Uma aranha caranguejeira gigante, um galo da campina - pássaro típico do Nordeste -, uma jararaca, uma cobra d'água, trabucos, munições de diversos calibres, gaiolas e armadilhas foram apreendidos pela Guarda Ambiental da Prefeitura de Macaé nos últimos dias. Produtos de caça predatória no município, as armas de fogo e os animais silvestres estão na base do órgão, na localidade de Morro Grande.
As rotas do tráfico desses animais já foram traçadas pela Guarda Ambiental. Os guardas passam por treinamentos constantes em matas e morros e fazem o mapeamento das áreas urbana e rural onde há mais registros de caça predatória. Além dos mapas, eles fazem fotografias e vídeos do passo a passo dos caçadores e seus acampamentos, desmontando a estrutura encontrada.
Quando há necessidade, a Guarda conta com o auxílio da Polícia Militar. São 46 agentes, atuando em turnos diários com 11 homens. Alguns animais silvestres apreendidos são levados para a 123ª Delegacia Legal de Polícia Civil e à secretaria Municipal de Ambiente (Sema) que dá o destino adequado a eles. O governo municipal também desenvolve o trabalho de educação ambiental junto à comunidade, principalmente mostrando que é crime com detenção de seis meses a três anos e pagamento de multa de no mínimo R$ 500,00 e máximo de R$ 50 mil, por animal mantido em cativeiro.
A época de lua cheia é a mais propícia para a caça e no município as principais vítimas são capivara, paca, tatu e jacaré cujas carnes são utilizadas no comércio clandestino. Preguiças também são vítimas dos caçadores principalmente em vias quando descem dos morros. Vários desses animais já foram inclusive resgatados pelos guardas.
Dentre o material apreendido estão os trabucos, que são armas de fogo artesanais usadas ilegalmente pelos caçadores, normalmente amarradas em árvores à espera da presa, alçapão (armadilha para capturar pássaros) e caixas para transportar os animais e rede de captura.
O galo da campina, um dos animais resgatados, chama atenção por sua beleza, com penas vermelhas na cabeça e o corpo branco e preto, e também por seu canto clássico. É um animal arisco, tem dificuldade no convívio com humanos e gosta de viver em bandos, nas regiões de caatingas, sendo o verão uma das épocas de sua reprodução, justamente quando foi encontrado confinado numa gaiola na Linha Azul com um canário da terra que já foi solto na natureza.
Como é típico do Nordeste, o pássaro galo será levado de carro pela Guarda Ambiental de Macaé para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas-RJ) e de lá seguirá de avião até seu habitat natural a fim de evitar mais estresse ao animal. Enquanto está na cidade ele está recebendo alimentação adequada e sendo mantido longe dos outros animais. A aranha gigante, com aproximadamente 20 centímetros de diâmetro, foi encontrada viva no estrado de uma cama de uma moradora no bairro Miramar e será levada para o Parque Atalaia.
Em janeiro deste ano a Guarda Ambiental apreendeu oito animais, sendo dois sanhaçus, três filhotes de gambás, uma garça branca, um coleiro e uma jararaquinha encontrada morta numa caixa de bananas e colocada num vidro na base da Guarda para os trabalhos de educação ambiental. No ano passado, 2012, foram 129 animais apreendidos.
Os guardas utilizam até a mata em volta da base, que funciona em área da Pesagro, no antigo Horto, para fazerem os treinamentos de cerco policial, simulação de foco de incêndio, desmonte de acampamento de caças e como manter o domínio nessas situações. Eles passam até quatro horas em matos e morros durante as ações. A Guarda Ambiental é responsável pelo combate à caça também na parte macaense do Parque de Jurubatiba, Lagoa de Imboassica e parte da Reserva da União.
O órgão trabalha ainda com base em denúncias da população que pode colaborar ligando para o celular (22) 9701.9770. Na região serrana, além do Posto Avançado da Guarda Ambiental em Bicuda Pequena, os contatos podem ser feitos no Núcleo da Defesa Civil, pelo telefone (22) 2793.2760.