esperando a minha volta para dar aula – assegurou, acrescentando ainda que recebeu um encaminhamento do neurologista. "Foi o trabalho desses médicos que fizeram eu estar vivo para contar esta história", citou.

Vida de sucesso – O músico Ailton Oliveira, que estava se formando em piano como bacharel pela Universidade Estadual do Ceará, na contramão da sociedade contemporânea, optou por uma vida mais simples há cinco anos, mudando de Fortaleza/CE para Macaé/RJ. Deixou para trás o sucesso como acordeonista exclusivo da banda atualmente conhecida como "Wesley Safadão e Garota Safada", além de ter participado da banda de forró "Mastruz com Leite”. Ele garante que hoje é mais feliz.

- O amor que tenho pela vida me fez optar por uma mudança de cotidiano. Também já estava cansado da vida que levava e comecei a estudar música para sair um pouco da rotina das muitas viagens que fazia com as bandas nordestinas que têm sucesso nacional – revelou.

Ele conta que o fator familiar também o motivou a vir morar na Região Norte Fluminense. “Meu irmão passou no concurso da Petrobras e estava morando sozinho em Macaé, precisando de ajuda. Então, resolvi juntar as duas coisas. Aqui concluí meu curso de licenciatura em música pela UFF e atualmente sou graduando em matemática na Universidade Metropolitana de Santos/Campus Friburgo. Mas, é na Fundação Macaé de Cultura (FMC) que me sinto realizado dando aulas de piano pela Emart, assegurando às pessoas os benefícios provocados pelo desenvolvimento musical”, afirmou.

Música como desenvolvimento motor - Pesquisas com imagens por ressonância magnética num hospital de Boston descobriram que a formação musical precoce melhora as áreas do cérebro responsáveis pelo funcionamento executivo e pode realmente ajudar as pessoas e, principalmente, as crianças para um futuro acadêmico melhor. Crianças que tocam um instrumento apresentam níveis de atividade no córtex cerebral aumentados, indicando maior aptidão a multitarefas.


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