Foto: Rogério Peccioli
Público pode apreciar boa música, além de uma visita pelo lugar histórico da cidade
Resgate do passado da cidade e valorização de sua cultura e história. Isso foi o que cerca de 150 pessoas, entre adultos, idosos e crianças, experimentaram neste domingo (25), pelo Projeto Lugares de Memória do Solar dos Mellos – Museu da Cidade de Macaé, que proporcionou visita guiada à Fazenda Airis (Córrego do Ouro). A iniciativa, que reuniu ainda servidores da prefeitura e seus familiares, fez parte das comemorações do Mês do Servidor.
Três ônibus levaram os visitantes ao espaço – um deles saiu do distrito de Glicério, de onde vieram os músicos-alunos do Colégio Raul Veiga, do 6º ao 9º ano, que apresentaram canções as quais contemplaram o gênero de chorinho, passando até por interpretação de Eleanor Rigby, dos Beatles. Tudo sob a batuta do professor de música, Marcelo Pfeil.
- Nós macaenses temos a Fazenda Airis como um ponto de encontro cultural e histórico. Aliás os lugares de memória - a cidade tem o Forte Marechal Hermes, a Igreja de Santana, o Hospital São João Batista, as sociedades musicais Nova Aurora e Lyra dos Conspiradores e o Solar dos Mellos - são espaços de reconhecimento e de identidade – diz Gisele Muniz, vice-presidente de Acervo e Patrimônio Histórico da Fundação Macaé de Cultura (FMC).
História e economia
De acordo com o historiador Bruno Rodrigues, o nome ‘Airis’ é oriundo da planta (palmácea) homônima. Ela servia às tribos indígenas, pois dos seus espinhos os índios faziam claves de flechas. A etimologia da palavra ‘Airis’ foi dada pelo viajante francês Jean de Lery, que passou pelo Brasil em 1557. Ele catalogou a palmácea como Asterocaryum Aculeatissimum. A Fazenda Airis está localizada em Córrego do Ouro, onde no início do século XVIII o padre Antonio Vaz Pereira fez o aldeamento dos índios. A região foi chamada de aldeia de Santa Rita do Sertão do Rio Macaé.
Bruno disse que nos meados do mesmo século, a região tornou-se freguesia de Nossa Senhora das Neves do Rio Macaé. O café prosperava muito na Fazenda Airis, que fica perto da Fazenda Atalaia, de onde até 1950 tinha origem a água que abastecia a cidade de Macaé. Henrique Antonio Coelho Antão adquiriu a Fazenda Airis no começo do século XIX, dando início às culturas de café e de cana de açúcar e à criação de gado. “Em 1920, a Fazenda Airis foi sede de fábrica de aguardente, conhecido como Canarun”, conta ele.
Um brinde à formação cultural
Para o gerente administrativo Evanildo Machado, visitas como essas promovem uma formação cultural eficaz, aumentando o conhecimento histórico. Já a diretora do Clube de Aventureiros da Igreja Adventista, que levou 17 crianças ao passeio, Bianca Gonçalves, o evento proporcionou ainda desenvolvimento e crescimento educacional das crianças.
A diretora de escola, Janaína Fagundes, afirma que o resgate da história de Macaé permite ainda mais a sua valorização. “A cidade perdeu muito de seu patrimônio arquitetônico e só se conhece bem o presente por intermédio de uma consciência do passado”, explica. Também presente à visitação estava o professor de História Alexander Seixas. Ele contou que o passeio promovido pelo Solar dos Mellos é relevante na medida em que apresenta um pouco da história da cidade.
A ação também foi motivo de elogios do professor de Estatística da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Márcio Medeiros. "Gostei da iniciativa. É uma oportunidade ímpar de se conhecer bem a história da cidade. A capela, a coleção de móveis antigos e a apresentação musical fizeram o passeio ser muito bom", destacou Márcio.
Fazenda Airis
Segundo a zootecnista e gerente administrativo da empresa Primus, Daniele de la Torre, os proprietários da empresa e da fazenda, Gonçalo e Ângela Meireles Dias compraram a propriedade, gostando do grande espaço onde os móveis que colecionam poderiam ser expostos. Graças a essa família, torna-se possível aos macaenses e turistas contemplarem as belezas de artes e de cultura que o espaço proporciona.
Na Fazenda Airis, os visitantes puderam apreciar uma coleção de móveis fabricados entre 1840 e 1960, como cadeiras Luis XV, cristaleiras, oratórios e escrivaninhas. Todos os móveis estão cuidadosamente dispostos numa antiga usina de açúcar e álcool, desativada em 1950, mas inteiramente preservada. O imóvel foi transformado em museu, com visitação gratuita e aberta ao público, que pode conhecer ainda sua capela bastante acolhedora.
Entre as peças da coleção estão móveis de jacarandá - árvore que hoje está em extinção e teve o corte proibido por lei -, dispostos em uma área de três mil metros quadrados. Há ainda um ambiente no qual estão expostos berços e camas. A Fazenda Airis, localizada na estrada RJ-168, tem 1.500 hectares. Para agendar visita, é só ligar para (22) 2762-2161.
Também participaram da realização do evento as secretarias de Educação, Ambiente, Gestão e a de Desenvolvimento Econômico, Tecnológico e Turismo.