Memória e patrimônio na preservação da identidade cultural brasileira foi o tema da palestra que abriu na noite de terça-feira (30) o “1º Encontro Macaé em fontes primárias: escravidão, cultura e sociedade”. O prefeito Riverton Mussi, que participou da apresentação, parabenizou a equipe da secretaria de Acervo e Patrimônio Histórico (Semaph) – criada nesta administração – pelo trabalho de resgate histórico que está em processo no município.
O encontro, que prossegue nesta quarta e quinta-feira, mostrará os resultados da pesquisa desenvolvida em parceria com a Universidade Salgado de Oliveira – Universo, por meio do Programa de Pós Graduação em História (PPGH).
Convidada especial do evento, a historiadora Mary del Priore fez algumas reflexões sobre o tema, destacando a mudança de modelo que vem favorecer nos dias de hoje a preservação e a proteção do patrimônio histórico e cultural, e a construção de novos conhecimentos. “Não podemos nos basear no antigo modelo que trazia para o poder público a responsabilidade por tudo. A responsabilidade deve ser compartilhada. O que está na vanguarda são as parcerias entre poderes público e privado, e a comunidade”, ressaltou.
Professora da Universidade Salgado de Oliveira, Mary Del Priore trouxe sugestões para o encontro, como a composição de uma agenda cultural onde constem atividades relacionadas ao patrimônio, à cultura e à memória da cidade, citando Parati e Petrópolis como exemplos de sucesso. Nos caminhos necessários a percorrer, ela listou: manter a comunicação aberta, inovar, compartilhar responsabilidades e custos, ser realista nas questões de tempo e disponibilidade das pessoas envolvidas, assegurar compromissos de longo prazos, planejar o futuro e, finalmente, celebrar o sucesso.
Um dos componentes da mesa, o coordenador do PPGH da Universidade Salgado Filho, Jorge Prata de Souza, fez menção ao projeto Macaé em fontes primárias lembrando que o acervo resultante deste projeto deve ser socializado e distribuído principalmente para o professorado, visando à democratização do conteúdo. Ele lembrou que no início da pesquisa era impossível dimensionar a quantidade e a qualidade do material que seria encontrado. “No primeiro momento fizemos um trabalho formiguinha, que constou de atividades como coleta, recuperação de documentos, higienização, fotografia até chegar à digitalização do acervo”, relatou, completando que foi preciso também qualificar os funcionários da Semaph para a realização do trabalho.
Dois vídeos produzidos pela secretaria de Comunicação Social foram mostrados na abertura do evento. Um deles apresentou fotos de paisagens e atividades que ilustram os versos do Hino de Macaé, de autoria de Tonito Parada. O outro mostrou aos presentes imagens que fundamentam o lema da prefeitura: Desenvolvimento para todos. Convidado a ocupar a cadeira do prefeito Riverton, que precisou retornar ao gabinete, o secretário de Comunicação Social, Romulo Campos destacou a preocupação da atual administração com o passado do município. “Valorizar as ações da Semaph é dignificar e dar uma dinâmica à história de Macaé”, disse.
O secretário de Acervo e Patrimônio Histórico, Ricardo Meirelles, aproveitou o momento para citar algumas ações de sua pasta que reforçam o trabalho de resgate histórico empreendido pela prefeitura, entre elas, a publicação de dois livros de Tonito Parada que, embora fosse professor de Biologia e de Química, é reconhecidamente o principal historiador do município. Durante os dias de quarta e quinta (31/1º), a equipe que participa do projeto apresentará ao público os resultados da pesquisa através de palestras sobre temas que desvendam a memória local e regional dos séculos XVIII, XIX e XX, tendo como fontes registros jurídico-cartoriais e eclesiásticos primários.
PROGRAMAÇÃO
Dia: 31/10 17:00/18:00 horas
- Comunicações Coordenadas. Coordenação: Ana Lúcia Nunes Penha- Professora da Rede Municipal (Uned) e Coordenadora de História da SEMED Maria da Conceição Vilela Franco (Mestranda do PPGH – Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO) A morte conta a vida: os cemitérios como lugares da memória macaense Kelly Ferreira (Graduação em História – UNIVERSO) Os escravos da Fazenda de Macaé e suas relações parentais em 1775 Maria Ortelia Moraes (Graduação em História – UNIVERSO) A escravidão em Macaé e suas brechas: análise de um processo-crime de 1886 Josane Rodrigues Boechat (Mestranda do PPGH – Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO). Tráfico e contrabando de escravos no município de Macaé - 1830 a 1860
9:00/22:00 horas. - Mesa redonda: Igreja Católica, irmandades e sociabilidades Márcia Amantino (PPGH – Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO) Macaé nos séculos XVII e XVIII: ocupação e povoamento Roberto Guedes Ferreira (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – Campus Nova Iguaçu) Macaé em Fontes Paroquiais Cláudia Rodrigues (PPGH – Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO) e Maria da Conceição Vilela Franco (Mestranda do PPGH – Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO) Notas sobre a presença e a atuação da Igreja católica na Antiga Macaé Anderson José Machado de Oliveira (Cap/UERJ) Devoção e hierarquias sociais: irmandades e elite macaense no oitocentos
Dia: 1/11 09:00/12:00 h – Mesa redonda: Escravidão e Liberdade Márcia Amantino (PPGH – Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO) A escravidão e os quilombos em Macaé no século XIX Ana Lucia Nunes Penha (Professora da Rede Municipal (Uned) e Coordenadora de História da SEMED) Liberdade outorgada: limites do abolicionismo em Macaé Márcio de Sousa Soares (FAETEC-RJ) Alforrias e Perfilhação na Macaé escravista: novas possibilidades de pesquisa em fontes cartoriais e paroquiais (século XVIII e XIX )
Encerramento
Paulo Knauss (Laboratório de História Oral e Imagem e Departamento de História da UFF Diretor-Geral do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro Macaé, usos e sentidos do passado