Duas equipes de terapeutas do Núcleo de Saúde Mental da secretaria de Saúde iniciaram nesta quarta-feira (17) a luta antimanicomial no município, com palestras sobre o assunto na Escola Municipal Maria Isabel Damasceno Simão e Colégio Municipal Dr Cláudio Moacyr de Azevedo.
A psicóloga Maria Luzia, integrante do Núcleo, explica o significado do termo anti- manicomial – e fala dos objetivos da luta. “O objetivo maior do Movimento da Luta Antimanicomial é a conscientização das sociedades para o tratamento de portadores de sofrimento mental de uma forma livre, em seu ambiente familiar – ou seja: é acabar com a existência de locais fechados, chamados manicômios, que se tornaram verdadeiros presídios para essas pessoas”, explicou a psicóloga.
Maria Luzia falou da escolha de alunos da rede municipal para o início do trabalho do Núcleo com esse objetivo. “Os adolescentes são multiplicadores de informações. Através deles, as famílias, parentes e vizinhos vão receber as primeiras informações sobre a necessidade de mudança no olhar para o portador de sofrimento mental”, justificou.
A pedagoga Suzely ressaltou que a luta é pelos direitos de igualdade, liberdade e dignidade. “O tratamento fora dos muros de uma instituição foi pregado na década de 60 por um psiquiatra italiano e, na década de 70, iniciou-se, timidamente, o movimento no Brasil. Só recentemente, em 06 de abril de 2001, foi promulgada a lei nº 10.216, que reorienta o modelo assistencial ao portador de sofrimento psíquico, direcionado para uma convivência no seu território, que inclui família e vizinhança, visando ao despertar do ser como cidadão”, observou a pedagoga.
As fonoaudiólogas Fabiana e Ana Cristina reforçaram a escolha dos adolescentes como público alvo dessa luta. “Os adolescentes são os próximos adultos, que vão lidar com o problema na sociedade de modo geral e, muitos, em suas famílias em particular, e a maioria terá poder de decisão sobre o destino desses familiares. Por isso, devemos trabalhar para influenciá-los”, concordaram.
As fonoaudiólogas Betânia, Aline e Luciana abordaram algumas experiências vividas hoje em sala de aula. “No início da conversa, a maioria rejeitou ou desconhecia o assunto. Depois, contaram casos de portadores de sofrimento mental em suas famílias e vizinhança, falaram do comportamento dessas pessoas e acabaram aceitando a idéia de não trancá-los atrás de muros, totalmente isolados da sociedade”, contaram.