Projeto Cultura e Identidade recupera história do judiciário macaense

01/09/2011 15:42:13 - Jornalista: Andréa Pessanha

Foto: Moisés Bruno

Os documentos passam por um processo de três etapas até serem recuperados

Recuperar, dentre outras atividades, a história do município tem sido a proposta da Coordenadoria Extraordinária Macaé 200 anos, desde sua criação. E a partir desta proposta, a instituição está desenvolvendo atualmente o projeto “Cultura e Identidade”, que consiste na catalogação de uma quantidade considerável da produção do Judiciário do município entre os anos de 1830 a 1950.

De acordo com o colaborador do projeto e integrante do Núcleo da História Regional da Funemac, Vilcson Gavinho, existem cerca de cinco mil processos civis e criminais do século XIX, muitos deles com repercussão nacional, como o inventário de Euzébio de Queirós Mattoso Ribeiro, de 1885; o processo de condenação de Motta Coqueiro; o testamento da Viscondesa de Araruama e a apelação civil entre herdeiros do Conde de Araruama, que estão passando por um trabalho de reintegração por sofrerem vários danos ao longo dos anos.

- Esses documentos pertencem à Primeira Vara Civil da Comarca de Macaé sob a tutela do juiz Sandro de Araújo Lontra, consignados à Coordenadoria Extraordinária do Macaé 200 anos. O projeto tem como objetivo dar acesso aos pesquisadores, historiadores e escritores a um acervo muito importante de documentos oficiais em termos de informação e que revela o perfil e os valores da sociedade daquela época, destacou Gavinho.

A historiadora e coordenadora do projeto, Aline dos Santos Silva, conta que após todo o trabalho de recuperação desses materiais, será criado um banco de dados que estará disponível online através de palavras-chaves.

- As pessoas interessadas pelo acervo também poderão manusear os documentos originais aqui na Coordenadoria Extraordinária Macaé 200 anos, logo depois que concluirmos este trabalho que está envolvendo 13 pessoas entre higienizadores, paleógrafos e digitadores, explicou Aline.

Já o historiador e um dos paleógrafos (profissional que decifra e conhece as formas de escritas antigas, alfabetos antigos, significados de símbolos, etc.) do projeto, Bruno Rodrigues, menciona vários processos interessantes que foram descobertos ao ler os documentos, como o caso da Estrada da Leopoldina, no final do século XIX, pois quando a estrada vinha para Macaé, os proprietários não queriam vender as terras para a prefeitura, mexendo com toda uma estrutura ambiental, gerando conflitos por conta da passagem dos trilhos que viria trazer o desenvolvimento do município.

- Outro processo muito interessante, no ano de 1834, foi dos escravos que assassinaram o seu dono, que era um alferes muito importante naquela época. A polícia conseguiu chegar aos assassinos que assumiram o crime e que foram condenados à morte, destacou o historiador.

O coordenador geral da Coordenadoria Extraordinária Macaé 200 anos, Ely Perón, ressalta o valor deste projeto como um sentimento que toda a população macaense deve ter pelo passado e pela sua história.

- Espero que o projeto Cultura e Identidade seja coroado com todo o êxito. Os integrantes da nossa equipe foram preparados especialmente para trabalhar com este material, que por sinal está em ritmo acelerado e terá uma outra remessa de documentos para serem recuperados, que se encontram no Solar dos Melos e no Fórum daqui de Macaé. Depois que todo o acervo estiver limpo, faremos uma exposição com material de cada período, explicou.

Perón agradece ao juiz da Comarca de Macaé por acreditar que a equipe possa realizar um bom trabalho e pela confiança em ceder o acervo, que fará parte do Museu dos 200 anos, o qual a Coordenadoria está empenhada em organizar num local climatizado especial para este material.

Mais sobre o projeto

O projeto se divide em três etapas, modelos estes usados por importantes instituições em todo o Brasil, a exemplo da Biblioteca Nacional. A primeira trata-se da Higienização, que cuida da limpeza dos processos que ao longo do tempo sofreram com a ação da natureza e do homem – o uso de produtos químicos. Nssa etapa, a coordenadoria disponibilizou profissionais capacitados, munidos de roupa correta para a ação.

Já a segunda é a Catalogação, que se refere à digitalização de fatos importantes de cada processo formando um banco de dados que, futuramente, poderá ser utilizado para pesquisas; e por último, o Acondicionamento, onde estes processos, depois de higienizados e catalogados, serão embalados em folha de papel com ph neutro (específico para o trabalho) e guardados em local apropriado.


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