Foto: Arquivo Kaná Manhães
Evento será realizado pelo terceiro ano consecutivo
Contado de diferentes maneiras desde o seu nascimento, que pode ter sido no Rio de Janeiro ou na Bahia, o fato é que desde que o samba é samba faz parte da cultura e da história do povo carioca e fluminense e tem até uma data reservada no calendário nacional: 2 de dezembro, que é o Dia do Samba. Como acontece desde 2008, o município de Macaé vai comemorar o dia levando para as ruas o Caminhão da Alegria, projeto idealizado pelo presidente do Núcleo de Resistência dos Amigos do Samba Macaense (Nursam) e Ouvidor Geral do município, Décio Braga, e será realizado pelo terceiro ano consecutivo.
Como o samba é dinâmico e une as pessoas por sua versatilidade, neste ano, o Dia do Samba estará recheado de novidades. Em referência ao momento histórico com uma mulher eleita presidente do país, o Caminhão da Alegria, que é transformado em botequim com roda de samba no gogó e no pé, vai homenagear algumas mulheres do município pelo destaque nesse estilo que é tradição. Além disso, haverá uma homenagem surpresa e a presença do Grupo da Terceira Idade, que vai acompanhar o Caminhão da Alegria no histórico ônibus flechinha do Sistema Integrado de Transporte (SIT).
A cantora Amanda Amado, da Banda Arte 1, que carrega o samba nas suas raízes, vai participar da roda que também contará com um sambista consagrado, cujo nome está sendo definido porque depende de parceria neste sentido. A programação começou a ser definida na primeira reunião realizada, nesta quinta-feira (4), na sede da Liga Independente das Entidades Carnvalescas de Macaé (Liecam).
Os participantes resolveram ainda que, pela primeira vez, o Caminhão da Alegria vai ter duas paradas em bairros diferentes, com concentração, às 13h, na Praça Washington Luís, no centro da cidade, próximo à Câmara Municipal de Vereadores, e saída às 13h30 para percorrer as principais ruas da cidade, voltando à praça às 17h. Lá haverá duas tendas armadas com 50 cadeiras para convidados que vivem o samba no dia a dia.
Este ano, o evento está sendo organizado por Valdir Junior, integrante do Nursam e ouvidor adjunto do município, devido a problema de saúde de Décio Braga. No entanto, mesmo à distância, Décio tem dado o suporte necessário para a comemoração do Dia do Samba em Macaé e está acompanhando tudo de perto, assim como o seu trabalho à frente da Ouvidoria do município, que tem ligação direta com a população por meio do portal da prefeitura: www.macaej.rj.gov.br. O seu empenho é tão grande que ele participou desta primeira reunião na Liecam por meio de conferência em viva voz pelo celular.
- O Caminhão da Alegria é um projeto que tem continuidade graças à participação das pessoas comprometidas com o samba e que vem sendo fomentado por nossos parceiros. É uma forma de reverência à comunidade tradicional desse ritmo que nunca morre em Macaé, incluindo as agremiações carnavalescas e as rodas de samba. Tudo isso é possível a partir da paixão e trabalho de Décio Braga que ama o samba e a cidade de Macaé e conta com apoio total de quem vivencia esse estilo no cotidiano, destaca Valdir Junior.
Ele lembra que Décio Braga está desenvolvendo outros projetos de samba no município, como o Ziriguidum, uma oficina de percussão para crianças, em fase de implantação, além de ter criado o Samba de Diretoria, o Nursam e outros trabalhos.
O Caminhão da Alegria tem apoio de vários parceiros, além da Liecam e SIT: Intersea Ambiental, Associação Comercial e Industrial de Macaé (Acim), TV Litoral – Canal 21, Sistema Firjan (Sesi/Senai), Cerveja Devassa (distribuidor local Rodrilagos), Shopping Plaza Macaé, e prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Turismo, Esporte e Lazer, Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico (Fumdec), Fundação Macaé de Cultura, Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Subsecretaria de Comunicação Social, vinculada à Secretaria Municipal de Governo.
Participaram da reunião na Liecam, Valdir Júnior, o presidente da Escola de Samba Princesinha do Atlântico, João Batista (o Tiê); o presidente da Liecam, José Carlos Antonio (o Dica); a presidente da Escola de Samba Castelo Imperial, Ana Cláudia Rocha Davi; Amilcar Aurich e Ruy Sérgio Torres Souza, ambos membros do Nursam; Antonio Taveira e Bruno Paes, respectivamente, chefes das divisões de Saneamento e de Alimentos da Vigilância Sanitária.
Um pouco de história
Como a origem do samba, a data também tem controvérsias. O dia 2 de dezembro foi inicialmente declarado Dia do Samba no antigo Estado da Guanabara, em 1962, após leitura da Carta do Samba escrita pelo folclorista Edson Carneiro, no encerramento do 1º Congresso Nacional do Samba, e no município de Salvador (BA). Só depois passou a ser comemorado em várias partes do Brasil.
No entanto, o dia foi oficializado em 1964, por aprovação de projeto de lei do então deputado estadual do Rio de Janeiro Anésio Frota Aguiar. O dia escolhido seria uma alusão à data anual de início dos ensaios das escolas de samba para o Carnaval, então definida pela Confederação Brasileira das Escolas de Samba.
Em Salvador tem outra história: o Dia do Samba foi comemorado pela primeira vez em 2 de dezembro de 1963, já com decreto oficial, proposto pelo vereador soteropolitano Luís Monteiro da Costa. Segundo contam os baianos, a escolha da data é uma homenagem ao dia da primeira visita à Bahia do mineiro de Ubá Ary Barroso, que teria ocorrido em algum dia 2 de dezembro (não sabem de que ano) logo após ter escrito duas composições sobre a Bahia, mesmo antes de conhecê-la.
Há várias titulações para o samba carioca, entre elas: samba de raiz, samba de terreiro, partido alto e samba enredo, como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, com inscrição no Livro de Registro das Formas de Expressão, aprovada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão colegiado da estrutura administrativa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em solenidade realizada no Rio de Janeiro com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.