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Resultados de pesquisas da UFRJ estarão nas salas de aula

05/12/2012 09:45:00 - Jornalista: Andréa Lisboa

Foto: Romulo Campos - arquivo

As lagoas do Parque de Jurubatiba são alvo das pesquisas de liminologia da UFRJ

Os dois polos em Macaé da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolvem pesquisas com destaque no país em várias áreas de conhecimento. As mais recentes, no âmbito da ecologia podem chegar, a partir do próximo ano letivo, às salas de aula do município. Os polos da UFRJ ficam na Cidade Universitária e no Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé (Nupem/ UFRJ), no bairro São José do Barreto.

Uma dessas áreas de conhecimento é a limnologia, que estuda os ecossistemas continentais, como, por exemplo, lagos, rios ou brejos. Eles são primordiais, por ser a água essencial à vida. O Nupem tem uma grande importância para o país neste campo, especialmente para a região Norte Fluminense, pelos estudos de longa duração em diferentes ecossistemas aquáticos.

Entre as pesquisas em destaque, está a do estudo do ciclo do carbono na área de limnologia. Seu interesse é avaliar o papel desses ambientes aquáticos na emissão e também no sequestro de carbono, ou seja, na recepção de gases de efeito estufa, como o metano e o dióxido de carbono, entre outros.

- Os dados dos estudos estão apontando que as lagoas costeiras são “sequestradoras” de carbono, ou seja, seguram o carbono. Portando, com a destruição desses ecossistemas, a natureza perde essa ferramenta de retenção, uma grande aliada. Apesar das lagoas emitirem metano, sequestram mais do que perdem - explica o professor doutor em Ecologia da UFRJ/Macaé, Marcos Paulo Figueiredo de Barros, que é especialista em limnologia.

Quanto ao efeito estufa, o professor esclarece que o metano já existe na natureza e é importante para manter temperaturas ideais para a vida. Sem os gases do efeito estufa, a temperatura da Terra seria bem mais fria que a atual. As lagoas colaboram para que haja um equilíbrio.

- Queremos levar esses resultados para as escolas, porque as publicações nacionais e internacionais são restritas ao meio científico. Nas escolas de ensino Fundamental e Médio, é possível se trabalhar temas relacionados ao ciclo do carbono. A entrada desse conteúdo no Caderno de Orientação Curricular (COC) seria muito interessante e crucial - considera.

A Coordenação Pedagógica de Ciência da Secretaria de Educação incluiu, após revisão feita este ano no COC, conteúdos de ecologia. “Acreditamos que, a partir do próximo ano letivo, conseguiremos consolidar esse conteúdo na rede”, disse a coordenadora de Ciências, Martinha Machado.

Técnicos da Coordenação de Projetos de Meio Ambiente da Educação também procuraram qualificação por meio de ações da UFRJ. No início deste ano letivo, dois coordenadores participaram do grupo de cerca de 40 professores das redes municipal, estadual e privada, entre outros profissionais com interesse na área, do curso “Vivências em Ecologia – Conhecendo os Ecossistemas de Macaé”. O curso, com duração de uma semana, teve o objetivo de capacitar profissionais em ecossistemas do município:

- A partir dessa expedição oferecida pela UFRJ elaboramos, juntamente com a professora Maria Inês Paes Ferreira, do Instituto Federal Fluminense, o seminário “Conhecendo os Ecossistemas de Macaé”. Desse seminário participaram professores e monitores que atuam na rede municipal de ensino, das áreas de biologia, ciências e geografia. Eles passaram esses conhecimentos para seus alunos, que são nossa meta final, explica o coordenador, Amauri de Souza Chaves Junior.

- O objetivo desse trabalho é tornar os estudantes cidadãos conscientes. É preciso conhecer esses ambientes para amá-los - disse o também coordenador, Célio Lourenço Neto.

Ecologia – A importância desses ambientes aquáticos vai da biodiversidade, passando pelo valor econômico, pois tudo que é produzido necessita de água, inclusive a pesca, como fonte de alimento, e o turismo.

Muitos resultados de pesquisas do Nupem são publicados em periódicos científicos nacionais e internacionais e colocados a disposição de quem queira fazer uso. Esses trabalhos devem servir aos gestores para manejo dos recursos naturais. Além disso, a universidade colabora diretamente com os pescadores.

Atualmente, seis docentes da UFRJ atuam em pesquisas na área de limnologia. Cerca de 70 alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado de Macaé e do Rio de Janeiro participam direta ou indiretamente delas. Há um curso de pós-graduação no Nupem nesta área, que recebe alunos de outros estados e até de outros países, o “Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais e Conservação” e ainda outro, o “Programa de Pós-graduação em Produtos Bioativos e Biociências”. Ambos tiveram início em 2011, mas desde a década de 90 o Nupem acolhe alunos de pós-graduação para pesquisas.

Os estudos desses ambientes aquáticos começaram no início da década de 80. Posteriormente houve a necessidade de se ter uma base de pesquisa, que foi o ponto de partida para a criação do Nupem e, consequentemente, para o início do processo de interiorização da UFRJ em Macaé. O Nupem tem alojamento, laboratórios e bibliotecas, podendo hospedar também pesquisadores de outros países.