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Professor Tonito faria 80 anos nesta terça-feira

26/12/2005 17:11:41 - Jornalista: Alexandre Bordalo

Se estivesse vivo, o professor Antonio Alvarez Parada (Tonito) faria nesta terça-feira (27), 80 anos. A data foi lembrada pela secretaria municipal de Acervo e Patrimônio Histórico, que no dia 18 de janeiro de 2006 lançará livro inédito, intitulado “Cartas da Província”. A obra contém 67 crônicas publicadas por ele no jornal O Fluminense, entre os anos de 1977 e 1978, tratando como temática o cotidiano de Macaé. Este livro é resultado do trabalho da pesquisadora Larissa Frossard, mestranda do programa de pós-graduação da UERJ, em educação, cuja dissertação será sobre o professor Tonito.

Larissa pede aos macaenses que têm algum material sobre Tonito que emprestem para a exposição que a secretaria realizará na ocasião do lançamento do livro. “Quem puder colaborar é só procurar o Museu de Macaé, onde será a exposição”, avisa. Segundo o professor de história e secretário municipal de Acervo e Patrimônio Histórico, Ricardo Meireles, Tonito era bem humorado, tranqüilo, tinha uma visão de mundo muito boa. “Ele amava a profissão, mantendo um relacionamento muito positivo com os alunos. Além disso, Tonito nutria paixão por Macaé e pelo Fluminense Futebol Clube”, conta.

Ricardo diz ainda que apesar dos 20 anos de sua morte, a presença do professor Tonito é muito forte na memória de ex-alunos. Engenheiros, arquitetos e professores (influenciados por ele) foram marcados pelo seu carisma. “Embora fosse professor de Química, Tonito estudou a fundo a história de Macaé, pesquisando e buscando fatos que são referência para os estudiosos da cidade”, diz o secretário.

De acordo com Meireles, a secretaria de Acervo e Patrimônio Histórico estará dando continuidade à obra de Tonito, através do lançamento do livro. “Só no jornal O Debate, ele publicou mil crônicas sobre a história da cidade”, lembra o secretário, avisando que Tonito foi um pesquisador e não memorialista, pois fez uma pesquisa científica e não emocional.

Biografia de Tonito

Primogênito de imigrantes espanhóis, o professor Tonito foi um dos pioneiros em pesquisas históricas de Macaé. Nasceu em 27 de dezembro de 1925, lecionou química, física, espanhol e matemática no Colégio Macaense, no Colégio Estadual Luiz Reid e no Senai, onde também foi diretor. Fundou a Academia Macaense de Letras e escreveu o Hino da cidade, cuja música é do pianista Lucas Vieira.

Suas obras sobre a história de Macaé são: “Coisas e Gente da Velha Macaé” (1958), “ABC de Macaé” (1963), “Histórias da Velha Macaé (1980), “Imagem da Macaé Antiga” (1982) e “Meu Nome, Crianças, é Macaé” (1983), além de dois livros publicados após sua morte, “Histórias Curtas e Antigas de Macaé (1995). Nestes últimos há mil crônicas em dois volumes, textos publicados no jornal O Debate, no período de 1978 a 1985.

Antonio Alvarez Parada também era colecionador. Manifestava na imprensa idéias e opiniões sobre a cidade. Outras obras inéditas aguardam publicação “Calendário Macaense (jornal O Rebate – 1950), “Quem é quem nas ruas de Macaé” (jornal A Cidade – de 1978 a 1980), “Setenta Anos de Poesia em Macaé (1860 a 1930) de 1979, Palácio dos Urubus – Um Breve Histórico (jornal Macaé – 1980) e ”A Sociedade Macaense” (1978)

Segundo a pesquisadora Larissa Frossard, a dedicação dele na construção da memória de Macaé tem tanta importância, que grande parte do arquivo e da documentação histórica do município foi organizada para constituir o acervo do Centro de Memória Antonio Alvarez Parada. “Este centro faz parte integrante do museu da cidade de Macaé, onde está o conjunto arquitetônico “Solar dos Mellos”, explica.

Ela acrescenta que escrever sobre Tonito é, de certa forma, fazer uma apologia a ele. “Um homem perfeito, adorado, professor exemplar, guardião da história e da memória de Macaé, um educador que ampliava suas atividades cotidianas pesquisando e registrando os acontecimentos que marcam a história”, avalia Larissa, advertindo para que a cidade não faça dele um esquecimento.