Cientista político Emir Sader participa de debate na Cidade Universitária

O cientista político Emir Sader participou na terça-feira (14), na Cidade Universitária, de um debate promovido pela Secretaria Municipal de Educação, por meio do Centro de Extensão Acadêmica (Centrex) da Fundação Educacional de Macaé (Funemac). Após a palestra, Sader, que é diretor do Laboratório de Políticas Públicas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), lançou o seu livro "O Brasil - Entre o Passado e o Futuro".

Essa palestra foi a primeira de um ciclo elaborado pelo Centro de Extensão Acadêmica. A prefeita de Macaé, em exercício, Marilena Garcia, participou da mesa de debate. “É um privilégio para Macaé, município há anos impactado pela exploração de petróleo e gás, receber o professor, cientista político, Emir Sader, para colaborar com discussões que podem contribuir para políticas públicas locais. A Cidade Universitária é o espaço para debates e reflexões que alavanquem o crescimento econômico e social do município”, disse.

Emir Sader, doutor em Ciência Política, enfocou os avanços e as pendências do governo brasileiro nos últimos anos comparativamente a governos anteriores. “O Brasil está mudando a sua forma de pensar e já é capaz de escolher governos que sejam para todos”, afirmou. Ele destacou que, apesar do país ser um dos que apresentam maior desigualdade no mundo, esse índice vem diminuindo.

Em sua análise, isso ocorreu porque o atual governo soube, apesar de ter encontrado o país com uma alta dívida pública e inflação, conciliar diversos conflitos. “Mesmo na crise mundial, o governo manteve suas políticas sociais e os empregos, conservando a capacidade de consumo baixando impostos”, explica. Outro item apontado foi o fato do país ter conseguido sustentar o comércio com diversos países durante a crise.

O professor defendeu que o papel social do Estado deve ser o de acolher aqueles que não são absorvidos pelo mercado, em geral por falta de qualificação por ter antecipado seu ingresso no mundo do trabalho. “O Estado é para todos; o mercado é para quem pode. O mercado é aquele que concentra a renda; o Estado deve ser aquele que distribui”, destaca. Sader defendeu melhorias no transporte público, construção de moradias populares, saneamento básico e educação pública de qualidade como prioridades de Estado.

Ele também elencou as pendências do país: os monopólios do dinheiro, da terra e da informação. O professor criticou o capital especulativo, ainda grande no país, que não gera riquezas, nem emprego e que é favorecido pela taxas de juros altas. Esse deveria ser substituído pelo capital produtivo. Também apontou os agronegócios, que utilizam transgênicos, como um grave problema. “Ainda existe uma enorme concentração de terras em grandes empresas e o país não é autossuficiente em alimentos e tem trabalhadores sem-terra”, comentou.

Além disso, fez crítica às grandes empresas privadas de comunicação, financiadas pela publicidade de grandes firmas e que formam a opinião pública. “O presidente tem 80% de apoio popular, mas não tem apoio da imprensa”, destaca. Ele também apresentou duas prioridades para o país: acabar com o analfabetismo e constituir um parlamento majoritário progressista que dê suporte ao governo.

Depois da palestra, o professor respondeu a perguntas da plateia e lançou seu livro. "O Brasil - Entre o Passado e o Futuro" reúne ensaios de atores da cena política e intelectual brasileira que buscam assimilar e analisar as intensas transformações ocorridas no Brasil nos últimos sete anos. Ao debate, que foi mediado pelo coordenador do Centro de Extensão Universitária e Sociedade (Centrex), Antônio Felipe Gonçalves, estiveram presentes: o secretário de Ciência e Tecnologia, Guto Garcia; o diretor da Faculdade Pública Municipal Miguel Ângelo da Silva Santos (FeMASS), Francisco Carlos Gomes; o vereador Danilo Funke; a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Macaé, Andréa Meirelles; professores e estudantes universitários e alunos do curso de Pós-Graduação em Gestão Pública Municipal da Funemac.