
Depois de Macaé ser destaque no 1º Workshop Geografia da Saúde: Novas Fronteiras para a Vigilância em Saúde, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o programa Saúde da População Negra na rede municipal de saúde está preparando ações específicas para melhor atender a população e garantir que o usuário tenha acesso digno, qualificado e oportuno aos serviços de saúde, com equidade e respeito às diferenças.
No município, o programa voltado para pessoas pretas e pardas se alinha à Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), que busca combater as desigualdades em saúde, promover a atenção integral (promoção, prevenção, tratamento) e a gestão participativa, com foco na história e nos desafios enfrentados pela população negra no Brasil, como o racismo estrutural.
Para o ano de 2026, o programa, que visa garantir maior equidade no acesso e na efetivação do direito à saúde para a população negra, está prevendo ações práticas como a realização de rodas de conversa sobre autocuidado e saúde da população negra em unidades de saúde (ESFs), organização de seminários para discutir dados epidemiológicos e a importância do recorte racial, estudos e uso de dados epidemiológicos com recorte raça/cor para criar políticas públicas mais justas e inclusivas, além de ações voltadas para intersetorialidade com o envolvimento de diversas secretarias e órgãos (Ouvidoria, Desenvolvimento Social, Igualdade Racial e Educação).
De acordo com o Ministério da Saúde (2001), a morbidade em relação às doenças mais importantes de caráter étnico que afetam a população negra são a doença falciforme, a deficiência de 6-glicose-fosfato-desidrogenase, a hipertensão arterial, a doença hipertensiva específica da gravidez, o diabetes mellitus e mioma. O programa Saúde da População Negra tem como foco o compromisso com justiça social, direitos e cuidado integral.
A rede municipal de saúde conta com Gerência de Vigilância em Saúde, que tem uma coordenação responsável pela coleta e análise de dados — a Divisão de Informação e Análise de Dados (DIAD).
Dados
O trabalho da equipe da Secretaria de Saúde que ganhou reconhecimento da UERJ revelou as seguintes informações; nos ambulatórios - 87% dos hipertensos atendidos são pessoas pretas ou pardas, 57% dos casos de infarto agudo do miocárdio, 91% dos casos de insuficiência cardíaca, 90% dos casos de pneumonia, 88% dos casos de tuberculose e 98% dos casos de sífilis congênita em crianças.
Nas internações hospitalares: 75% dos casos de diabetes mellitus, 84% dos casos de hipertensão. 94% das deficiências nutricionais, 95% dos casos de leucemia linfóide, 85% dos casos de pré-eclâmpsia em gestantes, 82% dos casos de hipertensão gestacional e 80% dos casos de diabetes na gravidez. Todos esses números têm um ponto em comum: 85% dos atendimentos ambulatoriais e das internações hospitalares foram para pacientes pretos ou pardos.
O PNSIPN reconhece o racismo como um determinante social da saúde e busca garantir que a população negra tenha acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações de promoção, prevenção, atenção, tratamento e recuperação de doenças, considerando as especificidades e necessidades desse grupo populacional.
Em Macaé existe o Programa de Saúde da População Negra e faz parte da Gerência de Vigilância em Saúde, junto com outros programas como: Saúde do Homem, Hepatites Virais, Anemia Falciforme, ISTs, Saúde do Trabalhador Tuberculose e Hanseníase, entre outros.