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Exposição no Solar dos Mellos vai até dia cinco

24/04/2006 09:36:18 - Jornalista: Alexandre Bordalo

A exposição de esculturas “Bumba-Meu-Boi – Uma Interpretação no Barro” poderá ser visitada pelo público até o próximo dia cinco. Quarenta trabalhos de arte da escultora Liduína Leite Araújo, conhecida como Liara, estão no Solar dos Mellos, Museu da Cidade de Macaé, todos os dias da semana, das 10h às 18h, na Rua Conde de Araruama, 248, Centro. A mostra está sendo organizada pela secretaria de Acervo e Patrimônio Histórico (Semaph).

Para fazer o trabalho, ela viajou por diversos estados do Nordeste, onde aprofundou-se nos costumes, indumentárias, músicas e personagens da história do Bumba-Meu-Boi. “Foram cinco anos de pesquisa”, conta a artista.

Liara já realizou esta mesma exposição na galeria Antonio Bandeira, convidada pela Fundação de Cultura e Turismo de Fortaleza; no Museu Homem do Nordeste, em Recife, e em ocasião do Seminário de Arte e Artesanato, em Teresina. Ela conta que visa com a exposição transmitir a cultura do Bumba-Meu-Boi. Algumas de suas peças já foram vendidas para americanos, ingleses e franceses. Pessoas do Maranhão, Pernambuco e São Paulo também adquiriram obras da artista, cujos valores estão acima de R$ 800. “Não tive patrocínio para realizar as viagens e desenvolver as pesquisas”, justifica. Este trabalho está registrado no Catálogo do Museu Homem do Nordeste e foi assunto de diversas reportagens de jornais e revistas nordestinos.

Cada personagem da história do Bumba-Meu-Boi foi esculpido unicamente. “Não faço obras em série. Todas são feitas manualmente e em cerâmica”, diz Liara, acrescentando que há 25 anos nesta arte não utiliza forno ou forma. Atualmente ela mora em Macaé. Veio de Fortaleza onde viveu por muito tempo. Em agosto, vai expor sobre o cangaço, no Museu de Arte e História do Estado do Rio de Janeiro, em Niterói.

No Solar dos Mellos – Museu da Cidade de Macaé – acontecem exposições, oficinas, manifestações artísticas, palestras, projeções de vídeo, seminários, informações históricas e workshops. Informações nos telefones 2759-5049 e 2763-2396.

A História do Bumba-Meu-Boi

No Brasil, o bumba-meu-boi teve início no estado do Piauí, no final do século XVIII, em meio a pessoas ligadas à pecuária. Cada personagem tem uma função. A encenação teatral nas cidades dos estados nordestinos tem duração de seis a oito horas. Tem origem em Portugal, onde há a lenda do Boi de Tourinhas.

A história foi assimilada por negros e índios no Brasil. A lenda acontece com casal de escravos (Catirina e seu marido, o nego Chico). Ela fica grávida e pede ao esposo que lhe traga uma língua de boi para comer. Ele rouba o boi de seu patrão, o dono da fazenda onde vivem.

O boi adoece. Seu dono toma conhecimento do acontecido e prende nego Chico. Durante a encenação aparecem os personagens como vaqueiros, diabo, Jaraguá e outros, inclusive o pajé – representante dos indígenas – faz ritual para a cura do animal. A temática envolve os temas amor, natureza e religiosidade. Após a morte e ressurreição do boi, acontece uma verdadeira festa, com instrumentos como zabula, tambor-onça, matraca, pandeirão e outros. Materiais e personagens desta lenda encontram-se esculpidos, nos trabalhos de Liduína Leite Araújo.