Foto: Kaná Manhães
Reunião aconteceu nesta quarta-feira (20)
Dar às crianças que estão internadas nas unidades de saúde do município a oportunidade de não perderem o conteúdo escolar. Este é o principal objetivo do projeto “Educação na saúde e na doença”, que faz parte do Programa de Combate a Evasão Escolar “Estudar é legal”, desenvolvido pela prefeitura de Macaé, através da coordenadoria do Plano Diretor, ligada à Câmara Permanente de Gestão (CPG).
Na quarta-feira (20) representantes do Serviço Social do Plano Diretor, da Secretaria de Saúde e da Secretaria de Educação se reuniram para discutir o projeto. O objetivo é a implantação de classes hospitalares que possam atender crianças e adolescentes internados, para que não percam o vínculo com a escola.
A Secretaria de Educação preparou pedagogos que trabalharão dentro do Hospital Público de Macaé (HPM), da Unidade de Emergências Pediátricas (UEP) e do Hospital São João Batista. Esses profissionais foram capacitados no Hospital Municipal Menino Jesus, no Rio de Janeiro, onde um projeto parecido já existe há 60 anos.
A partir desta segunda-feira (25), a UEP terá uma sala de aula, um pedagogo e uma estagiária que trabalharão com as crianças hospitalizadas. Independente do período de internação, todas as crianças serão atendidas. Para as crianças que estão há mais tempo nos hospitais, os professores farão contato com as escolas, para saber o conteúdo a ser aplicado. Para as internações mais curtas, isso não será necessário: o trabalho será lúdico, visando o aprendizado e o envolvimento das crianças em atividades que possam ajudá-los na recuperação.
Todos os recursos utilizados em uma sala de aula dentro das escolas serão utilizados nos hospitais, com algumas adaptações para garantir a higiene e segurança. Uma das adaptações é o uso do jaleco por parte dos professores, para evitar o risco de infecção hospitalar. Para a pedagoga Elian Dias Ferreira, que irá trabalhar no projeto, a iniciativa é muito importante, pois com a união da saúde e educação é possível evitar a evasão escolar.
Combatendo a evasão escolar
O Programa de Combate a Evasão Escolar surgiu em 2009, depois de um estudo feito para avaliar as causas do alto índice de homicídios na cidade de Macaé. A conclusão foi que grande parte desses adolescentes envolvidos na criminalidade, estavam afastados da escola. O Serviço Social do Plano Diretor iniciou pesquisas de ações que pudessem combater a evasão escolar.
Os dados levantados com a pesquisa mostraram que as crianças se afastavam das escolas por problemas sociais enfrentados dentro da família, e por motivos ligados a saúde. A partir desse quadro, a classe hospitalar mostra uma das soluções: trabalhar com a educação dentro dos hospitais. As medidas começaram a ser aplicada no âmbito da saúde. Além do UEP, o HPM será o próximo hospital a receber mais uma sala de aula hospitalar, ainda este mês mais crianças poderão ser atendidas pelo projeto “Educação na Saúde e na doença”.
Na outra ponta, a questão da família também será trabalhada, com acompanhamento familiar, realizado pela equipe da Orientação Escolar da Secretaria de Educação e do Serviço Social do Plano Diretor, em parceria com o Programa de Saúde da Família (PSF), o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e as Mulheres da Paz, que ajudarão nas visitas as residências em bairros como Malvinas e Botafogo. O Ministério Público e o Juizado da Infância e da Adolescência também apóiam esse trabalho. É um trabalho que requer o envolvimento de pessoas e entidades que abracem a escola.
A prioridade para esse trabalho é a Escola Eraldo Mussi, no bairro Malvinas. Em uma pesquisa realizada até maio de 2010, a escola apresentou o maior risco de evasão. “A violência neste local comprova que existem problemas sociais graves”, disse Viviane Rocha, assistente social e coordenadora do Programa de Combate a Evasão Escolar ”Estudar é Legal”.