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Província angolana de Cabinda busca parcerias com prefeitura e empresários de Macaé

18/06/2008 15:45:52 - Jornalista: Cesar Dussac


Empresários e secretários municipais se reuniram nesta terça-feira (17) num hotel em Macaé, com o representante do governo de Cabinda, o economista Domingos Antero, para conhecer oportunidades de investimentos na província angolana. O secretário da Indústria e Comércio (Semic), Guilherme Jordan, o assessor de Comércio Exterior da secretaria, Adolpho Moura, o presidente do Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico (Fumdec), Francisco Navega, promoveram o encontro.

Os empresários e os secretários assistiram à apresentação das realizações do governo da província angolana de Cabinda no período 2000/2007, que recebeu obras de infra-estrutura e ações sociais, e às projeções 2008/2010, que lhe dão condições de buscar parcerias com governos municipais e empresários estrangeiros, objetivo da visita.

Também participaram do encontro o secretário Executivo de Marketing e Relações Públicas da secretaria de Comunicação e Integração Social, Décio Braga, o presidente do Grupo de Empresas Prestadoras de Serviços da Indústria de Petróleo e Afins (GEPS), Rogério Silva, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Macaé (ACIM), Francisco Agostinho, e outros empresários locais.

Guilherme Jordan afirmou que o objetivo do encontro é criar condições para o desenvolvimento de negócios entre as empresas interessadas em Macaé e o governo e as empresas de Cabinda.

- A província está para Angola, assim como a Bacia de Campos, ou melhor, Macaé está para o Brasil. Hoje, Angola vive uma estabilidade política e econômica, que dá ao empresariado de Macaé condições de buscar alternativas nesse mercado. Macaé é referência em exploração de petróleo em águas profundas, e pode ofertar todo know-how de suas empresas para atender as demandas econômicas de Angola e Cabinda, disse.

Francisco Navega acentuou que essa rodada de negócios visa à transferência de conhecimentos adquiridos na Bacia de Campos. “Esse conhecimento possibilita a ida de empresários macaenses a Angola, como a Jevin Informática, Sampling, Alphatec, empresas que se juntarão a outras, da cidade, neste arranjo transnacional. É o sonho do empresariado local que se concretiza”, afirmou.

Francisco Agostinho falou da oportunidade oferecida ao empresariado macaense.

- O ponto mais importante deste encontro é a troca de informações. Precisamos conhecer as demandas dos angolanos para atendê-las. A economia, tanto lá como aqui, gira em torno do petróleo, mas neste momento se abre oportunidade para outros setores, segundo as demandas de Angola e Cabinda. No meu setor, de refrigerantes, creio que haja espaço, por ser pequeno ainda o número de empresas instaladas no local, afirmou.

Comitiva

Adolpho Moura relatou que a comitiva está no Brasil há 20 dias, e em Macaé há três dias. Ele disse que o encontro foi programado para, em primeiro lugar, motivar os empresários macaenses. “A China já investiu $ 25 bilhões em Angola, e Macaé deve seguir o exemplo. O município de Macaé tem um sistema de transporte coletivo integrado que eles querem conhecer, além do projeto habitacional do município. A intenção deles é abrir espaço para o empresariado macaense”.

O assessor do governo da Província de Cabinda, economista Domingos Antero, no posto há 12 anos, representante do governador, disse que os contatos só foram reiniciados agora, devido a acertos internos em Angola. Ele explicou o porquê da preferência por Macaé para alavancar parcerias.

- Macaé e Cabinda assinaram tratado de cidades irmãs em 2005, em nosso primeiro contato com o prefeito Riverton Mussi. Além disso, temos características similares – Cabinda (maior produtor da África) produz 60% do petróleo de Angola, enquanto Macaé é o maior produtor brasileiro com 83% do produto. Estamos atentos aos problemas sociais que o boom do petróleo causou a Macaé. Planejamos medidas sociais para evitar isso. Temos uma população numerosa (aproximadamente 300 mil habitantes), que tende a aumentar nas periferias, mão-de-obra não qualificada, principalmente para empresas offshore e onshore, e pretendemos implantar as mesmas soluções encontradas pela atual administração de Macaé, com algumas adaptações à nossa realidade, observou o assessor.

Ações Sociais

Nas ações sociais do governo de Cabinda, Domingos Antero incluiu habitação com a construção de casas na periferia; saúde, principalmente no combate à malária com vacinação, e à AIDS com campanhas institucionais de prevenção, o que fez cair os percentuais de contaminação, segundo ele. A educação, informou, é custeada pelo governo central até o sexto ano (ensino fundamental) com um kit de livros, cadernos e uniformes. Antero disse que o governo da província pretende seguir o modelo de Macaé, que dá o kit até o último ano do ensino médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos). Outro modelo a seguir - no sistema terceirizado e na qualidade – ressaltou, é o da merenda escolar de Macaé.

O economista também apresentou os percentuais do crescimento da Província, fruto dos investimentos do governo local em infra-estrutura, e lembrou que ela é semelhante à Zona Franca de Manaus, livre dos impostos do governo central e estadual, cobrados na capital – Luanda – e em outros territórios.

- Das obras de infra-estrutura, as rodovias principais, de integração, chamadas velozes (vias expressas) são de responsabilidade do governo central de Angola. A província realiza o restante – geração de energia (43 megawatts), saneamento básico, tratamento da água (500m cúbicos/hora) - o que capacita Cabinda a receber empresas de todos os setores da economia – indústria, comércio, serviços. Como em Macaé, estamos realizando obras de macrodrenagem, porque chove na província, praticamente todos os dias, como no Amazonas, observou.

Antero ressaltou que todos os produtos de consumo são importados, e o governo quer mudar isso, e produzir em seu território. “Até os ovos que consumimos vêm da França. Estamos abertos a produtores agrícolas, agropecuaristas, a indústrias de transformação de alimentos, a empresas de construção civil, ao setor têxtil, roupas e outros. As mulheres querem vestir biquínis, influenciadas pelas personagens das novelas brasileiras, disse Antero.

Outro grande atrativo, segundo Antero, são os preços dos combustíveis. “No câmbio local, um dólar vale 75 quanzas (moeda de Angola) e um litro de gasolina custa 40 quanzas, equivalente a R$ 0,53; um litro de querosene (gasóleo) sai a 29 quanzas, equivalente a R$ 0,39. Ele informou que as empresas estrangeiras se instalam em Cabinda, através da Agência Nacional Instituto Privado, que assessora o empresário nos procedimentos legais. Os interessados podem procurar a sede da secretaria de Indústria e Comércio, na Avenida Agenor Caldas, 261, bairro de Imbetiba.