Trabalho de higienização de diversos documentos históricos de Macaé dos séculos XIX e XX está sendo desenvolvido por cinco funcionárias da secretaria municipal de Acervo e Patrimônio Histórico (Semaph). Com orientação da historiadora Márcia Amantino, as profissionais catalogam, digitalizam e fotografam o material. Os trabalhos tiveram início nesta quinta-feira (19), no Cine Clube de Macaé, e só devem ser concluídos no final de 2007.
Segundo o secretário da Semaph, professor Ricardo Meirelles, este trabalho – árduo e longo, uma vez que são limpas página por página – é um dos mais importantes da secretaria. Já foram encontrados processos de crime, inventários, pedidos de tutoria, entre outros. Para ele, a importância destas ações é a contribuição em resgatar a história da cidade e promover o acesso de pesquisadores e estudantes ao acervo histórico da região. Toda a documentação estava sob a guarda da Fundação Macaé de Cultura.
- Em alguns documentos há informações sobre a economia da região, a sociedade da época, além de aspectos culturais -, diz Márcia Amantino. Como exemplo, ela cita 250 páginas, mostrando o movimento econômico da empresa Alfredo Dominguez e Cia (1892). Sobre cultura, ela referiu à passagem, em 1895, da companhia Ítalo Brasil, com cantores líricos. Consta nos documentos que um dos artistas molestou e deflorou uma menina de 13 anos de idade, sendo obrigado pelo juiz a “reparar o mal”, casando-se com ela.
De acordo com Meirelles será feito vasto painel do que foi a sociedade macaense no passado. “Isso vai permitir fazermos comparações sócio-culturais da realidade de ontem com a de hoje”, ressalta. Ele acrescenta que o passado contribui para o entendimento de como a sociedade é dinâmica, onde pode-se ver muitas mudanças.
A justificativa para o fato de naquele tempo as mudanças serem lentas é que, atualmente, há grande avanço tecnológico, que faz o tempo passar mais rápido. “Hoje, a comunicação se dá em tempo real. Temos a internet, os computadores, celulares e outros mecanismos tecnológicos, que agilizam o dia”, exemplifica o secretário.
Para ele, é importante buscar nesta documentação fatos que justifiquem a história presente. “Por exemplo, a necessidade de absorver cultura e arte que ocorre em todos os tempos. “Se na época, cantavam sem microfones ou à luz de lampião, hoje, há sonorização e iluminação. Porém, a necessidade de cultura é atemporal”, finaliza Ricardo.