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Seja um doador de órgão e tecidos. Salve vidas

24/09/2010 09:14:36 - Jornalista: Monica Torres

Foto: Kaná Manhães

Processo da doação no HPM é coordenado pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante

Desde o começo do ano passado, o Hospital Público de Macaé (HPM) está autorizado e capacitado a realizar captação de órgão e tecidos para transplantes. Já foram sete tentativas desde então. Contudo, até agora, duas foram realizadas no hospital, devido à série de procedimentos técnicos que antecedem a captação.

O diretor-superintendente do HPM, Felipe Barreto, explica o processo: “Para os transplantes, lutamos contra o tempo. Todo o processo começa com o acolhimento à família para dar a notícia da morte de seu ente querido e, juntamente, solicitar e explicar sobre a importância da doação”, esclarece o diretor. Da retirada dos órgãos, até o transporte para o Rio Transplante, no município do Rio, a equipe tem no máximo seis horas.

Felipe Barreto diz que muitas vezes a família aceita doar, mas acaba voltando atrás. Ou ainda não dá tempo entre a retirada dos órgãos, transporte e o transplante propriamente dito. Isto devido a todos os processos burocráticos e técnicos necessários. O coração é o primeiro órgão a ser retirado e transportado, com urgência, por helicóptero do próprio Rio Transplante.

Todo o processo da doação no HPM é coordenado pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante, composta pelos profissionais: enfermeira Cristina Lourenço, as ouvidoras Denize Neto e Paula Figueiredo, a psicóloga Maria do Carmo e o médico intensivista Maurileno Neves.

Dificuldades e Desafios: Não faltam doadores. Falta doação

O Brasil possui hoje um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos e tecidos do mundo. Com 548 estabelecimentos de saúde e 1.376 equipes médicas autorizados a realizar transplantes, o Sistema Nacional de Transplantes está presente em 25 estados do país, por meio das Centrais Estaduais de Transplantes. E Macaé faz parte desta lista.

Como informa o médico Maurileno Neves, para ser um doador, não é necessário fazer nenhum documento por escrito. Basta que a família da pessoa que deseja doar saiba da sua vontade. Assim, quando for constatada a morte encefálica do paciente, uma ou mais partes do corpo que estiverem em condições de serem aproveitadas poderão ajudar a salvar as vidas de outras pessoas:

- O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. A doação de órgãos pode ocorrer a partir do momento da constatação da morte encefálica. Em alguns casos, a doação em vida também pode ser realizada, em caso de parentesco até 4ºgrau ou com autorização judicial (não parentes).

A macaense Marilza Viana Silva, 63 anos, esperou quase dois anos pela doação de fígado que acaba de receber no Hospital Geral de Bonsucesso. Ela relata que o fígado que foi captado na segunda doação aqui no HPM seria recebido por ela, porém um caso mais urgente teve prioridade. Antes, portadora de um câncer de fígado, Marilza alerta para a situação de nunca sabermos do dia de amanhã, assim podendo precisar também de uma doação para viver:

- Doar órgãos é um ato de amor e solidariedade. Quando um transplante é bem sucedido, uma vida é salva e com ele resgate-se também a saúde física e psicológica de toda a família envolvida com o paciente transplantado.

“O transplante é, sem dúvida, a tão esperada resposta para milhares de pessoas com insuficiências orgânicas terminais ou cronicamente incapacitantes”, quem ressalta é o secretário de Saúde, Eduardo Cardoso, que continua: “É, sem dúvida, um procedimento médico com enormes perspectivas, porém impossível de ser executado sem o consentimento de uma população consciente da possibilidade, da necessidade e responsabilidade de depois da morte, destinar os seus órgãos para salvar vidas.”

O diretor-superintendente do HPM, Felipe Barreto, finaliza falando do papel do HPM, que vem realizando o que se propôs desde o início do funcionamento, há seis anos, no município: “A equipe do Hospital trata de vida; trata antes, durante e depois da morte, em função da vida. Este é o papel do HPM, que vem cumprindo com maestria a sua função”.


Dúvidas mais frequentes sobre doação:

O que podemos doar?

Um único doador pode beneficiar até 25 pessoas. Ou melhor, 25 vidas. No entanto, os transplantes mais comuns são assim classificados: Órgãos: coração, fígado, rim, pâncreas, pâncreas/rim, pulmão, intestino e estômago. Tecidos: sangue, córnea, pele, medula óssea, dura máter, crista ilíaca, fáscia lata, patela, costelas, ossos longos, cabeça do fêmur, ossos do ouvido, safena, válvulas cardíacas.

Como posso me tornar um doador de órgãos?

O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte.

Posso doar meus órgãos em vida?

Sim. Também existe a doação de órgãos ainda vivo. O médico poderá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças anteriores. A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família (até 4º grau) ou até um amigo

Após a doação o corpo fica deformado?

Não. A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra e o doador poderá ser velado normalmente.

O que diz a Lei brasileira de transplante atualmente?

Lei que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante é a Lei 9.434, de 04 de fevereiro de 1997, posteriormente alterada pela Lei nº. 10.211, de 23 de março de 2001, que substituiu a doação presumida pelo consentimento informado do desejo de doar. Segundo a nova Lei, as manifestações de vontade à doação de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, após a morte, que constavam na Carteira de Identidade Civil e na Carteira Nacional de Habilitação, perderam sua validade a partir do dia 22 de dezembro de 2000. Isto significa que, hoje, a retirada de órgãos/tecidos de pessoas falecidas para a realização de transplante depende da autorização da família.

Como pode ser identificado um doador de órgãos?

A identificação de potenciais doadores é feita, principalmente, nos hospitais onde os mesmos estão internados, através das Comissões Intra-hospitalares de Transplante, nas UTIs e Emergências em pacientes com o diagnóstico de Morte Encefálica. As funções da coordenação intra-hospitalar baseiam-se em organizar, no âmbito do hospital, o processo de captação de órgãos, articular-se com as equipes médicas do hospital, especialmente as das Unidades de Tratamento Intensivo e dos Serviços de Urgência e Emergência, no sentido de identificar os potenciais doadores e estimular seu adequado suporte para fins de doação, e articular-se com a respectiva Central de Notificação, Captação e Distribuição de órgãos, sob cuja coordenação esteja possibilitando o adequado fluxo de informações.

Outras informações sobre Doações de Órgãos e Tecidos
Disque Saúde: 0800 61 1997
Fonte: http://www.adote.org.br/index.php // http://portal.saude.gov.br