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Semtre apóia projeto de beneficiamento de pescado

25/08/2006 17:37:25 - Jornalista: Marilene Carvalho

Um grupo formado por 15 pessoas, em sua maioria mulheres que lidam direta ou indiretamente com a pesca, está apostando no beneficiamento do pescado como uma alternativa de sustentabilidade econômica. A Secretaria Municipal de Trabalho e Renda (Semtre) é um dos órgãos da prefeitura que incentiva a ação, disponibilizando a cozinha do Restaurante Escola da Incubadora de Cooperativas para o treinamento da prática.

O método adotado (Papesca) surgiu de uma parceria do Núcleo de Solidariedade Técnica (Soltec-UFRJ) e o Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (Nupem), em parceria com a UFRJ-Mar. “A incubação de um empreendimento econômico solidário é um dos projetos resultantes do diagnóstico participativo apresentado no final de 2005 à comunidade pesqueira”, explicou Vicente Nepomuceno, que acompanha o grupo representando o Núcleo de Solidariedade Técnica.

Todos os participantes são alunos da Escola Municipal de Pescadores. Nascido em Macaé e há 30 anos vivendo da pesca, Abmael Severino sai para o mar diariamente às 3h da manhã e retorna por volta das 7h com o peixe fresquinho para o consumo. Incentivado pela esposa, Vicência, que também faz parte do grupo e cursa o ensino médio, o pescador decidiu voltar à escola e hoje está na segunda série do ensino fundamental, servindo de exemplo para muita gente.

Integrante do grupo, o pintor de parede Gilmar Fonseca, 25 anos, é outro que resolveu retomar os estudos, matriculando-se no Ensino para Jovens e Adultos (EJA) da Escola de Pescadores, onde completa este ano a primeira fase do ensino fundamental. “Quando o projeto foi apresentado na escola me interessei logo, senti que era uma boa oportunidade de aprender algo novo”, disse.

Dona de uma banca de peixes no Mercado Municipal, Maria Celeste, é uma das primeiras a compor o grupo. Ela conta que depois de retirar os filés e as postas, é feito o aproveitamento das aparas que ficam na pele e na espinha dos peixes, o que torna o negócio mais rentável. “Muitas de nossas colegas trabalham descascando camarão no mercado. Nas épocas de defeso, elas ficam sem rendimento, por isso estão entusiasmadas em investir no negócio”, salienta.

A prática de beneficiamento de pescado compreende várias etapas. “O processo se inicia com a captura e armazenagem do peixe no barco. Depois vem a recepção e limpeza do pescado na cozinha onde se dá prática de beneficiamento. Em seguida é feito o resfriamento que antecipa a produção dos alimentos”, explica a professora Elaine dos Santos Lima, responsável pelas técnicas de higiene repassadas aos participantes.

O grupo vem se reunindo há cerca de um mês, às quintas-feiras, no Restaurante Escola, para identificar os produtos e completar o estudo de viabilidade técnica e econômica sócio-ambiental que servirá de base ao projeto. Na fase atual, será definido também o local para dar início à produção. O grupo tem o patrocínio da Finesp (Financiadora de Estudos e Projetos), para a compra de equipamentos e utensílios. Além da Secretaria de Trabalho e Renda, o projeto conta com a parceria da Agrape – Fundação Agropecuária de Abastecimento e Pesca de Macaé.