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Três talentos na Biblioteca Pública Municipal

06/09/2006 18:15:12 - Jornalista: Alexandre Bordalo

Estar no lugar certo, na época certa, fazendo a coisa certa. Este é o sentimento de três funcionários da Biblioteca Pública Municipal Dr. Télio Barreto. É que eles são poetas, contistas e romancistas, além de cursarem faculdades de Letras. Rosane Machado de Carvalho, 36 anos, (poesia), Felipe Reyes de Castro, 25, (conto e romance) e Carla Pereira da Silva, 23, (poesia e conto) convivem diariamente com obras literárias dos outros, mas podem ter o privilégio de também serem autores.

Rosane

Os trabalhos de Rosane estão gravados em computador e distribuídos em cadernos. Poetisa por vocação, ela justifica isso citando Drummond: “a poesia está cá dentro”. Ela ainda voa para a metafísica dizendo: “Creio que Deus nos guia a pastos verdejantes”, Salmo 23,2. “Amo estar na equipe da Fundação Macaé de Cultura, onde se pensa, fala e transpira cultura”, enfatiza.

Entre seus poemas encontra-se “Caminho”, segundo o qual a pensadora diz que “há tudo na vida, há um caminho... Quando se tem nos pés a certeza do chão... E quando se planta no chão a semente do amor. Se o melhor da vida é viver, de nada vale a vida sem amar! E se tudo tem um tempo e um caminho, é melhor não perder tempo e caminhar”.

Ela diz que no trabalho a inspiração flui sem muito esforço, pois o contato com as pessoas, o carinho e incentivo dos colegas e o fato do espaço ser um mundo cheio de muita leitura a ajudam significativamente na elaboração de seus textos poéticos. Rosane cursa o quarto período de Português – Literatura, na Fafima.

Felipe

Com as nacionalidades chilena e brasileira, Felipe começou a escrever com 15 anos de idade. Hoje, tem dois livros de contos, intitulados “Relatos de Mundos Esquecidos” e “Jamais Verei a Primavera”. Seus dois romances são “Quando Cai a Noite” e “A Jornada do Cavaleiro”. “Estou participando de concursos literários no Sesc – RJ, com o objetivo de conseguir publicação posteriormente”, avisa.

Estudante da Faculdade de Letras da UFF - Niterói, onde cursa o segundo período de Espanhol e Português, o jovem trabalha, lê muito, escreve e viaja bastante. No conto “Jamais Verei a Primavera”, ele utiliza sua criatividade para contar a história (drama fantástico) de uma menina, chamada Cláudia, que envelhece um ano a cada dia. Ela pensa que a doença não tem cura, foge de casa e procura viver o máximo possível.

Carla

- Escrevo quando quero, quando dá vontade. Não tenho muito compromisso com isso. Não planejo o que vou escrever. Às vezes, guardo desejo, imaginação, ruído ou descoberta. Depois os desdobro. Nunca sei aonde vai dar, é uma combinação repentina – avalia a jovem, que cursa o sexto período de Português – Literatura, na Fafima

Carla escreve poemas e contos. Tenta fundir os dois estilos numa coisa só. Seus autores preferidos são Clarisse Lispector, Jeanette Wintersow e Carlos Drummond de Andrade. Entre seus trabalhos está: “Urgência”, no qual avisa que “as palavras depositadas anseiam tudo expressar: coisa, pessoa, vício, desejo e nódoa. Vestígio. Virando-as ao avesso. É ainda a língua obscura, maleável, precisa e imprecisa, pois se há urgência de proximidade, de alheamento, de tudo ou do escuro. Escorrem do corpo (fragmentos). Escondem no corpo. Omissas. Ardem”.