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Secretaria de Saúde em ações contra a Hanseníase

21/01/2011 13:44:45 - Jornalista: Monica Torres

Foto: Ana Chaffin - arquivo

Prefeitura oferece tratamento para a doença, descentralizando o atendimento

O Programa de Dermatologia Sanitária, que trata da questão da hanseníase no município, vinculado à Secretaria de Saúde, vem promovendo ações diárias no controle e no combate à doença. As ações acontecem tanto na sede do Programa, no Centro de Saúde Dr. Jorge Caldas, como nas unidades de saúde da cidade, os Programas de Saúde da Família (PSF), e nos Centros de Especialidades Moacyr Santos (Barracão) e o Núcleo de Atendimento à Mulher e à Criança (Nuamc).

Ao longo dos seus 35 anos, o Programa promoveu e continua promovendo campanhas de prevenção, mutirões, educação continuada para profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, técnicos de enfermagem e fisioterapeuta), sempre em parceria com outras secretarias e programas, como a de Educação e o de Homeopatia, Acupuntura e práticas integrativas.

Mas também, participam desta parceria a Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro e o Ministério da Saúde, que através do Programa Nacional de Controle de Hanseníase, apresenta dados que afirmam que o país cura 81% dos casos novos de hanseníase.

O Programa de Dermatologia Sanitária de Macaé conta com uma assistente social, dois enfermeiros e três técnicos de enfermagem. Mas, em geral, o diagnóstico de novos casos, tanto como o tratamento dos pacientes com hanseníase, são descentralizados nos PSFs e nos centros de especialidades, como informa o gerente do programa de Dermatologia Sanitária, o médico Cláudio Fonseca Guimarães:

- O nosso município foi um dos primeiros que adotaram o tratamento descentralizado, isto é, nas próprias unidades de saúde do município, e não só na sede do Programa, no Jorge Caldas. Nas unidades os profissionais já estão capacitados para promover a busca ativa, como identificar os casos e, constatado, começar o tratamento necessário. Temos um fisioterapeuta, do Centro de Reabilitação aqui do município, que se capacitou na Fiocruz sobre a doença.

A adoção da fisioterapia no tratamento, esclarece Cláudio, pode evitar possíveis seqüelas da doença. De acordo com o coordenador, no estado do Rio de Janeiro Macaé é considerado um município de baixo risco, com menos de 5% de pessoas com a doença. A maior incidência acontece na baixada fluminense. “Nosso trabalho, na área de prevenção, tem como objetivo fazer com que este índice seja ainda menor e em pouco tempo a hanseníase seja erradicada”, afirmou. O coordenador ainda lembra que a Equipe da Guarda Sênior, do programa social da Guarda Municipal de Macaé, também já participou de capacitação sobre o assunto.

Hoje, a média do município é de 30 pacientes, por mês, fazendo o tratamento, que varia de seis a 12 meses. O Programa concentra todas as notificações dos casos, que são enviadas ao Ministério da Saúde e entram na estatística para novas ações e campanhas com relação à doença.

- Quanto mais precoce for o diagnóstico, menor será o risco de a pessoa com hanseníase apresentar reações e seqüelas. Para se tratar aqui, vem pessoas de outros municípios e até estados, por motivo de Macaé ser um pólo de empregabilidade. Só esta semana, chegaram dois casos vindos de outros estados, explica o coordenador.

Cláudio finaliza acrescentando que a próxima segunda-feira (24) é o Dia Mundial do Hanseniano, data para se comemorar os números positivos no combate à doença e lembrar que o preconceito com relação a esta e outras doenças só atrapalha na cura e no tratamento, e também na relação solidária que temos que ter junto às pessoas.

O tratamento

Segundo o gerente do Programa de Dermatologia Sanitária, o médico Cláudio Fonseca Guimarães, para que o contágio ocorra é necessário o contato íntimo e prolongado com o doente não tratado. “Assim que o doente inicia o tratamento ele pára de contagiar outras pessoas”, explica o médico.

O tratamento, que geralmente ocorre ao nível ambulatorial e não necessita de internação, é muito simples e é efetuado em qualquer posto de saúde gratuitamente. A cura pode levar de seis meses a dois anos. O primeiro comprimido já impede que o doente transmita a doença; em muitos casos, as manchas e os caroços começam a sumir.

Apesar de Macaé não possuir registros significativos de casos de hanseníase, o país ainda apresenta índices significativos. Em razão do preconceito e da falta de informação, o Brasil é o segundo país do mundo em número de casos da doença, perdendo somente para a Índia, em oposição aos países de Primeiro Mundo, que já erradicaram esse mal.

- É preciso ficar sempre atento ao aparecimento de manchas pelo corpo, sobretudo aquelas insensíveis ao calor e à dor. Em caso de dúvida, basta dirigir-se o mais depressa possível, sem nenhum constrangimento, ao posto de saúde mais próximo. A cura é mais fácil e rápida quanto mais precoce for o diagnóstico, anima-se o médico.

O Mal de Hansen

A hanseníase, conhecida popularmente como lepra, é uma doença infecto-contagiosa causada por uma micobactéria denominada bacilo de Hansen. Sua transmissão ocorre pelas vias respiratórias, através de secreções nasais ou saliva eliminada pelos doentes.

A doença compromete, principalmente, a pele e os nervos causando vários tipos de lesões, sendo a característica mais importante a diminuição da sensibilidade. A hanseníase, que no início provoca uma dor quase insuportável, costuma se manifestar com a presença de manchas de cor clara ou avermelhada e às vezes nódulos, que se localizam em qualquer parte do corpo.

Dos quatro tipos de hanseníase existentes, somente duas são transmissíveis. Mesmo assim, os portadores só podem transmiti-la mediante contato íntimo e prolongado e, ainda, se estiverem sem tratamento. A hanseníase não é hereditária nem sexualmente transmitida, mas pode atingir qualquer pessoa.

Histórico - A palavra "lepra" designava toda e qualquer doença de pele, como psoríase, eczema, vitiligo, sarna, micoses etc. O grande preconceito, porém, recaía sobre os portadores de hanseníase, devido aos efeitos devastadores da doença. Os hansenianos, estigmatizados, freqüentemente eram abandonados pela família, expulsos das cidades e condenados a viver no exílio. Não só a exclusão social, como também a fome causavam mais mortes do que a própria doença.

Saiba mais

Sintomas
Seus principais sinais e sintomas são: sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades; manchas brancas ou avermelhadas, geralmente com perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e ao toque; áreas da pele que apresentem alteração da sensibilidade e da secreção de suor; caroços e placas em qualquer região do corpo e diminuição da força muscular (dificuldade para segurar objetos).

Tratamento
A hanseníase tem cura e seu tratamento é realizado através de medicamentos via oral. Esta doença é tratada nas unidades de saúde e seu tratamento é gratuito.

Prevenção
Uma importante medida de prevenção é a informação sobre os sinais e sintomas da doença, pois, quanto mais cedo for identificada, mais fácil e rápida ocorrerá a cura. Uma outra medida preventiva, é a realização do exame dermato-neurológico e aplicação da vacina BCG nas pessoas que vivem com os portadores desta doença.