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Índios são da tribo Pataxó, a que recepcionou Pedro Álvares Cabral
Os visitantes da Feira Internacional de Artesanato (Interart/Macaé) serão recepcionados por integrantes da mesma tribo que teve contato com Pedro Álvares Cabral, na chegada ao Brasil, há mais de 500 anos. Dois deles já estão na cidade; Jupará Pataxó, 38 anos e Xoha Pataxó, 28 anos. Ambos são oriundos da Aldeia Coroa Vermelha, de Santa Cruz de Cabrália, localizada no Sul da Bahia.
De acordo com o organizador do evento, Oswaldo de Almeida Júnior, o intuito é disseminar a cultura indígena, dando oportunidade aos visitantes de admirar e comprar as artes deste povo. “Todos serão recepcionados pela cultura de raiz. A Tribo Pataxós é estimulada pelo fluxo turístico, principalmente de Porto Seguro (BA), onde se desenvolvem atividades artesanais”, disse Oswaldo ressaltando que os índios já fizeram a recepção de outras feiras, como a de Araçatuba (em São Paulo).
Jupará conta que a tribo pataxó ganhou uma trágica notoriedade após o assassinato do índio Galdino Jesus dos Santos, em 1997, que era líder do povo Pataxós. Ele dormia em uma parada de ônibus em Brasília quando delinquentes de classe média atearam fogo ao seu corpo, alegando que o confundiram com um mendigo.
- Sempre fomos muito massacrados. O homem branco já escravizou muitos índios. Depois da morte do nosso líder, nós começamos a lutar pelo nosso direito. Somos muito unidos e trabalhamos pelo sustento um dos outros - , explicou o índio, informando que a aldeia concentra mais de seis mil e oitocentos índios.
Durante a Interart, os índios estarão localizados na entrada da feira, com direito a ornamentação a caráter. Eles não farão a exposição dos produtos em estandes, como de costume. Os Pataxós estarão expondo os artesanatos indígenas em ocas. Assim, todos terão a sensação de “fazer parte do meio”, de se sentir numa aldeia de verdade.
- Nós trouxemos arco e flecha; colar de sementes, plumária, esculturas em madeira, cestaria, armas, tecelagem e etc. Estaremos vendendo nossos produtos para levar caiambá (dinheiro) para o sustento de nossos kituki (crianças) - , disse Jupará.
Macaé vai se transformar na Capital Nacional do Artesanato e da Cultura, no período de 10 dias. A Interart 2012 começa no próximo final de semana, entre os dias 31 de março e 08 de abril, no Centro de Convenções Jornalista Roberto Marinho, o Macaé Centro.
O evento já é um sucesso em Araçatuba. Os organizadores do evento estão preparando os detalhes deste o ano passado. Desde a última sexta-feira (23), os estandes já começaram a ser montados.
Ao todo, 22 países e 15 estados brasileiros já confirmaram presença. Trezentos expositores e 150 estandes farão parte do cenário do evento que irá movimentar o setor hoteleiro, já que estão sendo esperados 60 mil visitantes, no período.
O presidente do Macaé Convention Visitors Bureau, Marco Navega aposta no evento. “Está prevista a participação de vários países, de cinco continentes, e de diversos estados brasileiros. A expectativa é de que a Feira atraia mais de cinquenta mil visitantes nesta edição e deveremos ser vistos por mais de quatro milhões de espectadores no Brasil e no Mundo”, garantiu Navega.
Para a artesã, Carla Zulo Araújo, proprietária do Atelier Feito a Mão este tipo de evento é importante porque as feiras de médio e grande porte se concentram em São Paulo. “Sediar um evento como este é trazer para toda a região o grande potencial econômico que hoje é o artesanato. Estas feiras hoje proporcionam um contato direto entre fornecedor e lojista, como também a utilização correta dos materiais por parte do consumidor final”, observou Carla, que trabalha há 18 anos no ramo.
Na póxima quarta-feira (28), a partir das 10h, os organizadores do evento, junto com os índios, farão uma caminhada pelo Calçadão da Avenida Rui Barbosa, convidado toda a população para visitar a Interart. A entrada para a feira vai custar R$ 5. O evento tem o apoio da prefeitura de Macaé.