Foto: Moisés Bruno
O evento aconteceu nesta segunda-feira (11), no auditório do Ministério Público
Para iniciar em Macaé um diálogo sobre o ato de famílias acolherem crianças e adolescentes vítimas de violações de direitos, a subsecretaria da Infância e Juventude (Sinjuv), da secretaria de Desenvolvimento Social, realizou na tarde desta segunda-feira (11), no auditório do Ministério Público, o Primeiro Seminário Família Acolhedora. O evento reuniu cerca de 100 pessoas, entre funcionários públicos municipais, servidores que trabalham no sistema de garantia de direitos de crianças e adolescentes e acadêmicos.
Foram apresentadas algumas ações estratégicas para promoção, fomento e implantação do Serviço de Acolhimento Familiar em Macaé. O serviço desenvolvido no programa Família Acolhedora, como medida de proteção prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, constitui-se outra modalidade de acolhimento para crianças e adolescentes em situação de violação de direitos. A medida se propõe à colocação da criança ou adolescente em um lar provisório, evitando assim a institucionalização.
Uma das ações é abrigar crianças e adolescentes afastados dos parentes em residências de famílias cadastradas. É previsto até que seja possível o retorno à família de origem ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para adoção.
O Seminário
A psicóloga Valeria Brahim, gerente dos Programas Sociais da Associação Brasileira Terra dos Homens, falou no início do evento sobre a perspectiva histórica das famílias acolhedoras em termos nacionais e internacionais.
Ela apresentou noções sobre as leis nacionais e normativas internacionais, além do contexto de pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz. Nele há uma amostragem do acolhimento institucional (abrigo) e o familiar, promovido pelo projeto Família Acolhedora no país.
No segundo painel, a psicóloga Marcy Gomes contou sobre o passo a passo de como captar famílias acolhedoras. "Quando uma criança vai para uma família acolhedora, há todo um trabalho psicossocial para a família de origem. Nossa meta é que as crianças vítimas de violações de direitos fiquem numa família acolhedora até que a família de origem esteja preparada e com condições favoráveis para receber as crianças, protegendo-as, dando-lhes cuidados e não praticando a violência", disse.
No final do seminário, a professora Margarida Marques salientou para o público a importância da doação para amenizar o sofrimento. Ela acolheu uma menina de dois anos e meio por um tempo determinado. "Se eu não tivesse acolhido, a criança teria ido para uma instituição de abrigo", salienta.
A menina, que agora tem três anos, mora com a mãe biológica, que está recebendo apoio psicológico e social, uma condição para que a menina voltasse aos cuidados dela.
Autoridades prestigiaram o evento
As autoridades presentes ao evento foram o vice-prefeito, Danilo Funke; a secretária de Desenvolvimento Social, Ivânia Ribeiro; a promotora de Justiça, Regiane Cristina Dias Pinto; e a comissária da Infância, Juventude e Idoso, Ana Paula Ferreira, entre outros.
Segundo Danilo Funke, o projeto Famílias Acolhedoras vai auxiliar a resgatar os valores da sociedade. "Por mais que se façam bons abrigos, nada substitui a relação humana, que acontece numa família", pontuou.
Já Ivânia Ribeiro disse que esse trabalho mostra alternativas que fogem da ideia antiga dos abrigos. Além disso, proporciona mais humanização. "Discutir a família acolhedora é fazer com que a institucionalização não seja a última resposta", avalia.
Regiane, por sua vez, salienta que o projeto Família Acolhedora é uma importante ferramenta para responder à demanda de casos de criança vítima de negligência ou maus tratos. "A implantação de um projeto desses só tem a acrescentar para a rede de proteção", opina.