"Temos que ter o direito de ir e vir, de sermos tratados com dignidade e respeito”, disse o usuário do Centro de Atenção Psicossocial (Caps Betinho), em Macaé, Murilo Pereira.
Para celebrar o Dia de Luta Antimanicomial (18), a Secretaria de Saúde iniciou, nesta terça-feira (16), uma série de atividades com objetivo de mostrar para sociedade o movimento de luta pelos direitos das pessoas com transtornos mentais.
Murilo, que há 23 anos frequenta o Caps, já passou por várias instituições psiquiátricas.
“Só quem já passou por algum manicômio sabe o sofrimento. Tinha que tomar banho frio às 6h da manhã, durante as principais refeições a proteína era salsicha ou carne de soja. Quando alguém tinha crise era dopado e ficava três dias apagado. Foram momentos terríveis, mas hoje moro sozinho, cuido das minhas coisas, faço tratamento com medicação e terapia”, contou.
Quem também contou de sua experiência foi o usuário Carlos Henrique Martins, que faz questão de dizer que é conselheiro de saúde. “Eu cheguei no Caps em 2006 e o tratamento foi fundamental na minha vida. Hoje eu consigo me expressar, falar com as pessoas, sei dos meus direitos e deveres, e até ajudo outros usuários. E hoje viemos aqui conversar sobre direitos humanos, este o direito fundamental da vida”, pontuou.
Na manhã desta terça-feira (16), usuários, familiares e profissionais da saúde se reuniram na Praça Veríssimo de Melo, onde foram expostos cartazes e faixas, além de apresentação de dança circular e roda de conversa.
A gerente de Saúde Mental, Lorrane Moreira, acrescenta que as atividades extramuros são importantes para dar visibilidade às ações dos dispositivos de saúde mental do município.
“A sociedade precisa acolher essas pessoas e este é um momento de dialogarmos com todos”, disse.
O Movimento Antimanicomial completa 36 anos este ano e representa a luta pelo fim da saúde mental enclausurada nos manicômios. O movimento chama a atenção da sociedade para a necessidade de qualificar e ampliar as políticas públicas para atendimento a essas pessoas, principalmente, em ambulatórios, em vez de longas internações em instituições psiquiátricas.
Dispositivos de Saúde Mental – Os Centros de Atenção Psicossocial têm o objetivo de atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes e seus familiares. A equipe do Caps está habilitada para prestar o cuidado em atenção psicossocial, buscando preservar a cidadania, o tratamento no território e seus vínculos sociais. Oferece psicoterapia em grupo, oficinas terapêuticas, atividades comunitárias e artísticas, orientação e acompanhamento do uso de medicação, bem como atendimento domiciliar aos usuários e familiares.
Em Macaé, o Caps Betinho funciona na Rua Compositor Benedito Lacerda, 212, no Centro da cidade, e está inserido no Programa de Saúde Mental da Secretaria Municipal Adjunta de Atenção Básica, vinculada à Secretaria Municipal de Saúde. O município conta, também, com o Caps Infantil, Caps Álcool e Drogas (AD) e o Núcleo de Saúde Mental.
