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Troca de identidades é atração desta quinta-feira no Circuito de Cinema e Filosofia

07/10/2010 16:10:34 - Jornalista: Clinton Davisson

Dando seqüência a sua programação de filmes e palestras na Cidade Universitária o Circuito de Palestras de Cinema e Filosofia apresenta nesta quinta-feira (7), o filme “Profissão: repórter” do diretor italiano Michelangelo Antonioni que morreu em julho de 2007, aos 92 anos. O diretor deixou uma obra admirada no mundo todo da qual “Profissão: repórter” é um dos filmes mais admirados e cultuados. O filme será exibido às 19h no auditório Claudio Ulpiano na Cidade Universitária de Macaé.

Logo após, será feita a palestra “Drama da objetividade” pelo professor Paulo Domenech Oneto que é doutor em literatura comparada pela University of Georgia; doutor em filosofia pela Universidade de Nice-França; e professor adjunto da ECO – UFRJ. Segundo Paulo, o cinema Antonioni traz elementos comuns que estão presentes neste filme: a questão das relações entre a banalidade cotidiana e o lugar do desejo e a questão do modo como as situações-limite da vida possibilitam uma reconsideração dos “fatos objetivos” que constituem nossa existência.

“O primeiro elemento que salta aos olhos neste filme de Antonioni é uma possível discussão em torno do tema da identidade pessoal. Assim, somos confrontados com um jornalista (David Locke) exercendo sua profissão na África, enviado a um país desconhecido para cobrir um acontecimento político. Desgastado física e, sobretudo, emocionalmente, Locke aproveita a ocasião da morte de seu vizinho de quarto para assumir outra identidade civil. A decisão tem sérias conseqüências em virtude das atividades revolucionárias do homem morto. Locke deve agora fugir, mas sua fuga tem os ares de um processo de subjetivação”, explica.

O professor destacando também a produção, que tem o multi-oscarizado ator Jack Nickolson no elenco, aborda a questão da identidade ser deslocada pouco a pouco para uma discussão acerca da chamada “objetividade”. “Não se trata tanto – como dizia Alberto Moravia logo após o lançamento do filme – de um drama da existência autêntica, que só poderia se colocar fora dos códigos sociais; mas sim – como tentarei mostrar – de um drama sobre a dificuldade de se afirmar o desejo, encarado como elemento fundamental na constituição da objetividade”, completa o professor.

O diretor Ingmar Bergman uma vez disse que admirava alguns dos filmes do Antonioni por serem desinteressados e algumas vezes visionários. Os seus filmes tendem a ter muito poucos planos e diálogos, e muito do tempo é gasto em longas e lentas sequências, como uma sequência contínua de dez minutos em The Passenger (como o filme foi chamado nos Estados Unidos).