A visão da América com suas mazelas é o tema de mais uma sessão do ciclo de palestras “Filosofia e Cinema”, realizado por meio da parceria entre o Centro de Estudos Cláudio Ulpiano e a Secretaria de Educação de Macaé. O debate acontece nesta quinta-feira (12), às 18h, no auditório da Cidade Universitária. Para estimular os presentes, será exibido um dos filmes mais controversos do cineasta Dinamarquês Lars Von Trier, “Dançando no Escuro”, estrelado pela cantora Bjork e a atriz Catherine Deneuve.
A palestra “A Tragédia Americana”, com entrada franca, será ministrada pelo doutor em Filosofia pela Universidade de Nice-França e professor de Filosofia da UFRJ, Paulo Oneto. O tema se mostra atraente para professores, estudiosos em filosofia e pesquisadores. O palestrante tem experiência nas áreas de Filosofia, Literatura e Comunicação.
Paulo Oneto é professor de Filosofia e trabalha principalmente com as filosofias de Spinoza, Hume, Nietzsche e Deleuze, com as "identidades culturais" e com a literatura, o cinema e o teatro. Ele dá destaque ainda aos contextos brasileiros e norte-americanos – o modernismo de Oswald de Andrade, Whitman, Melville e aspectos do cinema nos dois países.
O ciclo, que teve início no segundo semestre deste ano, tem atraído cada vez mais cinéfilos, pensadores e a comunidade educacional. Segundo a coordenadora do projeto e diretora do Centro, Silvia Ulpiano, a última sessão do Ciclo, que abordou Ciência e Tecnologia comprovou o interesse dos macaenses pelas sessões.
- As questões relativas à Ciência atingiu em cheio o público presente. A palestra da doutora Tatiana Roque fez com que todos saíssem transformados. Ela falou sobre a invenção da ciência moderna, mostrando a distinção entre o pensamento clássico e o moderno, comentou.
Ela acrescentou o efeito que a ciência produz e suas verdades a partir do isolamento de um problema. Em última análise, Tatiana colocou a ciência num patamar idêntico ao da arte, onde nem uma nem outra teria o privilégio de ser mais verdadeira em suas abordagens do mundo, comentou.
O ideal americano cruelmente desmitificado pelas lentes do diretor dinamarquês
O filme “Dançando no Escuro” tem Selma, interpretada por Björk, como personagem principal. Ela é uma imigrante da Tchecoslováquia, operária numa indústria de utilitários metálicos para cozinha, no norte dos Estados Unidos. Mora de forma simples em um trailer com seu filho Gene, de 12 anos. Por causa de uma doença congênita, também transmitida ao filho, está perdendo a visão. Todavia, sua paixão por musicais hollywoodianos permite que ela fuja dessa dura realidade da cegueira.
Nessa luta e encantamento com a escuridão e sua musicalidade, Selma dribla a todos para conseguir juntar dinheiro para a operação do filho, do qual esconde esse terrível segredo. Os sons da realidade e do sonho dos musicais se cruzam tragicamente, quando ela é acusada de matar um vizinho e roubar-lhe o dinheiro.
É este contraste entre o universo fantasioso do musical e a tragédia do melodrama o veículo escolhido pelo diretor Lars Von Trier para mais um ataque frontal aos EUA, o qual fora antecedido por Dogville, Manderlay e Querida Wendy. A visão que Von Trier tem da América não é das mais bonitas: a terra da liberdade é a terra da crueldade, desumanização, preconceito e ganância. “Filme e debate prometem uma grande experiência visual e filosófica” garantiu Sílvia.