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Sonho da casa própria: realidade para famílias que moravam em manguezal

29/08/2008 17:00:37 - Jornalista: Simone Noronha

Um dia que vai ficar na história da vida de 47 famílias de Macaé. A prefeitura e a Empresa Municipal de Habitação, Saneamento e Águas (Emhusa) entregaram nesta sexta-feira (29) as primeiras casas destinadas às famílias que moravam em área de manguezal na Ilha Colônia Leocádia. Dentro de no máximo três meses começam as obras de construção de mais 150 casas: ao todo o projeto vai contemplar 422 famílias.

As primeiras 47 unidades foram construídas na Ajuda, ao lado dos apartamentos do Programa de Arrendamento Residencial (PAR), destinadas aos moradores da Rua Santa Bárbara, que estavam em piores condições de moradia. A retirada das famílias faz parte do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado em 2005 entre a prefeitura e o Ministério Público. O termo prevê a retirada de todas as famílias da Ilha, considerada área de preservação ambiental, e a recuperação do manguezal. A área, fruto de invasão, será toda cercada para coibir novas ocupações irregulares.

De acordo com o presidente da Emhusa, José Cabral, nesta primeira etapa o Ministério das Cidades liberou R$ 815 mil para as obras. As casas têm dois quartos, sala, cozinha e banheiro. O condomínio conta com Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) própria, sem passagem de automóveis. Todas as casas foram construídas com tijolos da fábrica Habitar, que pertence à prefeitura.

Agora, a Emhusa aguarda a liberação de mais R$ 2 milhões do Ministério das Cidades para iniciar a obra das outras unidades. Ao todo, o Governo Federal está investindo R$ 6,5 milhões no projeto. A prefeitura de Macaé entra com R$ 3 milhões. A ação na Ilha Colônia Leocádia faz parte da política habitacional do município, que tem como um dos objetivos remover famílias em áreas de riscos e em áreas de preservação ambiental, promovendo a inclusão social.

A Ilha Leocádia fica localizada a menos de dois quilômetros da foz do Rio Macaé, cercada pelas comunidades do Botafogo, Malvinas e Nova Esperança. O local começou a ser ocupado em 1998 e possui área com cerca de 2,5 quilômetros quadrados.

Emoção e alegria na
entrega das chaves

A entrega das chaves das casas foi marcada pela emoção. Representando os futuros moradores, a doméstica e artesã Alda Maria Mendes, 48 anos, não conseguiu segurar as lágrimas ao receber do secretário de Desenvolvimento Local, Jorge Aziz, as chaves e o manual do proprietário da casa nova.

- Não tenho nem palavras para agradecer. Hoje sem dúvida é o dia mais feliz da minha vida. Agora tenho um endereço. Quero retribuir tudo o que estou recebendo ajudando no nosso condomínio, dando aulas de artesanato para as mulheres, disse Alda, que está se despedindo do barraco de madeira que mora com o marido.

A mudança das famílias será na próxima segunda-feira (1), e será feita pela prefeitura com apoio do Forte Marechal Hermes. Junto com o marido, o montador João Ferreira dos Santos, Esmeralda Barbosa de Oliveira já está com tudo arrumado para ir para a casa nova.

- Eu tinha vergonha até de dizer onde eu morava. Minha casa era um barraco de dois cômodos praticamente dentro do mangue. Estou muito feliz e não sei nem como agradecer à prefeitura por este projeto maravilhoso, disse Esmeralda, que vai dividir a casa também com os dois filhos.

Outro que não escondeu a emoção foi Roberto Carlos da Silva, atualmente desempregado. “Agora minhas duas filhas vão morar em um lugar decente. Minha esposa, que está grávida, também vai ter uma vida melhor. Só tenho a agradecer”, disse Roberto.