Alunos de teatro tem aula em praça pública

31/10/2018 14:59:00 - Jornalista: Andréa Lisboa

Foto: Bruno Campos

Dez alunos da Escola Municipal de Artes participaram da intervenção urbana

A Praça Veríssimo de Melo, no Centro de Macaé, na noite desta terça- feira (30), foi palco para alunos de duas turmas do Curso Técnico de Teatro da Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (Emart). Foi a primeira vez que uma aula da disciplina ‘Corpo e Teatro Épico’, ministrada pelo Doutor em Ciências Sociais pela PUC-Rio com especialização em Antropologia do Corpo e Mestre em Políticas Sociais, Paulo Emílio Machado de Azevedo, foi feita fora do espaço acadêmico. Nesta quarta-feira (1º), o professor viaja a Paris, onde, em Lyon, na França, lançará o seu mais recente livro ‘Um corpo e uma voz – a cidade como obra de arte’, durante a Jornada de Estudos Literários.

O propósito é a prática de laboratório diante de plateias em movimento, cujo resultado é o próprio processo de criação. A aula corresponde ao enceramento deste ano letivo para os formandos da turma de 2018, e contará ainda com a integração de ex-alunos que se formaram no curso de Teatro, em 2016 e 17.

Conforme explica o professor Paulo de Azevedo, a aula uniu o conceito de “Cidade como obra de arte” à perspectiva do corpo como agente no teatro épico, compondo uma série de ações que se relacionam com os elementos que a cidade dispõe, em especial ao desenho urbano arquitetônico. “Os textos vão surgindo a partir dos movimentos, das imagens, dos transeuntes; as palavras vão sendo construídas livremente neste processo”, assinala o professor.

Segundo ele, em espetáculo de intervenção urbana há o elemento surpresa. "O inesperado é o que faz ser diferente do que é feito em um palco. Então, podemos explorar o potencial criativo da cidade. As pessoas que andam sempre aceleradas indo para algum lugar passam a ser instrumentos para a criação. É também um meio para voltarmos o olhar ao lugar por onde todos passamos cotidianamente, mas sem percebê-lo de fato. Cada vez mais a gente se afasta dos que cruzam por nós na rua. Um dos nossos objetivos é propor esta aproximação e esta reconexão", explica Paulo.

Muitos transeuntes foram indiferentes aos exercícios que eram propostos aos alunos na praça. Alguns, entretanto, observavam atentamente e consideraram a proposta necessária para a sociedade como um todo. O grupo chegou a receber aplausos. Mas foram os dez estudantes os que mais aprovaram esta experiência nova.

A aluna Joselma Souza, 52, moradora do Mirante da Lagoa, está há dois anos no curso, mas antes disso, havia frequentado workshops ministrados pelo professor Paulo, além de terem trabalhados juntos. Joselma, que é professora de Educação Física, busca levar para as suas aulas as técnicas de expressão corporal aprendidas nas aulas de Teatro da Emart, além da música. “O que apresentei nesta aula foram gestos resultantes de um tempo de pesquisa sobre uma pessoa desconhecida, mas que a vejo com frequência. Esta busca é um estímulo para mim e o ambiente urbano não me inibiu, ao contrário foi um bom exercício não me deixar influenciar por estímulos externos. Gostei muito”, destaca.

Hélia Cássia, 31, analista de logística e já atriz na peça ‘Além da tecnologia, as princesas em minha casa’, apresentada no Teatro Popular de Rio das Ostras, destacou o trabalho do professor. “O realismo é o diferencial destes exercícios fora da sala de aula. Foi incrível. Isso se deve à coordenação do professor, que tem tanto a nos oferecer, mas nos conduz com simplicidade. Assim, nos sentimos seguros e livres para criar”, frisa.


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