Psicanalista macaense lança e-book no Solar dos Mello nesta quinta

20/05/2015 17:13:00 - Jornalista: Marilene Carvalho

“Por que os loucos escrevemos livros tão bons?”... Vá conferir a resposta no Solar dos Mellos – Museu da Cidade de Macaé, nesta quinta-feira (21), às 19h, quando haverá a apresentação do e-book de título homônimo a esta pergunta, pelo próprio autor, o psicanalista e escritor macaense Tiago Franco. Lançada pela e-galáxia, a coleção de contos tem recebido preciosos elogios de escritores e críticos literários, a exemplo de Moacyr Scliar, falecido em 2011, que ao ler a edição impressa, lançada em 2009, comentou: “Gostei muito de "Por que os loucos…" pela originalidade, pelo seguro domínio da forma, pela superposição de realidade e ficção, e pela temática”. Mais recentemente, o cronista José Castelo ficou tocado pela singularidade percebida na obra: “Gostei muito da ideia desse engolidor de vogais... estupenda!”, parabenizou.

O livro de Tiago Franco é uma narrativa que mistura ficção e realidade de forma única, não se tratando, contudo, de ensaio, ficção, ou biografia, mas de literatura com uma carga de frescor que leva o leitor ao deleite. A obra é intercalada com histórias do dramaturgo Qorpo Santo e do filósofo Friedrich Nietzsche, além de brincar com as vidas de Vargas Llosa, Italo Svevo, Borges e Cortázar. Na verdade, desde a primeira história, passando pelo conto que dá título ao livro, espelho da vida e da obra do dramaturgo Qorpo-Santo, até “Interimário”, recorte biográfico nada lisonjeiro sobre o Prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, o que mais chama atenção é o domínio da narrativa, cuja estrutura parece ter sido criada na medida certa para abarcar a superposição de realidade e ficção contidas nesses contos que se aproximam do absurdo da condição humana.

Sinopse - Reunindo quinze contos, “Por que os loucos escrevemos livros tão bons?” começa por um exercício narrativo cuja forma se assemelha ao tema subjacente às outras narrativas: o duplo. “O engolidor de vogais”, o primeiro conto, leva ao extremo a demanda por inovação de uma literatura que se autodenomina pós-moderna, erigindo em torno do personagem um muro de isolamento e alienação, que só faz afastá-lo dos potenciais leitores.

“Wall Street Journal” é o diário íntimo de um escritor que encontra na doença mental um alívio para sua recusa em escrever, vítima de um misterioso mal cuja semelhança com o Bartleby de Melville parece perturbá-lo. “A pedra”, “O autista literal” e “Writer's block”, cada um a sua maneira, descrevem escritores em situações-limite com o fazer literário e as saídas, ou melhor, os impasses que encontraram para dar sentido ao inominável em suas obras. “Ks”, “O caso Borges”, “O inconsciente de Schmitz” e “Maupassant” ficcionalizam a biografia de escritores como Kafka e Svevo a fim de examinar as relações entre loucura e escrita literária.

Tiago Franco nasceu em 1974. É escritor e autor do livro de contos O olho vesgo (Ateliê Editorial, 2002), publicado sob pseudônimo. Recebeu os prêmios: 1° lugar no V Concurso Municipal de Contos de Niterói, 2007, com o conto “O inconsciente de Schmitz”, incluído na coletânea lançada pelo selo Niterói Livros; e 2° lugar no Concurso Literário da Academia Brasileira de Médico Escritores (ABRAMES), em 2009, com o conto “Wall Street Journal”. O conto “Desapontamentos do dr. Lacan” saiu na coletânea Encontros na estação, organizada por José Castello (Oito e meio, 2012).