Foto: Rogério Peccioli
Documentos históricos servem de base estudo e pesquisa
Conhecer detalhes da nossa história, casos curiosos e ainda servir de fonte para pesquisadores e estudiosos. É isso o que propõe projeto Macaé em Fontes Primárias, que é realizado pela equipe do Solar dos Mellos - Museu da Cidade de Macaé. Por meio da análise e tratamento da documentação permanente, seja ela eclesiástica ou judiciária, o local oferece elementos para uma verdadeira investigação sobre o passado.
Como frutos desse trabalho, foram desvendados, por exemplo, que alguns escravos da Macaé antiga entraram na Justiça, no século XIX, contra os seus proprietários que, mesmo tendo recebido o dinheiro para a alforria, não os libertava. Tudo isso pode ser encontrado nos processos do judiciário que são fundamentos para a pesquisa histórica.
A vice-presidente de Acervo e Patrimônio Histórico da Fundação Macaé de Cultura, Gisele Muniz, afirma a importância da possibilidade de se reescrever a história. “Estamos dispostos a continuar esses trabalhos para que pesquisadores, estudiosos e a população em geral possam investigar dados sobre a história macaense”, conclui.
Uma boa parte desse fundo e dos arquivos eclesiásticos foram devidamente higienizadas, catalogadas, fotografadas e digitalizadas por meio de um projeto entre a Universidade Salgado de Oliveira e o Museu da Cidade de Macaé. Segundo a arquivista do Solar dos Mellos, Juliana Loureiro Alvim Carvalho, são cerca de 1610 processos do judiciário que estão identificados em planilha.
Um outro estudo remete ao início da imprensa no município. Por meio de uma página de jornal encontrada dentro de um processo de Falência, envolvendo os dotes de José Antonio Vianna e José Quintella de Miranda, no ano de 1861: era o jornal 'O Macahense', editado em 1862. O servidor Leonardo Barreto e o estagiário Rodrigo Barcellos, ambos colaboradores no projeto Macaé em Fontes Primárias, encontraram a edição a partir de uma atividade cotidiana que eles realizavam.
Outro exemplo de descoberta foi encontrada em um processo que ratifica um assunto abordado pelo historiador e escritor Antonio Alvarez Parada em seu livro: Histórias Curtas e Antigas. O texto trata dos ossos de um casal, encontrados na Praia de Imbetiba, no século XIX, que até então não se sabia de quem eram. Com os documentos, foi possível descobrir que eram de um pai e uma filha. Eles teriam viajado com o poeta Luis Leopoldo Fernandes Pinheiro Júnior, a bordo do vapor Goytacaz, antes da morte. Tudo isso permaneceu como um mistério para os moradores de Macaé durante várias décadas.