Com o objetivo de tornar mais simples o atendimento a crianças vítimas de vio-lência, o Hospital Público de Macaé (HPM) realiza, nesta sexta-feira (10), às 10h, a segunda palestra do par sobre o tema. Participarão o pediatra Rafael Vicente, do HPM, o psicólogo Renê Vinícius Ferreira e o procurador do Ministério Público do Trabalho Wilson Prudente.
Durante o evento, pretende-se debater formas de integrar o hospital a outros ór-gãos responsáveis por crianças vítimas de violência (como o Conselho Tutelar e as Varas da Infância e da Juventude) e, desta forma, agilizar o cuidado destinado a elas. Segundo o pediatra Vicente, caso a palestra seja como a primeira, ocorrida duas semanas atrás, o protocolo deve ser concluído com êxito: “A participação e a assimilação foram além das expectativas”, comenta.
– Queremos implementar um protocolo de atendimento que reduza a burocracia no atendimento às crianças vítimas de violência. Apesar de ser relativo ao HPM, nada impede que ele possa ser discutido com outras instituições em qualquer outra região – diz Vicente. Segundo ele, todas as formas de violência serão debatidas, incluindo a exploração do trabalho infantil – situação que, de acordo com o procurador Wilson Prudente, autor de um livro sobre trabalho escravo, ainda é bastante comum no estado do Rio de Janeiro.
Ele afirma que o caso é mais grave em áreas rurais e cidades pequenas, onde a fiscalização é menor. “Podemos dizer que, em empresas, praticamente não existe mais a exploração do trabalho infantil devido às inspeções realizadas pelo Ministério Público do Trabalho e as Delegacias Regionais do Trabalho. No entanto, ainda há muitas crianças trabalhando como autônomas, várias vezes com a co-nivência dos pais”, conta, citando os vendedores de balas em sinais de trânsito e os menores que se prostituem. “Toda pessoa pode e deve denunciar o trabalho infantil pelo telefone (21) 3212-2000”, completa.
– O principal dano causado pelo trabalho às crianças é tirar delas a infância. Elas perdem o direito às horas de lazer quando estão fora da escola e, durante as aulas, o rendimento é prejudicado. Muitas vezes, só permanecem estudando para receber dinheiro de projetos sociais, como o Bolsa-escola, que no momento têm sido um dos principais instrumentos para a erradicação do trabalho infantil – diz Prudente, observando ser necessário apenas um rigor maior na concessão de tais bolsas.