Servidores Inovadores: cartas da pandemia criam memórias para as próximas gerações

05/03/2023 09:01:00 - Jornalista: Renatta Viana

Foto: Divulgação

Registro Digital conta experiências e vivências da Covid-19

Desde o ano de 2019, a população mundial esteve diante de um cenário crítico devido à pandemia ocasionada pelo vírus SARS-CoV-2, mais conhecido como Coronavírus ou Covid-19. De acordo com o Ministério da Saúde, no mês de novembro do ano passado o número de óbitos no Brasil estava em aproximadamente 700 mil, tendo o total de 34,9 milhões de pessoas infectadas, colocando o país na posição de 14° lugar no ranking mundial de mortes por coronavírus, mas o Brasil já esteve ocupando 9° posição, evidenciando que a propagação do vírus aconteceu de forma rápida.

Além do alto número de óbitos, a população brasileira passou a vivenciar períodos turbulentos nunca enfrentados durante este século, devido às medidas de distanciamento social. Nesse contexto, o cotidiano e a convivência com outras pessoas transformaram-se completamente, condicionando os membros da sociedade a um mundo de incertezas e medos. Tudo isso trouxe e traz até os dias atuais, diversos impactos na saúde mental e/ou física, onde a depressão, o estresse, a ansiedade e mudanças comportamentais como um todo passaram a estar presentes na vida de muitos indivíduos.

Diante deste cenário, a Secretaria Municipal de Saúde por meio do setor de Divisão Especial de Fisioterapia e Reabilitação de Macaé, criou um Registro Digital (Ebook) acerca das experiências e vivências na pandemia da Covid-19 de indivíduos atendidos no Centro de Acolhimento e Reabilitação Pós-Covid - CARP, no Centro de Reabilitação Dona Sid de Carvalho e profissionais da equipe técnica. O projeto foi inscrito no II Prêmio Servidores Inovadores deste ano pela equipe: Fabiana Paschoal dos Santos, Janiane Nunes Soares Peixoto, David Teixeira dos Santos, Luiza de Fátima Valle Costa, Izabel da Silva Motta e Camila da Silva e foi vencedor do 1º lugar na Categoria Atendimento ao Cidadão - Pequenas Iniciativas.

Considerando que desde o início da pandemia muitos estudos vêm sendo realizados acerca dos efeitos na saúde física, emocional e mental em decorrência da doença e um destes estudos, realizados na China, apontou aumento de 28,8% na população da ansiedade e aumento de 16,5% dos sintomas de depressão. (DANZMAN, SILVA, GUAZINA, 2020). Destaca-se também, que além do receio pelo risco da contaminação, muitas pessoas tiveram que lidar com diversos problemas sociais como a perda do emprego, diminuição do próprio salário ou da renda familiar, o cuidado com os filhos em creches ou escolas, organização da dinâmica familiar, transporte público, dentre outros.

Fabiana Paschoal, representante da equipe, conta que essa nova forma de organização motivou o CARP a implementar a ação por meio de uma assistente social e suas duas estagiárias através de uma análise da realidade condicionada pela pandemia do novo coronavírus, atrelado ao olhar crítico e interventivo do Serviço Social, que atua como porta de entrada na rede de atenção primária, diante do levantamento de dados dos usuários do perfil dos mesmos, pensou-se em uma ação que proporcionasse experiências ligadas ao sentimento de inclusão e acolhimento, e ao mesmo tempo capaz de atuar com foco na promoção da qualidade de vida dos usuários.


“Desse modo, foram solicitados a alguns indivíduos atendidos no Centro de Acolhimento e Reabilitação Pós-Covid – CARP, no Centro de Reabilitação Dona Sid de Carvalho, e a alguns profissionais, que escrevessem Cartas sobre suas vivências, percepções no período da pandemia de Covid-19. Então, pretendemos expandir as Cartas da Pandemia para profissionais de outras unidades de saúde, de outras secretarias, enfim quem sentir o desejo de deixar registrado este importante momento histórico da humanidade, seja por meio de Ebook como a primeira edição, ou na forma de livro físico, a fim de criar memórias sobre a pandemia para as gerações futuras, à medida que essas cartas poderão ser lidas e relidas, permitindo assim o relembrar de momentos, lugares e pessoas que marcam ou marcaram suas existências”.



O momento de premiação gerou grande entusiasmo e motivou ainda mais toda a equipe envolvida. Alguns depoimentos foram marcantes:

Camila da Silva – “Ter ganhado esse prêmio foi uma grande surpresa, pois, o tema “pandemia” e tudo que remete ao assunto com o passar dos dias foi ficando esquecido. As pessoas deixaram de se preocupar com a propagação do vírus, mesmo quando o número de óbitos estava alto. Entretanto, quando começamos esse projeto (Sim, começamos! Pois o mesmo é fruto de esforço coletivo) ficávamos todos empolgados ao pensar que promoveria o acolhimento aos pacientes e ao mesmo tempo se tornaria um material de fácil acesso para que gerações futuras pudessem entender a pandemia por diferentes falas”

Izabel Motta – “No desenvolvimento de minha atividade de estágio, do curso de Serviço Social na UFF Rio das Ostras, nas dependências do CARP, senti-me profundamente agraciada e agradecida por poder participar de um momento tão rico e significativo. Constatar a importância de políticas públicas inovadoras necessárias para promover um atendimento com qualidade às demandas da população. Ao fazer a leitura da carta “Os sobreviventes da Covid-19”, pude perceber que cada um de nós, seres humanos, somos criados para desenvolver relações de convivência. E que no espaço público, encontrar servidores que fortalecem laços de convivência saudáveis, mesmo em momentos de crise, tornam a vida melhor, a partir de seu “servir”.

Luiza de Fátima – O sentimento é de gratidão, pois foi logo no meu primeiro período de estágio e isso ao meu ver dá ainda mais importância e visibilidade para o serviço social dentro da área da saúde, além de dar voz a muitas pessoas nesse período tão difícil que foi a pandemia de Covid-19. Esse foi um projeto inicialmente elaborado pela Camila, ex-estagiária do CARP e agora assistente social, onde eu pude entrar com ele já em andamento e me senti muito feliz por fazer parte.


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