Por causa do tempo chuvoso, o evento com shows marcado para a noite de sexta-feira (18) pelo Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, na Praça Washington Luiz foi adiado. Entretanto, para marcar a data, a Secretaria de Desenvolvimento Social está preparando uma ação de conscientização em frente à Câmara de Vereadores, às 10h de sexta-feira (18).
Durante toda a semana aconteceram palestras educativas de orientação e prevenção, promovidas pela Prefeitura de Macaé, através da subsecretaria da Infância e Adolescência. Segundo a coordenação da campanha e levantamentos feitos pelo Conselho Tutelar (órgão responsável por receber as denúncias e direcionar os atendimentos), os casos de violência têm crescido em Macaé. A média é de sete por mês.
Na palestra proferida na tarde de terça-feira (15), a coordenadora da campanha contra pedofilia, Cíntia Carla, orientou os participantes, formados por professores, conselheiros tutelares e estudantes, sobre a prevenção e o combate, alertando que a pedofilia muitas vezes é praticada por parente próximo.
- Temos que orientar para prevenir e inibir o número de casos que são assustadores e onde as crianças e adolescentes são as maiores vítimas da desestruturação familiar. O que se verifica é que a maioria dos casos de abuso sexual a crianças e adolescentes é praticada por parentes ou pessoas próximas da família. Por isso, incentivamos as pessoas a denunciar esse tipo de crime para o Disque 100. Não é preciso se identificar – falou.
Casos em Macaé – O levantamento do Conselho Tutelar de Macaé revela que o que os abusos sexuais em crianças e adolescentes registrado em 2011 foram na ordem de 400 casos. Destes, 71 foram de pedofilia comprovada. Em 2010, dos 750 casos, 100 foram de pedofilia e em 2009, dos mais de 600 casos, 92 foram de pedofilia. O gráfico apontou uma ligeira subida de 2009 para 2010 e uma pequena queda em 2011. Porém, nos últimos quatro meses deste ano, a estatística já está apontando crescimento.
De acordo com a conselheira tutelar Vivianni Acosta, em média dez crianças e adolescentes são vítimas de violência sexual por mês em Macaé.
- É preciso haver mais conscientização, pois só este ano a cidade já registrou mais de 50 casos de pedofilia nos cinco primeiros meses, mais da metade de 2011, onde aconteceram 71 casos. Os altos números fizeram com que o município inovasse na tentativa de esclarecer e educar a população sobre o crime. Macaé é o único município do interior do estado a ter uma semana inteira dedicada ao combate à pedofilia – disse, acrescentando que “quando uma criança é molestada ela é afetada não só fisicamente, mas, psicologicamente, por que são marcas que ficam na alma para o resto da vida”.
A coordenadora dos três Conselhos Tutelares de Macaé, Anete Souto Maior, que participou também da palestra, explicou que todos os casos atendidos passam pela triagem da equipe técnica dos Conselhos e só então são encaminhados para o Creas - Centro de Referência Especializada em Assistência Social.
- Após a triagem dos Conselhos Tutelares, as vítimas e suas famílias são encaminhadas para o Creas, onde atualmente 135 casos estão sendo acompanhados. Enquanto a denúncia é investigada a equipe do Creas, formada por psicólogos e assistentes sociais, faz as consultas semanais para ajudar a amenizar o trauma.
Lei municipal - A lei municipal 3590/11, sancionada pelo prefeito Riverton Mussi e de iniciativa do vereador Júlio de Barros, criou a “Semana Municipal de Pedofilia”, prevendo ações de combate, orientação e de prevenção. Quanto ao Dia Nacional de Combate ao Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes foi em homenagem à menina Aracely Sanches, de 7 anos, que foi sequestrada, drogada, espancada, violentada, morta e desfigurada com ácido por jovens ricos em Vitória/ES, em 18 de maio de 1973.
O que é pedofilia - Definida atualmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como doença, distúrbio psicológico e desvio sexual, a pedofilia caracteriza-se pela atração sexual de adultos ou adolescentes por crianças. O simples desejo, independente da realização do ato sexual, já caracteriza a pedofilia. A OMS diz que não é preciso, portanto, que ocorram relações sexuais para haver pedofilia.